Alberto João Jardim admitiu ontem abrir o sector público à iniciativa privada. Foi durante o jantar de enceramento da FIC 2009, onde pediu igualmente aos empresários que aguentem mais dois anos num esforço conjunto com o Governo Regional. «Ou então isto estoira tudo», acentua.
O presidente do Governo Regional respondeu ontem à noite de forma positiva à proposta lançada no discurso anterior por parte de Jaime Ramos, presidente da direcção da ASSICOM – Associação da Indústria, da Construção e do Imobiliário da Madeira, que havia sensibilizado Alberto João Jardim para a necessidade de abertura do sector público ao privado como forma de permitir poder enfrentar melhor a crise.
Na resposta, o presidente do governo, no seu discurso de quase 40 minutos durante o jantar de encerramento da FIC 2009, disse que o executivo vai estudar o que poderá ser atraente para o sector privado, deixando claro que este não se sentirá motivado por vertentes onde não tenham lucros.
Acerca desta matéria, desafiou os empresários para ficarem apenas à espera que os nove membros do Governo Regional pensam nas áreas possíveis de passar para a gestão privada. Por isso, desafiou-os a sugerirem caminhos.
Noutra parte do discurso, Alberto João Jardim não quis deixar de agradecer a compreensão dos empresários, sobretudo do sector da construção, por terem conseguido aguentar até agora com verbas que o Governo Regional tem em falta. Daí ter afirmado publicamente que sem eles não conseguiria colocar de pé muitos empreendimentos.
Mas disse mais. Sensibilizou-os para a importância que se revestem os próximos dois anos para a economia regional, e das dificuldades que antevê. Nesse âmbito disse claramente que, «ou somos capazes de aguentar mais dois anos ou então isto estoira tudo».
Lembrou, a este propósito, que toda a sua governativa tem sido de resistência.
No seu discurso, o presidente do Governo aflorou a questão da revisão da Lei de Finanças Regionais, e do que isso implica para o Estado, com valores ínfimos e do facto de também os Açores serem beneficiados com o articulado a ser reposto como antes da vigente, imposta pelo Governo da República.
Não deixou de tecer críticas a Lisboa e pela crescente opção pela partidarização, onde refere que só interessa ganhar as eleições. Daí que diga que, quando se atinge este ponto, defende a existência de uma mudança de fundo. E dá um exemplo com o que diz voltar a acontecer com o Orçamento de Estado para 2010, que aponta mexidas nos subsídios de desemprego, que poderá ser visto como forma de conseguir votos
Alberto João Jardim teve ocasião igualmente de apontar as diferentes opções tomadas pela Madeira e pelo continente, levando, em seu entender, a que o sucesso da Região Autónoma nunca tenha sido aceite por Lisboa.
O governante chamou à atenção ainda para os perigos da destruição de empresas e a sua concentração, que, em seu entender, vai na direcção de muito poucos ficarem com o poder de decisão e acabem por poder ditar o que podemos comer e fazer. Na prática, voltou a chamar à atenção de alguns apetites que existem de um governo mundial.
A nível da União Europeia teve oportunidade ainda de criticar o Tratado de Lisboa que disse ter retirado poder aos mais pequenos e mais pobres.
Sector da construção é vital para equilibrar economia
O presidente da ASSICOM sublinhou ontem a importância das empresas associadas pelo que diz ser o contributo real para o equilíbrio da economia da Madeira. Jaime Ramos, no discurso no jantar de encerramento da FIC 2009, lembrou o caso de países como os Estados Unidos da América onde é reconhecido o valor do sector da construção na vitalização da sua economia.
Não quis deixar de criticar o Governo da República pelas suas opções dos últimos 15 anos de praticar políticas de subsídios em lugar de políticas estruturantes para o País levando aos grandes défices e a um desemprego galopante que já anda nos 11%. São opções que diz serem salazaristas. Ao invés, na Madeira, onde diz haver um crescimento contínuo e menos desemprego, reconhece a visão do presidente do Governo Regional, que diz ser brilhante e futurista. Acentua que há a consciência dos desafios, mas sublinha que o poder colonial dificulta desde Salazar para «espezinhar os madeirenses».
Jornal da Madeira
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