Para além da gala “ Uma Flor para a Madeira”, o call center representado por pessoas conhecidas ajudou a arrecadar mais dinheiro para a ajuda à Madeira
“Uma flor para a Madeira”, assim se intitulou a gala da SIC que se realizou apenas uma semana após o temporald e 20 de Fevereiro e que angariou cerca de 890 mil euros. O cheque desta iniciativa foi ontem entregue na Madeira pelo presidente da SIC, Francisco Pinto Balsemão, numa iniciativa que decorreu numa unidade hoteleira do Funchal e que contou a presença do presidente do Governo Regional, alguns secretários regionais,do vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, do presidente da Câmara do Funchal e muitas outras entidades da Madeira.
Pinto Balsemão foi o primeiro a usar da palavra para referir que a tragédia que aconteceu no último dia 20 de Fevereiro na Madeira veio pôr em relevo dois aspectos que considera positivos. Um deles tem a ver com a confirmação de que os madeirenses são «gente rija, gente determinada».
A resposta das autoridades da Madeira e da sociedade civil madeirense, das suas múltiplas associações, e do povo da Região em geral, foi «imediata». O Governo, as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia e as instituições de todo o tipo souberam dar a Portugal um exemplo de notável capacidade de reacção e de organização «perante os gravíssimos danos pessoais e materiais provocados pela violência das chuvas e das inundações».
A cerimónia de entrega de cheques às instituições ASA e ADBRAVA - que vão receber 445 mil euros cada- foi aproveitada por Pinto Balsemão lembrar aquela que foi a tarefa da SIC. Para além daqueles que na Madeira, no próprio dia, começaram a encontrar soluções provisórias para as centenas de desalojados- a SIC começou a preparar um programa para angariar ajuda para a Região, tendo concretizado esse objectivo no fim-de-semana seguinte.
«Louvor para os madeirenses que mais uma vez, em circunstâncias adversas, souberam ripostar com ânimo, pela positiva. Levantaram a cabeça, enxugaram as lágrimas, cerraram os dentes e mostraram estar à altura do desafio terrível e injusto que lhes era lançado pela Natureza», disse Pinto Balsemão numa cerimónia que registou um directo para aquele canal de televisão que realizou a gala “Uma Flor para a Madeira”.
«Afinal, a palavra solidariedade, com tudo o que significa de ajuda expontânea, de entrega, de dádiva, não está tão desgastada como poderá pensar a legião de cépticos que infelizmente continua a proliferar em Portugal», adiantou Pinto Balsemão.
A realização desta cerimónia-que decorreu no hotel The Vine, no Centro Comercial Dolce Vita- representou para a SIC «um grande orgulho». «Não estamos aqui para nos exibirmos, nem para nos agradecerem. Estamos aqui para prestar contas», defendeu Pinto Balsemão, o qual disse esperar que o Funchal e a Ribeira Brava recuperem mais depressa.
Já à margem da cerimónia de entrega dos donativos à Madeira, Pinto Balsemão foi confrontado com algumas questões relacionadas com a política nacional e com as situações de alegada promiscuidade entre grupos de comunicação social e partidos políticos ou áreas ideológicas. Sobre estas questões, recusou-se a pronunciar-se dizendo apenas que a SIC é de independente. Mercedes Balsemão,presidente da SIC Esperança, também usou da palavra para enaltecer a onda de solidariedade que a gala suscitou.
«Um agradecimento sentido!»
Até ontem, a ASA, instituição de solidariedade social que abrange todas as freguesias do Funchal (à excepção do Monte), só tinha recebido uma quantia de mil e 500 euros
«Vamos tentar recuperar as casas que foram destruídas (79 estão totalmente danificadas e mais de 500 estão em recuperação) a 20 de Fevereiro. O donativo é muito importante», disse Francisco Castro aos jornalistas momentos antes de receber o cheque de 445 mil euros que iria caber à associação de que preside e quando não sabia ainda qual o total da verba entregue pela SIC Esperança.
Quando se preparava para assistir à cerimónia, Francisco Castro lamentou que a ajuda, até ao dia de ontem, pouco ou nada tenha passado das promessas.
«Ontem (anteontem), recebemos cerca de mil e 300 euros de um grupo de emigrantes na Austrália. Neste momento e sem contar com a verba da SIC, temos 1561 euros», referiu, para logo admitir que a verba é «muito pouco para os problemas existentes». Já durante a cerimónia da SIC, Francisco Castro deixou a garantia de que o dia de ontem «foi importante para a cidade do Funchal e será um marco inesquecível para aqueles que querem construir o futuro».
Nivalda Gonçalves, da ADBRAVA, por seu lado, também usou da palavra para recordar «o trabalho feito durante as primeiras horas para ajudar todos aqueles que foram afectados pelo temporal». Nessas primeiras horas, surgiu também, «o desafio da SIC Esperança».
«Pela rapidez da vossa iniciativa e pelo grandioso espectáculo conseguido, foi com grande emoção e esperança que vivemos cada momento da gala “Uma flor para a Madeira”», afirmou Nivalda Gonçalves.
Os agradecimentos à SIC estenderam-se à toda a população portuguesa.
Porque a ADBRAVA é uma associação do concelho da Ribeira Brava, um dos mais afectados pelo temporal de 20 de Fevereiro, Nivalda Gonçalves não deixou de lembrar a destruição enorme que atingiu aquele município.«Precisamos de unir todos os esforços para a reconstrução», defendeu a representante da associação constituída em 2009.
«Recuperação que demorará mais é a psicológica»
O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava marcou presença na cerimónia de entrega dos donativos resultados da gala “Uma flor para a Madeira”, da SIC. Uma gala que foi apresentada por Fátima Lopes e João Manzarra e da qual resultou uma verba significativa para ajudar na construção da Região.
Ainda antes de ter início esta cerimónia, o autarca disse aos jornalistas que aquele concelho- largamente fustigado pela intempérie- está a responder bem à reconstrução. «Estamos a trabalhar tanto na rede viária, como na rede de saneamento básico, como na rede de águas», referiu. O realojamento das pessoas está praticamente completo. Agora, segundo Ismael Fernandes, «é preciso definir tudo o que é preciso fazer no concelho para que a normalidade regresse». Ou seja, é preciso construir novas casas, reconstruir as parcialmente danificadas e apoiar psicologicamente as pessoas afectadas.
«Depois há o problema da canalização da ribeira e o problema da estrada que vai ligar a Serra D`Água à Meia Légua mas esse é um problema que depois resolver-se-á. A vida tem que continuar e o que vai durar mais o seu tempo é a recuperação das pessoas ao nível psicológico», admitiu Ismael Fernandes.
Alberto João Jardim realça coesão nacional
«Um grande muito obrigado a todos», foram estas as primeiras palavras de Alberto João Jardim quando usou da palavra na cerimónia de entrega do cheque de 890 mil euros e cuja verba vai ser distribuída, em igual valor, pelas associações de solidariedade ASA e ADBRAVA.
O presidente do Governo Regional aproveitou a ocasião para referir que há a ideia de que a comunicação social serve para determinados objectivos. «Está aqui um exemplo do que é, numa sociedade não só democrática, mas sobretudo humanizada, o papel de uma empresa que tem uma organização de solidiariedade social- presidida pela doutora Mercedes Balsemão- e que para além de todas as actividades profissionais que se concretizam no grupo, tem estas actividades de ajuda ao próximo», afirmou o chefe do Executivo madeirense.
Para Alberto João Jardim, este é um exemplo de que as actividades económicas podem deixar de apenas se cingir ao que é o seu objectivo estatutário e se dedicarem ao auxílio às pessoas». A ocasião foi ainda aproveitada para o presidente do Governo Regional regojizar-se com a escolha feita pela SIC em relação às instituições que vão receber 445 mil euros cada para ajudar a recuperar a Madeira.
«Os três objectivos estão em curso. O objectivo de reconstrução, o objectivo de realojamento e o objectivo de reabilitação da economia. E tenho a certeza que estas duas associações vão se cingir rigorosamente dentro destes três grandes objectivos definidos», considerou o presidente do Governo Regional.
Agradecendo a todos os portugueses, o apoio que tem sido dado à Madeira, Alberto João Jardim recordou que, às vezes, são os momentos maus que mostram a união de um povo. «Não foi só o povo madeirense. Foi todo o povo português que reagiu com este sentido de solidariedade, com este sentido de coesão nacional que reagiu com este sentido de acção».
Assim, o presidente do Governo manifestou a opinião de que não há muitas razões para pessimismos para que todo o Portugal arregace as mangas e vá para a frente mudando o país.
A presidente da SIC Esperança afirmou que a iniciativa “Uma Flor para a Madeira” poderia ter rendido um milhão de euros se não fosse o IVA. Mercedes Balsemão contou que a gala foi pensada na terça-feira, dia 23 e, no domingo, estava no ar. «Foi a gala mais comovente que já passou na SIC. Tivemos os melhores artistas nacionais e todos os contactados responderam gratuitamente», garantiu
Jornal da Madeira
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