sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Gastronomia combina com festa do ano novo
Passagem para o ano novo vivido em ambiente familiar e com mesa recheada
A passagem de ano na Madeira ou “réveillon” como muitos preferem designar com recurso ao estrangeirismo, típico de uma Região turística por excelência, constitui um dos cartazes mais apreciados pelos madeirenses.
Como não podia deixar de ser, a festa foi celebrada à mesa e com fartura, não fosse a passagem de ano, mais um motivo para reunir a família e os amigos. Mas quem não tem casa ou familiar com habitação no concelho do Funchal, com vista para o anfiteatro, não deixou de festejar o Fim do Ano, transportando a comida e a bebida para o local escolhido para ver o espectáculo pirotécnico.
Não há propriamente um cardápio de fim de ano, porém, sendo uma noite especial e tradicionalmente fria, não podiam faltar as iguarias para “aquecer” o corpo e a alma.
A reunião de familiares e amigos foi mais um motivo para degustar bebidas e comidas que transitam da “Festa” e que até ao Santo Amaro estão disponíveis para os visitantes da casa.
À mesa não faltaram os licores de aromas e sabores diversos, o vinho novo e o nosso tradicional Vinho Madeira.
Em pequenos pratos são servidos os “dentinhos”, nomeadamente os legumes em escabeche, as favas guisadas, as patas de porco guisadas, as miudezas de frango e a carne vinha d’alhos.
Ao nível da doçaria, é apresentado o bolo de mel partido à mão, as queijadas, as broas de mel, de coco e os palitos de cerveja. Por influência das grandes superfícies de distribuição alimentar o “bolo rei” também esteve presente.
No momento de festejar a passagem de ano, veio à liça as superstições, e todos com mais ou menos crença, preferiram não arriscar. Uma peça de roupa interior nova, dinheiro nos bolso, passas, espumante, entre outras, não faltam nesta noite.
As famosas 12 passas, que representam os 12 meses do ano não faltaram. Acredita-se que, se pedirmos um desejo por cada fruto seco que levarmos à boca, eles tornam-se realidade.
Depois da euforia da passagem de ano e do fogo de artifício, foi altura ideal para degustar uma retemperadora canja de galinha, servida bem quente, como manda a tradição acompanhada pelas sandes de galinha.
Um pouco por toda a Região a ceia do Fim do Ano não foi muito diferente, pese embora em alguns concelhos, a tradição festiva leva muitas famílias à degustação de outras iguarias.
Percorrendo hoje o roteiro gastronómico da ilha, outros pratos fizeram a ceia da passagem do ano.
No Porto Moniz a “Festa” aproveitada por muitas famílias para a confecção da tradicional “Carne Santa”, um misto de vaca e porco, em marinada de véspera, consumido principalmente na noite de Natal, mas igualmente degustado durante esta quadra festiva. A par deste prato tradicional, na costa norte vão à mesa as “Semilhas Bêbedas”, cozidas em vinho.
Ainda a norte, destaque para a “Carne da Noite”, cozido com semilhas, sendo a carne de porco produto da recente “função”, confeccionado com vinho seco, acompanhado por legumes.
Na costa sul, particularmente em Machico, o destaque vai para a degustação do “Bucho de Porco Recheado”. Tradicional no Natal, esta iguaria é apreciada à mesa até as festividades do Santo Amaro.
Em Santa Cruz, a tradição é a “Carne Frescal”, que é um pouco semelhante à carne de vinho e alhos. Leva vinho branco, tinto, vinho Madeira, segurelha e alho e fica a marinar durante três dias. Depois, é cozida num tacho com a banha e ontem fez parte da ceia de muitas famílias.
A entrada no ano novo leva de novo milhares de pessoas ao convívio familiar e à degustação farta das iguarias e especialidades de cada um.
No Funchal, assumem papel principal a carne assada de porco, com semilhas ou castanhas, e a galinha na panela, são dois pratos confeccionados, obedecendo às tradições que passam de geração em geração, sem grande alterações.
Neste dia, também muitos são aqueles que procuram uma refeição de referência nos restaurantes da nossa praça. Reza a tradição que até o Santo Amaro e para que o ano seja farto, o primeiro dia do ano seja bem servido à mesa.
Jornal da Madeira
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