Operador turístico Soltrópico estuda ligação directa semanal entre os dois arquipélagos
A Cabo Verde constitui um destino de férias apetecível para muitos madeirenses, porém os custos de viagem onerados, sobretudo, pelas escalas, demove essa opção no calendário das férias.
O arquipélago de origem vulcânica, constituído por 10 ilhas, nove das quais habitadas, está localizado na zona sub-sahariana, com um clima árido, a 640 quilómetros do Senegal.
A média anual raramente é superior a 25 °C e não desce abaixo dos 20 °C. A temperatura da água do mar varia entre 21 °C em Fevereiro e 25 °C em Setembro.
As ilhas de Cabo Verde têm poucos recursos, mas os mais relevantes são a agricultura e a pesca. O Produto Interno Bruto (PIB) é produzido, em sua maior parte, pelo sector terciário.
Portugal tem fortemente cooperado e ajudado Cabo Verde a nível económico e social, o que resultou na indexação de sua moeda, o escudo cabo-verdiano, ao euro, (um euro equivale a 100 escudos cabo-verdianos) e no crescimento de sua economia interna.
O operador turístico Soltrópico colocou a promoção da Madeira em destaque, mormente pela realização da Festa da Flor a meados deste mês, potenciando igualmente Cabo Verde como um destino de férias para os madeirenses.
A ligação aérea directa em voo semanal entre a Madeira e aquele arquipélago, com duração inferior a três horas, é uma possibilidade que pode ser concretizada já a partir de Maio.
A ideia foi revelada ao JORNAL da MADEIRA pelo Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, numa fase em que aquele país africano apresenta uma nova aposta no turismo, como forma de alavancar a economia local.
«Espero que venham mais madeirenses ao nosso país, pois estamos estudar a possibilidade de o operador turístico Soltrópico realizar um voo directo entre o Funchal e as ilhas do Sal ou Boa Vista», revelou o Chefe de Estado cabo-verdiano. «O apelo que deixo é que venham apreciar as nossas belezas naturais, o sol e, sobretudo a simpatia, boa música e gastronomia que temos. Aqui vão encontrar um ambiente muito agradável, acolhedor e atractivo».
Pedro Pires dirigiu-se sobretudo aos madeirenses que habitualmente procuram destinos de praia e sol, numa viagem de curta duração, que não vai além das três horas, quer para o Sal, quer para a Boavista, ilhas dotadas de boas unidades hoteleiras e com grande potencial turístico.
Tal como referiu «precisamos que venham e que conheçam porque estamos fortemente interessados no desenvolvimento do turismo e a Madeira tem uma experiência turística de séculos, de modo que é uma referência para nós que vamos procurar conhecer melhor».
Além das ilhas do Sal e da Boa Vista, Cabo Verde apresenta atractivos em São Vicente, nomeadamente na sua cidade Mindelo, centro económico do barlavento cabo-verdiano. A proximidade a Santo Antão (50 minutos de viagem em “ferry” do Armas), permite diversificar o destino àquela que é a ilha mais a norte do arquipélago, colonizada pelos madeirenses no séc.XVI e onde permanece viva essa influência, nomeadamente a construção de socalcos e levadas, além de manter a produção de cana-de-açúcar, do grogue (aguardente) e do mel.
Cabo-verdianos solidários com a Madeira
O Presidente da República de Cabo Verde, em declarações ao JM, transmitiu uma mensagem de solidariedade às entidades regionais e à população madeirense afectada pelo temporal de 20 de Fevereiro.
«Aos madeirenses, deixe-me dizer que nós somos solidários, perante a tragédia que assolou a Madeira», declarou o Chefe de Estado cabo-verdiano.
Na óptica de Pedro Pires, a recuperação da Madeira «vai depender do esforço e do empenhamento de cada um», mostrando-se convicto de que «nestes momentos de dificuldades normalmente os povos multiplicam as suas energias e os madeirenses vão fazê-lo no sentido de ultrapassar o problema em muito menos tempo do que o previsto».
Segundo Pedro Pires, o trabalho encetado pelo Governo Regional e pela população na recuperação da Madeira, logo após o temporal, constitui um bom exemplo para responder às dificuldades impostas pela natureza que algumas vezes afecta o arquipélago cabo-verdiano. As secas prolongadas e depois os períodos de cheias, tornam a tarefa árdua naquele país.
O Presidente da República de Cabo Verde espera poder ainda no actual mandato visitar a Madeira, «arquipélago de referência turística secular que importa conhecer».
Pedro Pires foi primeiro-ministro de Cabo Verde até 1991 e em 2001 substituiu António Mascarenhas Monteiro na Presidência da República, cumprindo actualmente o segundo mandato.
«Um dia terei de visitar a Madeira, como presidente ou somente como Pedro Pires, pois essa é uma lacuna que pretendo resolver», afirmou.
Jornal da Madeira
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não serão aceites comentarios de anonimos