Recuperação irá para concurso durante o mês de Maio; Na Portela será construída uma lagoa nova e no Juncal uma barragem
As obras de recuperação da lagoa do Santo da Serra deverão ser iniciadas no final do Verão, prevendo-se que a mesma esteja pronta em Agosto do próximo ano, a tempo de aproveitar as águas de Inverno para encher. A notícia foi avançada ao JORNAL da MADEIRA pelo presidente da empresa de Investimentos e Gestão da Água (IGA), que adiantou que em princípio a obra irá para concurso durante o mês de Maio.
Pimenta de França refere que a lagoa do Santo «chegou ao final da vida útil» e que «tem de sofrer uma remodelação completa». Além disso, embora a sua recuperação já estivesse prevista, essa necessidade persiste agora ainda mais, dado que esta infra-estrutura foi fortememente afectada pelas intempéries que assolaram a Região. Tal como explicou o nosso interlocutor, e como podemos constatar pela foto, a lagoa está neste momento praticamente em terra devido aos temporais. Primeiro, os ventos fortes verificados no dia 22 de Dezembro do ano passado arrancaram as telas da lagoa. Agora, o temporal de 20 de Fevereiro veio acentuar ainda mais os estragos já causados. Por esta mesma razão, a lagoa não irá funcionar este ano.
Ainda assim, o presidente da IGA frisa que à custa disso não irá faltar água, tendo em conta os trabalhos de aumento das aduções à própria lagoa que foram feitos. É que, recorda o responsável, a lagoa tinha uma determinada capacidade que nunca foi atingida porque a mesma apresentava problemas de roturas – chegava a um certo nível e não enchia mais. Mas, acrescenta, «mesmo que enchesse, também não havia como transportar mais água».
Por isso, explicou que o trabalho que foi feito na zona de Santa Cruz e de Machico à volta da lagoa consiste na criação de uma origem alternativa à própria infra-estrutura, que é a lagoa das Águas Mansas, na Camacha, e um sistema de interligação entre esta e a do Santo, que já está feito, bem como a ampliação da única origem que até então prevalecia para a lagoa do Santo da Serra, que é a Levada da Serra do Faial, que foi remodelada para duplicar a sua capacidade de transporte.
Assim sendo, Pimenta de França afirma que «neste momento nós podemos fazer obras na lagoa, porque vamos ter mais água na Levada da Serra do Faial e temos a origem alternativa nas Águas Mansas». «Podemos fazer a obra sem prejudicar o regadio» e, por outro lado, «podemos fazê-la porque já temos como colocar lá mais água, uma vez concluída».
Por outro lado, será construída uma nova lagoa na Portela, a qual, segundo o nosso interlocutor, também estará concluída no verão do próximo ano.
Barragem do Juncal
a concurso este ano
Os investimentos no sector da água irão abranger também a construção de uma barragem no Juncal, nas vertentes a sul do Paúl da Serra, uma obra que irá para concurso ainda este ano - cujo projecto está praticamente concluído – e que Pimenta de França acredita que também será possível concluir no próximo ano.
O responsável adianta que esta infra-estrutura irá contribuir directamente para reforçar o sistema de regadio agrícola da Ribeira Brava e de Câmara de Lobos e, indirectamente, para o reforço do regadio da Ponta do Sol. Além disso irá ainda contribuir para reforçar o abastecimento público da Ribeira Brava, Câmara de Lobos e Funchal. O presidente da IGA explica que «as águas da barragem serão injectadas na Levada das Rabaças, daí seguirão para a Serra d’Água, serão previamente turbinadas na Central Hidroeléctrica da Serra d’Água e, a partir daí, entram em dois canais: o lanço sul do Canal do Norte, que serve o regadio da Ribeira Brava e parte do regadio de Câmara de Lobos, e irão entrar no Sistema de Aproveitamento de Fins Múltiplos dos Socorridos e serão desviadas para o Estreito de Câmara de Lobos, para o sítio do Covão». Uma vez aí, acrescentou, «serão tratadas e injectadas no sistema de abastecimento público do Covão ou derivadas para regadio também naquele ponto, ou então seguem através do sistema dos Socorridos para uma estação de tratamento de água no Funchal e são injectadas no abastecimento do Funchal, podendo seguir para Santa Cruz».
Questionado sobre em quanto estão orçadas estas três obras (recuperação da lagoa do Santo, construção da da Portela e construção da barragem do Juncal), o nosso interlocutor referiu que neste momento «há uma incerteza relativamente grande na lagoa do Santo da Serra, porque nós ainda não concluímos o projecto», já que este tem a ver com resultados de sondagens que, nalguns casos, «entendo que devemos repetir agora». Em todo o caso, afirmou que a totalidade destas obras será de aproximadamente 15 milhões de euros.
Nova lagoa na Ponta do Pargo
O presidente da empresa de Investimentos e Gestão da Água adiantou que será construída uma nova lagoa na Ponta do Pargo, associada à Levada da Calheta – Ponta do Pargo, que irá servir o regadio agrícola daquela zona.
Segundo Pimenta de França, a mesma está em fase de elaboração de projecto e de negociação dos terrenos para a sua implementação. O responsável afirma que a mesma está mais atrasada que as restantes, porque todo o processo se iniciou mais tarde, mas, ainda assim, diz que no final de 2011 a lagoa poderá ser uma realidade, ou então no primeiro trimestre de 2012.
Pimenta de França lembra que neste momento «estamos envolvidos em trabalhos de urgência imperiosa, porque está em questão a segurança e a satisfação de necessidades básicas das populações» - o abastecimento de água, pelo que «as reparações da Valor Ambiente não se enquadram nessas condições, e, portanto, não são obras urgentes, porque nada está em causa».
Prejuízos de 600 mil euros na Valor Ambiente
Embora de dimensão muito mais reduzida do que nas áreas do regadio agrícola e do abastecimento público, o temporal de 20 de Fevereiro também causou alguns prejuízos no que concerne ao sector dos resíduos.
De acordo com Pimenta de França, o valor dos danos causados na Valor Ambiente foi de aproximadamente 600 mil euros. Mesmo assim, o responsável diz que os prejuízos foram «pontuais» e «não colocaram em causa a normalidade do tratamento e do envio a destino final».
O nosso interlocutor referiu que apesar de haver instalações situadas junto a ribeiras, como é o caso da Meia Légua e do Porto Novo, as mesmas mantiveram a sua integridade, embora tivessem de parar algum tempo, sob o ponto de vista operacional. «Tanto na Meia Légua quanto no Porto Novo, que são ecopontos e instalações de transferência, não havia propriamente serviço de recolha municipal nesses dias da intempérie. Portanto, as instalações pararam apenas por essas razões. Mas danos de monta não houve, quando comparado com aquilo que aconteceu no abastecimento público», adiantou.
No que se refere à recuperação dos estragos, Pimenta de França lembra que neste momento «estamos envolvidos em trabalhos de urgência imperiosa, porque está em questão a segurança e a satisfação de necessidades básicas das populações» - o abastecimento de água. «As reparações da Valor Ambiente não se enquadram nessas condições, e, portanto, não são obras urgentes, porque nada está em causa», acrescentou.
Jornal da Madeira
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