Na Serra de Água, as crianças plantarão uma árvore, símbolo de esperança e confiança no futuro. Um pouco por todo o lado, apesar do temporal ter “atrapalhado” bastante a programação, haverá iniciativas que recordarão o Dia da Floresta
O vereador com o pelouro do Ambiente na Câmara Municipal do Funchal, Henrique Costa Neves, em declarações ao JORNAL da MADEIRA a propósito do Dia Mundial da Floresta, afirma que «as zonas montanhosas do Funchal ainda apresentam uma vasta área sem floresta, nas serras de Santo António, São Roque e Monte».
«A recuperação destas áreas teve um forte impulso com a criação do Parque Ecológico do Funchal, que motivou o início da retirada do gado em pastoreio selvagem nas serras do Monte e que actualmente está concluída naquelas três freguesias, possibilitando assim uma forte regeneração da vegetação. Para complementar este esforço, têm sido dinamizados projectos de rearborização, com fundos comunitários, que estão a aumentar a área florestal do concelho», sublinha o autarca, recordando iniciativas da CMF e do Governo Regional nesse âmbito.
Quanto ao Dia Mundial da Água, que se assinala na próxima segunda-feira, frisa que «a água é um recurso precioso que todos devem preservar». «Nos anos trinta do século passado a CMF empreendeu um projecto de rearborização do Montado do Barreiro, (actual Parque Ecológico), em que uma das acções foi a reflorestação orientada para a produção de água. No presente, a reflorestação prossegue na perspectiva de se colherem todos os benefícios daí advindos», recorda o nosso interlocutor.
«A Câmara Municipal do Funchal assinalará o dia Mundial da Água, 22 de Março, com diversas iniciativas de sensibilização, que estão incluídas nas actividades previstas para o Parque Ecológico na semana da Árvore e da Floresta, cujas temáticas não se podem dissociar da água», refere igualmente.
A rearborização é apontada por vários especialistas como a melhor forma de combater fenómenos como o temporal de 20 de Fevereiro. Henrique Costa Neves contrapõe: «A rearborização com espécies adequadas proporciona um coberto vegetal capaz de moderar os efeitos da erosão provocados pelas chuvas. Os fenómenos naturais que constituíram o temporal de 20 de Fevereiro são conhecidos, já aconteceram antes e provavelmente irão acontecer no futuro. A Ilha da Madeira apresenta um território reduzido, mas muito montanhoso, toda a nossa orografia foi e continuará a ser moldada pelas forças da Natureza, esteja ou não repleta de árvores».
Por outro lado, o vereador da CMF destaca que «a Câmara Municipal do Funchal tem a sua intervenção ao nível rearborização centrada no Parque Ecológico, onde desenvolve uma gestão directa sobre uma área de montanha com uma dimensão que ultrapassa os 1000 hectares». «Toda esta área constitui parte das bacias hidrográficas da Ribeira de Santa Luzia e da Ribeira de João Gomes. Desde 1994, que as acções de plantação são regulares no período entre Outubro e Março, e o número de árvores e arbustos indígenas plantados já ultrapassou os 200.000», disse.
Por outro lado, Henrique Costa Neves frisa que «o Funchal é a cidade do País com maior área de jardim por habitante, na ordem dos 102 metros quadrados, seguindo-se a cidade de Coimbra com 18 metros quadrados por habitante». «A nível dos países da UE, o Funchal encontra-se em 5º lugar, o que é francamente bom e revelador da qualidade de vida da cidade»,frisa.
Henrique Costa Neves disse ainda que «o jardim do Campo da Barca ficou completamente desfigurado no dia 20 de Fevereiro». No entanto, a CMF já está «a trabalhar no novo projecto para o jardim, tentando manter a sua mensagem de jardim clássico do Séc. XIX, preservando o seu interessante conjunto arbóreo, onde se realça um dragoeiro centenário». «Vamos criar mais algumas entradas pedonais e proporcionar a entrada de mais sol no jardim», acrescenta.
O nosso interlocutor recorda ainda que, «à medida que a cidade naturalmente se expande, principalmente para oeste, esta mudança tem vindo a ser acompanhada com a criação de novos jardins públicos, nomeadamente o da Ajuda, de grande beleza e equilíbrio».
«Recentemente abriu ao público o novo jardim de São Martinho e está quase pronto para abrir um jardim de menores dimensões a norte do Caminho do Amparo, também em São Martinho. Agora, a grande aposta será no grande jardim do Amparo, com uma área de 15.000 metros quadrados que ficará localizado nas novas avenidas já executadas naquela zona, encontrando-se já a sua área demarcada e murada», complementou.
Câmaras com programa para todas as gentes
A generalidade das Câmaras madeirenses vai assinalar o Dia da Árvore, se bem que poucas o façam no dia 21 de Março, devido ao encerramento das escolas, por ser domingo. Na sua maioria, as actividades terão lugar na sexta-feira ou na segunda-feira (data em que também se comemora o Dia Mundial da Água). Na Ribeira Brava, a Câmara local vai organizar uma actividade na Serra de Água, naquilo que pretende ser uma homenagem e um sinal de esperança para a população local.
Trezentas crianças do quarto ano do primeiro ciclo do ensino básico vão estar, na segunda-feira, a plantar várias árvores. Na véspera, a Secretaria Regional do Ambiente também planta uma árvore no Largo da freguesia, um acto simbólico. O edil Ismael Fernandes diz que é preciso voltar à normalidade, dar um sinal claro às crianças e à comunidade que a vida continua e que há que continuar a lutar.
Outras duas edilidades aproveitaram para juntar-se a uma iniciativa de âmbito nacional, demoninada “Vamos Limpar Portugal”. Santa Cruz e Câmara de Lobos têm várias actividades, no sábado, com a última a promover ainda eventos no domingo.
Em Santa Cruz, o edil José Alberto Gonçalves refere que para além de várias plantações de árvores, a terem lugar na sexta-feira, em várias instituições, no seguimento da iniciativa "Vamos Limpar Portugal", decorrerão, sábado, «acções de limpeza em vários pontos do concelho, através do projecto Despertar@Nogueira e do Centro Comunitário da Nogueira, que contarão com o apoio da Câmara de Santa Cruz».
No próximo sábado, a equipa técnica do Projecto e do Centro Comunitário da Nogueira, juntamente com alguns jovens e outros moradores do Complexo da Nogueira, vai limpar uma "lixeira" do concelho, neste caso do bairro.
Em Câmara de Lobos, a Câmara, explica o vereador Alberto Rosário, vai participar em força na actividade, com a limpeza de lixeiras e ainda da alguma, «felizmente pouca», sucata espalhada pelo concelho. No sábado, a partir das 09.30 horas, nas diversas freguesias, estarão equipas formadas por alunos das escolas, escoteiros, militares, bombeiros, equipas de elementos ligados ao todo-o-terreno, ao trial 4x4 e à moto 4, membros do Centro Social e Paroquial de Santa Cecília e do Clube Escola do Curral das Freiras, Juntas de Freguesia e populares.
A empresa “Joel Reboques” também vai colaborar no transporte da sucata até à Praça da Autonomia, em plena cidade camaralobense, onde ficará exposta até segunda-feira, com técnicos da autarquia a aproveitarem para promover acções de sensibilização.
No domingo, será colocado em marcha o programa “Plantar Portugal”. Nesse âmbito, serão plantadas árvores em todas as freguesias. Alberto Rosário lembra que a iniciativa vai decorrer na data habitual da “Ronda dos Castanheiros”, que também costuma desenvolver aquele tipo de actividades, mas que foi adiada para o Verão, devido ao temporal.
Em Machico, segundo o vereador Zeferino Nóbrega, serão feitas plantações de árvores, a partir de sexta-feira, em todo o concelho. Para além disso serão realizadas palestras e outras acções de sensibilização, junto das crianças e dos mais velhos. As escolas também terão o seu próprio programa, apoiado pela edilidade.
A Câmara de Santana, vai assinalar o Dia da Árvore em conjunto com o Dia da Água, na segunda-feira. Segundo a vereadora Odília Garcês, a actividade vai englobar os séniores do concelho e decorrerá na Rocha do Navio, com uma palestra e várias iniciativas. A edilidade apoiará as plantações de árvores que decorram por iniciativa das escolas.
Funchal aposta nas plantas indígenas
Henrique Costa Neves anuncia também que será iniciado, ainda este mês, o arranjo florístico e embelezamento dos terrenos anexos à nova via de acesso ao porto do Funchal, bem como o das várias rotundas que o compõem. Está também em curso a criação do jardim público contíguo à Fortaleza do Pico, com o seu miradouro panorâmico.
O vereador diz ainda que «as hortas urbanas municipais são obviamente para continuar». «A nova filosofia de vida assim o solicita. As pessoas começam a estar saturadas da ilusão efémera do consumismo fácil, da vida a correr e da comida plástica do supermercado. A terapia das hortas proporciona o encontro com a terra, com a natureza que é a nossa génese, para além do cultivo de produtos de qualidade que têm um peso muito importante na economia doméstica e na qualidade alimentar», explica.
Neste sentido, será dada continuidade às hortas com mais uma grande área no Amparo, onde brevemente se constituirão mais 40 lotes, como ainda em Santo António, junto à ribeira Grande, com o estabelecimento de mais uma dúzia de lotes para agricultar.
Costa Neves destaca também que «os sistemas de drenagem das águas pluviais e das águas residuais ficaram, em algumas zonas seriamente afectados». E acrescenta: «Na zona baixa da cidade a situação obrigou à contratação, no Continente, de uma viatura especializada em desobstrução e reparação de condutas, que tem vindo a realizar um trabalho notável que permitirá repor a normal situação dentro de uma semana. A prioridade mantem-se também na reparação das redes de esgotos das zonas altas da cidade as quais, em algumas circunstâncias, simplesmente desapareceram pela acção do temporal. Estamos a inventariar toda esta situação para que rapidamente possamos lançar os concursos públicos de reparação».
O autarca lembra igualmente que «a água é um bem natural vital e como tal tem de ser convenientemente gerido». «Longe vão os tempos do esbanjamento da água. As pessoas e as entidades públicas já se aperceberam dessa mudança de atitude e de pensamento. A água do Funchal não é cara, quando comparada com a do resto do País; diria que até é barata, se pensarmos quanto pagamos por uma água engarrafada», disse ainda.
Segundo Costa Neves, «a água do Funchal é de excelente qualidade e é um privilégio poder-se viver numa cidade onde se pode beber água directamente da torneira». «Agora e no futuro, para além dos espaços verdes, a qualidade da água, bebível directamente das torneiras (water from the tap), constitui um factor preponderante para a avaliação da qualidade de vida nas grandes cidades. Dentro em pouco, a água engarrafada deixará de estar na moda! Penso que esta seria uma das melhores promoções turísticas para a cidade do Funchal», preconiza.
Finalmente, instado a pronunciar-se acerca das medidas que serão necessárias para assegurar a biodiversidade madeirense, Henrique Costa Neves diz que «a Câmara Municipal do Funchal vai continuar a proporcionar condições para reabilitação natural da vegetação autóctone, vai continuar a dar preferência às espécies indígenas nos seus projectos de reflorestação, vai continuar a introduzir diversidade de espécies em áreas de regeneração de urzais e vai incrementar a propagação de espécies raras no seu viveiro de plantas na Ribeira da Cales, tudo, acções que tem vindo a dinamizar com maior incidência desde a criação do Parque Ecológico do Funchal». «A vegetação originária da ilha está intrinsecamente relacionada com a nossa rica biodiversidade insular», conclui.
Alunos plantam árvores um pouco por toda a Região
Na Calheta, a edilidade, afirma o vereador Júlio Freitas, também apoia a plantação de árvores, pelas escolas. Por outro lado, a escola básica e secundária Francisco Barreto promoveu ontem, nos Estanquinhos, uma actividade de plantação de árvores, com a colaboração da Câmara e da Direcção de Florestas.
Na Ponta do Sol, amanhã, os alunos do quarto ano do primeiro ciclo das escolas locais vão deslocar-se até aos Estanquinhos, onde haverá plantação de árvores e outras actividades, conforme explica o presidente local, Rui Marques.
No Porto Moniz, o presidente Valter Correia destaca o apoio que será dado ao infantário local, que vai plantar árvores em vários pontos do concelho.
Em São Vicente, haverá plantações de árvores cedidas pela DRF, em actividades que, conforme sublinha o edil Jorge Romeira, mobilizarão os alunos do primeiro ciclo das escolas locais. Na biblioteca municipal haverá uma acção de sensibilização. Tudo isto na segunda-feira.
Refira-se ainda que a Câmara Municipal do Porto Santo e a Porto Santo Verde, EEM em parceria com a Direcção Regional de Florestas, deram início, na terça-feira, às comemorações do Dia Mundial da Floresta. As actividades prolongam-se até dia 25 de Março.
De 16 a 25 de Março serão realizadas actividades direccionadas às crianças inseridas no Programa de Educação Ambiental das Escolas Básicas do 1º Ciclo, onde os alunos serão elucidados acerca da Micropropagação de oliveira brava ou zambujeiro, pela vereadora do Ambiente, Gina Brito e Mendes, e farão uma visita guiada ao Pico do Castelo para a observação desta espécie, seguida da plantação de árvores com a colaboração da DRF.
Jornal da Madeira
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