sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Jardim da Serra aposta em criar Centro Sociocultural e Agro-florestal



Data: 29-01-2010

Já estão idealizadas as diversas vertentes do projecto de intervenção que a Junta de Freguesia do Jardim da Serra pretende implementar na denominada 'Quinta Leonor', embora ainda se 'ignore' os custos para tornar realidade o projecto delineado.

O prédio em causa, que é propriedade da Região, já foi cedido, a título precário, à Junta de Freguesia da zona alta de Câmara de Lobos, que entretanto já deu a conhecer as linhas mestras do projecto denominado de Centro de Desenvolvimento e Investigação Sociocultural e Agro-florestal (CDISA), que pretende ali concretizar. Falta contudo avaliar os custos inerentes a uma intervenção desta envergadura. Esse será o 'passo seguinte' a dar pelos responsáveis da autarquia local, segundo alegou o presidente da Junta do Jardim da Serra. Manuel Neto diz 'ignorar' para já quais os montantes necessários para concretizar o 'seu' projecto, alegando ao DIÁRIO que essa avaliação será feita em breve.

Contudo aponta desde já a pretensão de candidatar o projecto a fundos comunitários, convicto que por essa via virá uma parte substancial do orçamento necessário ao investimento, sendo que o restante deverá em muito passar por parcerias, quer com entidades públicas, quer também junto dos privados.

Ao todo são mais de quatro mil metros quadrados de área no Sítio da Fonte Frade, praticamente enfrente à escola do Jardim da Serra, que ficam abrangidos pelo projecto de índole sociocultural e agro-florestal.

Por entender que o mesmo reveste-se de uma mais-valia económica com elevada repercussão de interesse público, além do interesse para a Região no desenvolvimento das comunidades rurais e na valorização e promoção da actividade agrícola regional e das suas produções, e porque entende que a Junta reúne condições para liderar o projecto, o Conselho de Governo tomou a resolução que determina a cedência do espaço à respectiva Junta de Freguesia, na sequência do pedido para a respectiva instalação.

A autarquia local, liderada por Manuel Neto, tem já delineado um conjunto de actividades a desenvolver que contempla, entre outras, a recolha, preservação e reprodução da Biodiversidade Agrícola de vários produtos agrícolas madeirenses.

Manifesta também a intenção de incluir neste projecto a criação na freguesia de um Centro de Ensino-Aprendizagem Inter-Geracional, pretendendo deste modo efectivar a ligação entre a agricultura tradicional e a agricultura biológica, e o cultivo e manutenção de uma horta pedagógica, em parceria com as escolas da localidade.

E porque a actividade agrícola assume papel fundamental na freguesia, com este projecto pretende-se igualmente contribuir para a promoção e desenvolvimento da sua actividade nas vertentes social, económica e cultural.

Preservação da etnografia

O projecto CDISA define três vertentes de intervenção: Etnográfica, agro-florestal e vertentes comuns.

A identificação, a recolha, a reconstrução e a preservação e divulgação, são propósitos que norteiam as áreas de intervenção ao nível da recuperação do património arquitectónico, cujas propósitos apontam para a recuperação e ampliação do imóvel 'Quinta Leonor', a reconstrução de um moinho, a recuperação de um lagar, recuperação ou reconstrução de uma 'casa de palha' e de um 'palheiro', assim como um estudo arqueológico sobre a possível 'Levada da Velha'.

Outra das áreas no âmbito da etnografia é a recolha e preservação de utensílios, móveis e instrumentos tradicionais, tais como alfaias agrícolas, instrumentos e utensílios domésticos, ferramentas usadas na construção, mobílias, brinquedos, trajes e até mesmo artes e ofícios da serra. Também as tradições orais, os jogos tradicionais, os documentos diversos, a culinária e a toponímia são referenciados.

Aposta na Biodiversidade

Na vertente Agro-florestal, o objectivo primordial é a preservação da Biodiversidade.

Nesse propósito uma das áreas de intervenção são as árvores de fruto, que passam pelas cerejeiras, ginjeira, pereiros, pereiras, macieiras, ameixieiras, abrunhos, nogueiras, castanheiros, às quais juntar-se-ão as plantas e árvores indígenas e as plantas aromáticas e medicinais.

A criação de núcleos de Biodiversidade é outra das apostas, através do estabelecimento de parcerias com proprietários de terrenos agrícolas e terrenos florestais, a fim de serem criados ou preservados 'núcleos de biodiversidade' por toda a freguesia.

Do lazer à educação


De resto serão igualmente dinamizadas outras vertentes comuns, quer numa perspectiva de turismo rural e lazer, como também tendo em conta os domínios educativo e científico, assim como, socioeconómico.

Neste capítulo e na primeira das vertentes, insere-se a construção de um percurso pedestre que deverá circundar o futuro 'parque agro-florestal da freguesia', assim como, a criação de um acesso até a queda de água conhecida por 'Aguagem'.

Já na componente educativa e científica, além da investigação e da criação de um espaço de convívio e aprendizagem intergeracional, prevê-se o estabelecimento de parcerias, entre as quais com a UMa e a Associação de Agricultores da Madeira.


DN Madeira

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