Autodidacta, Cristina Camacho faz peças decorativas para a Páscoa por uma questão de respeito.
Data: 04-04-2010
Cristina Camacho, natural e residente no Caniço é uma autodidacta da decoração. "As pessoas dizem que não têm jeito para certas coisas. Isso não é verdade. Eu nunca tive jeito para artes quando estava na escola mas hoje faço peças de decoração com grande facilidade. Sou uma autodidacta da decoração".
É assim que esta professora de francês do 3.º Ciclo (leia-se do 7.º ao 9.º ano), em São Vicente, inicia uma conversa quase informal com a Revista MAIS, que decorreu na Galeria de Arte da Casa do Povo do Caniço, onde fala daquele que é o seu passatempo favorito: desenhar e confeccionar peças decorativas. A evolução das peças que produz, muitas delas verdadeiras peças de arte, segue as quadras que o calendário civil define. Tal como o Natal, o mesmo sucede na Páscoa. "Vejo a Páscoa como uma altura importante da vida dos madeirenses. Faço trabalhos de decoração por causa disso. Faço questão de decorar parte da casa para celebrar a Páscoa. É como um elogio a uma das épocas mais importante vividas pelos católicos". Como curiosidade, fez questão de montar para a MAIS uma mesa alusiva à Páscoa, que bem podia ser encontrada num qualquer lar madeirenses. Na companhia da filha, Margarida Camacho, de 8 anos, incansável colaboradora da mãe, Cristina Camacho, mostrou duas ovelhas feitas de tecido, três coelhos da páscoa feitos à mão, uma galinha de feltro, quatro galinhas que servem de recipientes para chocolates, um cesto com ovos da páscoa e outros dois coelhos feitos de massa-fino. Em tom de brincadeira, ficámos a saber que a coelha está 'prenhe' e vai ter alguns "coelhinhos no Domingo de Páscoa". A mesa atinge a perfeição com a introdução de duas velas e um ramo de flores. A filha, que não pára quieta, faz questão de querer ficar com um exemplar de cada peça concebida. A mãe, com paciência, explica-lhe que isso não é possível. Ficam as fotos a preservar a memória desta artista.
Passatempo com duas décadas Com 35 anos, Cristina Camacho está perto de comemorar as bodas de prata do início deste 'hobby'. Iniciou-o há cerca de 20 anos, "não por obrigação, mas por gosto". "Se me perguntar se na escola eu tinha jeito para artes, respondo-lhe que não. Mas consegui desenvolver o jeito para fazer estas peças. Não gosto de fazer as coisas por obrigação, geralmente não gosto que as pessoas me dêem indicações para as peças. Prefiro fazer à minha maneira e depois colocar à venda". Por esta razão tem pavor de encomendas. "Se as pessoas me pedirem, eu faço à mesma, mas sinto que não sai tão bem como se eu tivesse a fazer as coisas por inspiração. Sinto maior pressão e as peças não me saem tão bem também porque cada pessoa tem um gosto diferente". Exemplo disso é que raramente faz uma peça em tons laranja. Não gosta da cor, não por razões partidárias, mas porque teve uma má experiência, que não quis contar, com uma peça de roupa dessa cor.
A maioria das peças de decoração concebidas são vendidas com muita frequência na Feira 'Made in Caniço', que se realiza no segundo domingo de cada mês. Das vendas não se queixa. "Tem alturas em que vendo melhor e outras em que é mais difícil de vender, mas geralmente vendo bem. Pena é que muita gente desconhece a realização dessa feira. Acho que há pouco divulgação, por isso há pouca gente por lá. A feira já tem três anos e ainda há muita gente que não sabe que existe". Professora contratada consecutivamente há 12 anos, Cristina Camacho já teve os seus produtos em exposição na loja do Museu Etnográfico da Ribeira Brava. Teve de os retirar da loja quando foi transferida para São Vicente. A 10 de Abril próximo, esta autodidacta volta a expor as suas peças de arte na Feira 'Made in Caniço', no Largo da Igreja, no Caniço.
DN Madeira
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não serão aceites comentarios de anonimos