sábado, 10 de abril de 2010

Geringonça mostra Madeira em flor








A Associação de Animação Geringonça vai levar 180 elementos a desfilar no Cortejo da Flor, a maioria dos quais, crianças. Será o penúltimo grupo a sair no desfile ficando a abertura, como sempre, a cargo do decorador madeirense João Egídio.
Em declarações prestadas ao JM, Xavier Barros, presidente da direcção explicou que “preparar este cortejo é mais complicado que o do Carnaval porque vão mais pessoas e crianças, o que exige um cuidado redobrado em termos de logística”. Um dos segredos para fazer andar o projecto é haver um pouco de “carolice” e “ir sabendo lidar com as pessoas”.
Os elementos que vão participar comparticipam com uma percentagem, por forma a compensar a enorme despesa que é organizar um desfile com esta envergadura.
Xavier Barros tem gosto em receber as pessoas mas reitera que a verba cedida pela Secretaria Regional do Turismo e Transportes não dá para tanto, além do tempo que é preciso para confeccionar os fatos, sapatos e adereços
O responsável salienta o esforço que estas pessoas fazem após um dia de trabalho para irem ensaiar mas sublinha que “vale a pena”. Todos os anos, a Geringonça fica sempre com uma lista de espera, sobretudo, crianças. Só o grupo permanente ronda as 150 pessoas, abrem depois 20 a 30 vagas.
Destaca, também, o trabalho de bastidores e o esforço da equipa desde Fernanda Rodriges, número dois da direcção, passando pelo coreógrafo, costureiras e demais colaboradores. “É assim que a Geringonça tenta brilhar, todos os anos, o melhor possível”, frisou, advertindo: “Faça como nós, divirta-se”.

“A minha terra
Madeira em flor”


Paulo Marques, coordenador do projecto e membro da direcção confessou que as ideias surgem quando “chego a casa e começo a pensar o que vou fazer a partir do tema, depois começo a fazer um apontamento e vejo qual é a ideia mais viável ao nível de adereços, pormenores e de custos, principalmente”.
O tema proposto pela Secretaria Regional do Turismo e Tranportes para a edição deste ano da Festa da Flor é a “Terra”. A Gerigonça escolheu o sub-tema “A minha terra Madeira em flor”. O objectivo é “enquadrar a Madeira no planeta terra”, explicou Xavier Barros. Esta ligação é feita com as crianças, as flores e o ambiente. O grupo vai levar no desfile um pouco de tudo o que é regional. O casal de abertura vai representar a estrelícia, logo depois um grupo de bailarinos vai representar os jarros, seguido de um casal que fará jus aos sapatinhos, seguido do carro alegórico.

Pedro Garcia
dá voz à Geringonça





O carro alegórico fará a representação de um grande quadro típico madeirense, a descida do Monte em carro de cesto. Uma rampa com o carro de cesto compõe o cenário onde segue, também, o cantor ao vivo que vai entoar uma música original, uma das grandes particularidades da Geringonça. A música é de António Barbosa e a letra é da autoria de Sofia Relva. O tema será interpretado por Pedro Garcia, o jovem madeirense que participou no programa da TVI “Uma canção para ti”.
O segundo carro alegórico, além de servir de suporte aos aparelhos de som, surge com uma jovem acompanhada por crianças seguindo a sequência do carro principal. Atrás do carro alegórico vem uma ala com rosas (12-14 anos), seguida da ala das margaridas com 42 meninas (5-8 anos), proteias (8 casais), hortênsias (raparigas) e a ala das mães - as raparigas que levam as “orquídeas” pela mão.
Existe, ainda, uma ala “especial”, com quatro casais que vão representar o girassol. É composta por jovens do estabelecimento de ensino de Educação Especial da Quinta do Leme, acompanhados por duas técnicas. As meninas são viloas e os meninos os vilões sendo o objectivo representar o mais possível a Madeira. Vão calçados com a tradicional bota de vilão.
Para a edição deste ano, a Geringonça vai trabalhar, pela primeira vez, com dois coreógrafos, Dina Freitas e Paulo Marques. Os dois carros alegóricos vão repletos de flores naturais. Todos os elementos vão, também, levar arranjos de flores naturais na cabeça. Terão que ser feitos na noite que antecede o cortejo para que as flores se mantenham frescas para sairem à rua.

“O melhor são as vivências”


Paulo Marques, membro da direcção da Geringonça e coordenador do projecto para o Cortejo da Flor é quem desenha os fatos, os arranjos e a decoração do carro alegórico. Para que tudo corra bem, destaca a grande ajuda que tem das colegas e a rápida aprendizagem e entusiamo que revelam. Para Paulo Marques, “o melhor do Carnaval e da Festa da Flor são estas vivências, nem é o próprio dia do cortejo, é o tempo que passamos aqui, a trabalhar, a conversar e a rir”, confessou. “Energia, arranjamos sempre, temos o resto do ano para descansar”, exclamou, soltando uma gargalhada. Há nove anos que colabora na Geringonça mas já anda nestas andanças há 17 anos tendo feito parte da Caneca Furada. Este fim-de-semana vai ser bastante agitado, com ensaios a se prolongarem até bem perto da madrugada. Amanhã, vai ter lugar o último ensaio de rua, no parque do Tecnopolo. A noite do próximo sábado, vai ser, também, de muito trabalho para fazer os arranjos de flores naturais, quer para os carros quer para os penteados.

Projecto exige dedicação

Fernanda Rodrigues
colabora há cerca de 20 anos com a Associação Geringonça. Já confeccionou centenas e centenas de fatos. É responsável por tirar as medidas de todos os elementos que participam nos cortejos, para depois entregá-las às restantes costureiras. Depois dos fatos estarem talhados, faz a prova dos mesmos em cada elemento e devolve às costureiras para terminarem. Fernanda Rodrigues também faz alguns adiantando que “na última noite antes do cortejo, geralmente a equipa fica aqui para fazer os últimos acertos”. Confessa que, por vezes, não é fácil ir de encontro ao desenho e do tecido que o autor do projecto apresenta. Mas quanto aos fatos para o Cortejo da Flor deste ano considera que “estão a ser fáceis” tendo reiterado que é uma festa “mais trabalhosa porque há tecidos difíceis de trabalhar como a seda”. Os fatos das crianças, apesar de serem mais pequenos, também dão muito trabalho. Nestes dias “deixamos de ir a casa de familiares para estarmos aqui de corpo inteiro”, apontou.

“Não me sinto cansada”Ida Soares é uma das colaboradoras da Associação de Animação Geringonça. Todos os anos trata dos arranjos para o Cortejo da Flor, o que “exige um certo jeito e tempo”, referiu à nossa reportagem, ao mesmo tempo que fazia colagens. Aproveita sempre o tempo livre para ajudar a associação mas este ano está de férias, o que tem dado bastante jeito. Há cerca de um mês que colabora no projecto. Este ano, os preparativos vão gerar um pouco mais de stresse ma recta final porque o grupo vai levar flores naturais, o que vai exigir que os arranjos sejam feitos na noite antes do cortejo e no próprio dia do desfile. Foi com Paulo Marques, autor do projecto da Geringonça que aprendeu a fazer os arranjos. Foi de tal forma um bom professor e Ida Soares uma boa aprendiz que agora faz os arranjos com uma certa rapidez. “Ele diz o que pretende e nós aprendemos rápido”, explicou. Há 17 anos que Ida Soares colabora com a Geringonça. Numa primeira fase desfilava no Cortejo de Carnaval, agora dedica-se apenas aos arranjos mas confessa que “não me sinto cansada, gosto de participar e de fazer estas coisas”. Em cinco minutos fez um arranjo para a nossa reportagem poder apreciar. E que bonito que ficou (ver foto ao lado).



Jornal da Madeira

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