A ampliação da actual central térmica da Vitória irá proporcionar o reforço da capacidade do sistema electroprodutor da ilha da Madeira em 54 MW
A Empresa de Electricidade da Madeira, organismo tutelado pela Vice-Presidência do Governo Regional, está a proceder à ampliação da actual central térmica da Vitória, situada na zona dos Socorridos. De acordo com o presidente do conselho de administração da empresa, esta intervenção, que está a decorrer «a bom ritmo, de acordo com o programa inicialmente previsto», passa pela construção de uma nova Nave.
De acordo com Rui Rebelo, o investimento em curso, da responsabilidade da EEM, «proporcionará o reforço da capacidade do sistema electroprodutor da ilha da Madeira em 54 MW, através da instalação de três grupos electrogéneos».
Para Rui Rebelo, «apesar do enorme interesse e aposta que a Região tem dedicado à maximização dos recursos renováveis, com especial incidência nos sistemas hidroeléctricos e eólicos, com um impacto importantíssimo na redução da dependência de importação de combustíveis fósseis e, consequentemente, na diminuição de emissões de CO2, a verdade é que, e pese o seu indiscutível valor macroeconómico e ambiental, estamos perante recursos energéticos de natureza intermitente (sobretudo a eólica), que não garantem, permanentemente, a potência decorrente da crescente procura».
Ora, tal como afirmou o presidente do conselho de administração da EEM, «numa economia moderna como a da Região, o planeamento do sistema electroprodutor deve assegurar, plenamente, a garantia de abastecimento da procura eléctrica, quer em termos de energia quer em termos de potência».
Em seu entender, «as características específicas de um sistema eléctrico de pequena dimensão e não interligado, como o da Região, exigem à produção térmica um papel fundamental na fiabilidade e segurança do mesmo, garantindo a base e a modulação do diagrama de cargas diário e o ajuste constante da potência solicitada».
A realização do projecto relativo à ampliação da central térmica da Vitória- Nave III, de acordo com Rui Rebelo, «impôs-se face à necessidade de dispor dos meios de produção indispensáveis à satisfação da procura eléctrica, tendo em devida consideração a condicionante das fontes de energia renovável acima referida, bem como outras restrições, nomeadamente, a limitação dos grupos das centrais existentes, nos períodos de inverno e de verão, a necessidade de desclassificar alguns grupos mais antigos da Nave I da central térmica da Vitória (com muitas horas de funcionamento e vida útil esgotada-30 anos), e ainda o cumprimento de critérios adequados de segurança (em caso de avarias noutros grupos) e de reserva girante».
Infra-estrutura com tecnologias de ponta
O presidente do conselho de administração da EEM, diz que «a nova Nave III desenvolve-se numa área de implantação de 1.700 metros quadrados, associada a um conceito de maior modernidade de espaço e funcionalidade». Segundo referiu, «o edifício, em estrutura metálica, beneficia também de um projecto tecnologicamente avançado, em obediência às actuais exigências de segurança, ergonomia e enquadramento arquitectónico, sendo que os aspectos relacionados com o ambiente e condições de trabalho assumiram particular prioridade. Todas as infra-estruturas envolventes associadas usufruem das vantagens de inputs tecnológicos de última geração».
Conforme revelou Rui Rebelo, «os principais equipamentos que integram a Ampliação são: três motores Wartsila, semi-rápidos, do tipo 18V50DF, com a potência unitária de 17,1 MW, dual-fuel, ou seja preparados para funcionar a combustível pesado (fuel óleo) até o início de exploração do terminal de Gás Natural; três alternadores ABB trifásicos, arrefecidos a ar, projectados para serem directamente acoplados aos motores; subestação Siemens, a 60kv, blindada com isolamento a gás, para instalação interior e com barramento duplo. Para além destes equipamentos, e tendo em vista optimizar a eficiência energética será, igualmente, instalada uma turbina a vapor Peter Brotherhood, com a potência de 4,6MW, permitindo ao sistema funcionar em ciclo combinado. Integrados/associados a estes equipamentos principais, existe um vasto conjunto de serviços, circuitos auxiliares e equipamentos indispensáveis a uma eficiente e fiável exploração desta Ampliação».
Primeira fase no primeiro trimestre
Segundo o presidente do conselho de administração da EEM, a entrada em exploração dos três grupos far-se-á em duas fases. Tal como afirmou, «uma primeira, com a instalação do primeiro grupo e a segunda com instalação simultânea, dos outros dois».
Rui Rebelo assegura que «todos os equipamentos relacionados com a primeira etapa estão em fase final de montagem, estando prevista a respectiva entrada em exploração experimental ainda durante o primeiro trimestre do corrente ano de 2010».
A segunda fase, de acordo com o presidente do conselho de administração da EEM, deverá também ficar concluída no decurso do segundo semestre deste ano.
Conforme referiu Rui Rebelo, «o investimento associado à realização desta importante infra-estrutura é da ordem dos 52 milhões de euros».
Obras de ampliação irão permitir receber gás natural
O presidente da EEM, diz que «a primeira prioridade da política energética regional, definida pela Vice-Presidência do Governo Regional, que tutela o sector, incide sobre a protecção ambiental, sensibilizando e promovendo acções e projectos que permitam construir uma economia com menor intensidade de carbono, estando em linha com os objectivos da União Europeia, nomeadamente, no que concerne às medidas de combate às alterações climáticas».
Segundo referiu, «para concretização da estratégia regional, a ampliação da central térmica da Vitória apresenta-se como factor fundamental, uma vez terá uma associação directa com a disponibilização do gás natural na Região Autónoma da Madeira. A construção da Nave III torna-se um investimento-âncora e decisivo para a viabilização daquela matéria-prima, pois os equipamentos a instalar, como anteriormente referido, estarão igualmente preparados para consumir gás natural, com evidentes benefícios ambientais, mas também económicos e de diversificação de fontes de energia».
«Na realidade — prosseguiu Rui Rebelo — os aspectos ambientais nesta ampliação foram criteriosamente atendidos. Como já referimos noutras oportunidades, a Nave III disporá das melhores tecnologias disponíveis (MTD), cumprindo com os requisitos de qualidade ambiental aplicável, foram introduzidas as melhores soluções relativamente aos vectores fundamentais de emissões atmosféricas e sonoras e serão utilizadas as tecnologias mais eficientes e limpas, que permitirão a redução substancial das emissões poluentes, aplicando-se nos grupos redutores catalíticos com vista à redução de NOx (óxidos de azoto). Igualmente, a instalação disporá de equipamento de medição em contínuo de emissões gasosas. Por outro lado, a concepção do edifício e as respectivas soluções de ventilação serão optimizadas para minimizar as emissões de ruído e a incomodidade nas áreas mais expostas».
Segundo o presidente do conselho de administração, «foram considerados ainda os requisitos necessários ao tratamento de águas residuais e oleosas».
Por outro lado, acrescentou ainda Rui Rebelo, «as questões de segurança da infra-estrutura foram devidamente consideradas na fase de pré-projecto. Na verdade, tratando-se de uma infra-estrutura fundamental para garantir a segurança e fiabilidade do fornecimento de energia eléctrica, tornou-se prioritário avaliar as condições de segurança relativamente à proximidade da ribeira dos Socorridos. Assim, foi realizado um estudo hidrológico e hidráulico da ribeira dos Socorridos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o qual determinou a construção de um muro de protecção, como aliás já pode ser constatado, de modo a salvaguardar as novas instalações de níveis excepcionais de escoamento na ribeira».
Jornal da Madeira
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