domingo, 24 de janeiro de 2010

'Park and Ride' é lançado no Funchal este ano

CMF quer criar tarifário único que englobe estacionamento e transporte nos HF
Data: 24-01-2010





A Câmara Municipal do Funchal (CMF), no âmbito do programa europeu Civitas, pretende lançar "uma nova filosofia de 'Park and Ride'" na cidade. Ao DIÁRIO, o vice-presidente da autarquia, Bruno Pereira, explicou que, como existem parques fora do Funchal com lotação mais baixa, a ideia passa por criar uma integração de tarifário, ou seja, criar um preço único que inclua o valor do parque de estacionamento em questão e posterior transporte na Horários do Funchal (HF), já que esta empresa tem carreiras que passam junto desses espaços.

Nos anos 90, a CMF quis lançar o conceito normal de 'Park and Ride', em que um condutor estaciona a viatura num parque fora do centro do Funchal e utiliza, posteriormente, um transporte assegurado pelo concessionário do parque para se deslocar até ao coração da cidade. Contudo, embora alguns operadores tenham tentado fazer com que tal funcionasse, a falta de adesão determinou o fracasso dessas iniciativas.

Apesar desta primeira tentativa não ter dado certo, Bruno Pereira apontou que "o conceito não é errado", mas que tinha de ser ajustado à realidade do concelho, daí que a CMF esteja a ver com a HF "uma nova forma de conceito de 'park and ride'", com uma diferença crucial. Como fora do Funchal existem parques com lotação menos alta, como é o caso dos parques situados na zona do Clube Naval e na Rua Bela de São Tiago, perto do Largo da Forca, e a HF possui carreiras que passam por esses mesmos estacionamentos, a nova filosofia que está a ser estudada prevê uma "integração de tarifário". "Em vez de uma pessoa pagar parque e deslocação em transporte público, vai ser criado um combinado com duas valências", referiu.

Preços "serão atractivos"

Embora a autarquia ainda esteja a reunir-se com os proprietários dos parques, Bruno Pereira garantiu que o preço desse combinado será "atractivo", de forma a que os utentes vejam na adopção desta medida "um ganho do ponto de vista financeiro".

O vice-presidente da CMF frisou que esta nova modalidade vem beneficiar, principalmente, as pessoas que se deslocam todos os dias de outros concelhos, como de Câmara de Lobos e do Caniço. O último estudo de mobilidade referia que, todos os dias, entram no Funchal cerca de 47 mil carros. Todavia, Bruno Pereira acredita que este estudo tem de ser "mais apurado", já que entre esses 47 mil carros contabilizados estarão incluídas muitas repetições ou apenas passagens sem paragem na cidade.

Apesar deste pormenor, sublinhou que há, de facto, um grande fluxo de automóveis a entrar diariamente na cidade e que este novo sistema, "que não tem custos para os estacionamentos e para a HF", poderá ajudar a diminuir esses números, para não falar na redução da poluição e do consumo associado ao petróleo, quando analistas económicos falam de um aumento do preço deste bem, num futuro próximo. "Esta é uma forma de percorrer menos quilómetros dentro da cidade, de haver menos poluição e é um projecto em que acredito", defendeu.

O vice-presidente da autarquia disse ainda que, no Funchal, o valor mensal mais barato de um parque ronda os 90 euros e que a ideia da câmara passa por criar uma tarifa integrada que ronde os 55 euros. Porém, vão ter de negociar com todos os proprietários dos parques, independentemente dos estacionamentos, para definirem um valor.

Primeira tentativa falhou


Na década de 90, houve pelo menos dois operadores que tentaram implementar o conceito de 'Park and Ride' no Funchal, na zona dos Viveiros e do Clube Naval, mas os projectos não tiveram sucesso, já que não houve a adesão pretendida. Nesses casos, os concessionários dos parques é que assumiam todas as despesas, como, por exemplo, das carrinhas que faziam o transporte das pessoas até ao centro da cidade e vice-versa. Como referiu, o custo acabava por ser elevado, face ao número de utilizadores que, na altura, não correspondeu às expectativas.

O programa Civitas

Após uma candidatura da cidade do Funchal, a 19 de Outubro último, o vice-presidente da CMF, Bruno Pereira, tomou posse, na Polónia, como conselheiro para as políticas de mobilidade e de transportes urbanos, consequência do facto de a cidade integrar o novo quadro do programa Civitas, o Civitas Plus.

O Civitas Plus irá estender-se até 2012. O projecto que a capital madeirense integra é o Mimosa do qual fazem também parte outras duas cidades portuguesas: Coimbra e Porto.

Do conjunto das cidades que integram o Civitas-Mimosa, o Funchal é a que tem objectivos mais modestos a atingir até 2012. A capital madeirense propõe-se a reduzir em 10% as emissões de dióxido de carbono (CO2) através da introdução de autocarros ecológicos, a aumentar em 30% o número de utilizadores dos transportes públicos com as linhas verdes e a promover uma campanha de uso de ciclovias, medidas cuja aplicação na prática tem ocorrido nos últimos tempos.

Parque 'adiado'

Nos anos 90, a CMF quis lançar o conceito de 'Park and Ride' na cidade do Funchal, algo que chegou efectivamente a acontecer, mas que depois fracassou. Quando a autarquia lançou o concurso para a concessão do parque do Almirante Reis, a ideia da câmara passava por a empresa concessionária criar um outro parque na zona da Ribeira de João Gomes, com o intuito de dar andamento ao 'Park and Ride'. Porém, nessa mesma época, a CMF ainda negociava com a Santa Casa da Misericórdia a aquisição dos terrenos.

Em 2005, foi lançada a discussão pública do Plano de Urbanização da Ribeira de João Gomes, que viria a ser aprovado um ano depois. Nessa altura, e dado que alguns operadores já tinham experimentado o conceito de 'Park and Ride' na Região e não tinham obtido a adesão dos cidadãos, a CMF consagrou no plano, já depois do acordo com a Santa Casa da Misericórdia, o uso da zona da Ribeira de João Gomes para estruturas de recreio e lazer. Tal não originou discussão por parte da empresa concessionária do Almirante Reis. "Hoje em dia, um parque lá seria ilegal, ao abrigo dos parâmetros do plano urbanístico", referiu Bruno Pereira. Na zona, optaram pela implementação de hortas urbanas.


DN Madeira

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