A cidade do Funchal voltou a encher-se de visitantes.
Com dois navios de cruzeiro na pontinha do Funchal, a baixa da cidade encheu-se ontem de turistas. Logo pela manhã eram muitos os que circulavam de um lado para o outro de máquina pendurada ao pescoço. Ontem os italianos destacavam-se de entre os turistas, pela quantidade dos que passeavam pela baixa. Fomos falar com os turistas para conhecer as razões para voltarem à Madeira, depois dos acontecimentos de 20 de Fevereiro. E recolhemos vários depoimentos: o destino continua a ser seguro, o processo de reconstrução está a ser rápido e a ilha mantém-se muito bonita. Todos com quem falámos elogiaram a atitude e os trabalhos de recuperação.
Os turistas que estão na Madeira elogiam os trabalhos de recuperação da cidade e, além de sentirem que o destino continua a ser seguro, mantêm a vontade de regressar à ilha.
Ontem de manhã, a cidade voltou a encher-se de turistas. Inglês, italiano, dinamarquês e alemão eram apenas alguns dos idiomas que se ouviam pela baixa do Funchal. Com o sol a brilhar de quando em vez, mas a temperatura ainda a exigir um agasalho, muitos turistas circulavam de um lado para o outro, registando fotograficamente o que viam, fossem monumentos ou as paisagens mais emblemáticas da cidade.
O casal Jensen não estava de máquina na mão quando o abordámos na subida da Avenida Zarco, junto ao Quartel General, mas subia descontraidamente, apreciando a paisagem em redor.
Os Jensen, naturais da Dinamarca, estão na Madeira pela segunda vez, depois de a terem visitado há dois anos.
O casal assistiu pelos “media” à devastação que o temporal de 20 de Fevereiro provocou. «Mas ouvimos também que três dias após a tempestade já muito tinha sido limpo», contrapôs o dinamarquês, que, ainda assim, esperava ter encontrado um grau de destruição «muito superior» ao que viu quando chegou para as férias de duas semanas.
Finn Jensen é engenheiro civil e congratula as autoridades por terem agido imediatamente após o temporal, reduzindo os efeitos da catástrofe.
Os Jensen sentem-se «muito seguros» e gostam da Madeira. Não desistiram de visitar a ilha, mesmo sabendo que iriam «encontrar alguma lama». A Madeira é o priomeiro destino que o casal mais de uma vez.
Um pouco mais abaixo, quase junto à Avenida do Mar, a equipa de reportagem do JM encontrou duas senhoras inglês, que preferiram permanecer no anonimato. O ano passado já tinham visitado a Madeira por uma semana. Porque gostaram, voltaram a marcar viagem para este ano, ainda antes do temporal. Como a BBC deu «pouca informação» sobre o sucedido, não sabiam exactamente o grau de destruição. Recorrendo a outras fontes, tiveram um conhecimento mais aproximado. E como já tinham pago a viagem, decidiram vir por duas semanas.
As duas dizem-se «surpreendidas com a devastação» que vieram encontrar, mas destacam também as referências elogiosas que lhes têm chegado sobre o processo de reconstrução.
Ken Fenwick também é natural do Reino Unido. Fenwick estava com a esposa no cais do Funchal, olhando para as centenas de milhares de metros cúbicos de entulho retirado da baixa da cidade a partir de 20 de Fevereiro.
É a quarta vez que os Fenwick visitam a ilha, nos últimos dez anos. «Nós lemos sobre o que se passou e ficámos com dúvidas sobre a nossa vinda, mas nós percebemos, pelo que lemos, que os trabalhos de recuperação estão a acontecer muito rapidamente».
Além disso, o casal tem amigos que já visitaram a Madeira após o temporal e que lhes disseram que a maior parte do que tinha sido destruído já estava recuperado. «Por isso, não tivemos dúvidas de que seriam umas férias tão boas como as anteriores», disse, garantindo que voltarão em próximas oportunidades a esta ilha que continua a ser «segura».
Depois de cancelamentos e sem reservas devido ao temporal
Normalidade nos hotéis está a voltar
Depois de vários cancelamentos e de um período longo sem novas reservas devido ao temporal que atingiu a Madeira, o hotel Royal Savoy voltou a receber novas «reservas esta semana», disse ontem Graça Guimarães, directora-geral do grupo.
Para esta Páscoa, o “Royal” tem uma taxa de ocupação de 95%, sendo a maioria ingleses, mas havendo também finlandeses e portugueses.
«Logo após o temporal, tivemos imensos contactos de clientes que estavam para chegar e que queriam saber efectivamente como estavam as coisas», explicou Graça Guimarães, ao estação de rádio PEF.
«Apesar de assegurarmos que estava tudo bem e de que na zona turística nada tinha sido afectado, a intempérie provocou «muitos cancelamentos».
Além disso, as «reservas pararam».
«Nós notámos que houve uma baixa tremenda em relação ao ritmo normal das reservas para o mês de Abril», referiu a directora-geral ao PEF.
Porém, a situação começa a mudar e «nesta última semana as reservas tornam a surgir, embora mais lentamente».
Também o Grupo Bay está a sentir os efeito do temporal de Fevereiro.
«Nós, na Páscoa, estavamos habituados a estar praticamente cheios, este ano vamos atingir os 82%, 83% de ocupação», disse Antonio Trindade, realçando, no entanto, que para a Festa da Flor os hotéis do grupo estão «praticamente cheios».
António Trindade diz que Abril será um mês «bom», mas costuma ser o melhor do ano, defendendo que, para voltar aos números do passado, seja feita uma campanha «promorcional agressiva».
Os que optaram por visitar a Madeira por estes dias deverão desfrutar de agradáveis condições climatéricas, uma vez que, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, é esperada até domingo uma temperatura do ar a rondar os 20 ºC. Não deverá chover na costa sul da Madeira, apesar de estar prevista nebulosidade.
Nos próximos dias, o tempo não reserva surpresas na Região. Vamos continuar com alguma nebulosidade, podendo haver forte nebulosidade a norte, onde até podem ocorrer alguns aguaceiros.
Raquel França sobre a Páscoa
Directora do Turismo espera taxa de 65%
A directora regional do Turismo, Raquel França, diz que os últimos dados apontam para que a ocupação hoteleira se fique pelos 65% esta Páscoa.
«Nós fizemos uma sondagem e (a taxa de ocupação) estava nos 61%. Recebi outra feita pela ACIF que subia para os 62%», começou por explicar a directora regional, que não entanto espera rever em alta estes números, visto ter a informação dos hoteleiros de que continuam a surgir reservas.
Assim, Raquel França admite que a ocupação suba para 65%, o que corresponde a um decréscimo de «9% a 10%», quando comparado com o período homólogo do ano passado.
A directora regional diz que este resultado pode ser lido como um valor «positivo», se atendermos às especiais condições da actual conjuntura, decorrentes não apenas do temporal de 20 de Fevereiro mas também da crise internacional que já vinha atingindo o sector do turismo em muitas partes do mundo.
Raquel Franca destaca também o comportamento positivo do mercado, na medida em que a partir das últimas duas semanas as novas reservas voltaram.
Por estes dias, os turistas que nos visitam são portugueses do continente, devido à onda de solidariedade. Os estrangeiros vêm dos mercados tradicionais, ou seja, Inglaterra, Alemanha, França, entre outros.
Apesar de a Páscoa dar um sinal, a Festa da Flor será o evento que trará este mês mais turistas à Madeira.
ACIF apela aos turistas para comprarem no centro
Só há quatro dias a sapataria “Mimo” reabriu as portas, depois do temporal de 20 de Fevereiro ter provocado um prejuízo de 90 mil euros, no qual está incluído 90% do “stock”.
A sapataria “Mimo” é um dos poucos estabelecimentos localizados no final da Rua dos Tanoeiros, que faz perpendicular com a Rua da Alfândega, que já voltou à actividade. A maioria dos vizinhos mantém-se em obras, umas mais avançadas do que outras.
«Isto está muito difícil», disse o proprietário da loja, João Óscar Pinto, que após a reabertura está a vender muito pouco, talvez porque muitos clientes não saibam que a “Mimo” voltou a abrir.
O proprietário beneficiou dos 2.500 euros dados pela Câmara Municipal e agora espera pelas verbas «prometidas» a fundo perdido. João Óscar Pinto espera por essas verbas, porque investiu na loja contando que as receberia.
O presidente da Associação de Comércio e Indústria do Funchal (ACIF), Duarte Rodrigues, quer aproveitar o «potencial» que as enchentes de turistas na Páscoa e na Festa da Flor e por isso a associação tem passado a «mensagem no exterior» de que, já que vêm à Madeira, façam compras no centro e ajudem os empresários que «tanto precisam», disse Duarte Rodrigues.
«Julgámos que todas as mensagens são importantes para ajudar a revitalizar um pouco o comércio no centro da cidade e simultaneamente queremos, de alguma maneira, dizer uma palavra de esperança aos nossos empresários, que bem merecem», referiu Duarte Rodrigues, que insiste em realçar o «grande esforço» feito por muitos empresários para terem as suas lojas o mais rapidamente possível abertas.
A compra na baixa «seria uma forma de compensar esse esforço», disse o presidente da ACIF, que espera que haja essa sensibilidade nestas mini-férias da Páscoa e na Festa da Flor.
Além disso, Duarte Rodrigues destacou que o projecto «Mais Comércio» vem também ao encontro do objectivo dos comerciantes em aumentarem as suas vendas. O projecto consiste em analisar individualmente cada estabelecimento e adoptar um conjunto de medidas para potenciar as vendas. Actualmente, 64 empresas estão no projecto. Em Setembro esta formação termina, iniciando-se outra com igual número de (outros) empresários.
Refira-se que o temporal de 20 de Fevereiro provocou um prejuízo de 100 milhões de euros no comércio. O processo de inventariação que a ACIF iniciou logo após o desastre deverá terminar em meados deste mês e deverá confirmar os 100 milhões de prejuízos estimados, disse Duarte Rodrigues.
«Isto está muito difícil», disse o proprietário da sapataria “Mimo”, João Óscar Pinto, que após a reabertura do seu estabelecimento está a vender muito pouco, talvez porque muitos clientes não saibam da reabertura da loja, na Rua dos Tanoeiros.
DN Madeira
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