segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Porto Santo independente do petróleo em 2016

João Cunha e Silva, em entrevista à RDP-M, adianta percentagem na casa dos 97,5









João Cunha e Silva disse, ontem, em entrevista à RDP-M, estar convencido de que, em 2016, o Porto Santo estará «97,5 por cento absolutamente independente» do petróleo. Falando a propósito das energias renováveis, uma das 16 áreas que tem sob a sua tutela, Cunha e Silva lembrou mesmo que em finais de 2009 a Madeira já atingiu uma das metas mais pretendidas pela UE para 2020, que é a de ter 20 por cento da produção energética com recurso a outros meios que não o petróleo. «Isto significa que temos um potencial enorme na hídrica, na eólica e, se calhar, com a nova experiência que estamos a fazer no Porto Santo, na área do bio-combustível com algas marinhas, mas também no gás natural para conseguirmos uma coisa fundamental para o futuro, que é, sermos menos dependentes do petróleo. Podemos poupar muito dinheiro», atentou.
Apontou que, nos próximos 30 anos, mesmo que se mantivesse apenas 30 por cento da produção da energia em renováveis, isso significaria uma poupança em importação de petróleo de quase mil milhões de euros. «É dinheiro que fica cá dentro e que vai gerar mais crescimento económico». Face a tudo isto, critica os que afirmam que o Governo não tem tido cuidado com as gerações vindouras e afirma-se «orgulhoso deste projecto. Na questão do gás natural, a meta é 2011.
Outras apostas que estão a ser ganhas são as das novas tecnologias, da inovação e do desenvolvimento, destacando a parceria com a Universidade de Carnegie Mellon. «Em pouco mais de ano e meio já tivémos investimentos de grandes empresas nos nossos quadros formados aqui, superior a um milhão de euros. O que significa que a curto prazo isto pode ser uma experiência fantástica que tem a ver com uma mudança de paradigma e de adaptação do modelo de desenvolvimento económico», disse.

Golfe é estratégico




Numa entrevista onde abordou de tudo um pouco, João Cunha e Silva também deixou claro que o golfe é estratégico para a Região, designadamente, o sector turístico. Nesta medida, avançou que a obra do campo da Ponta do Pargo vai mesmo ser feita. «Estamos neste momento nos trabalhos preparatórios para o início da obra, ainda este ano», disse.
Quanto ao prolongamento do campo do Porto Santo, salientou que a obra só avançará na condição de haver investimento imobiliário. Aliás, a este propósito, aproveitou para esclarecer alguns mal entendidos, assegurando que o Governo não vai fazer hotéis, mas sim dar terrenos de concessão a privados.

Sociedades serviram para alavancar

As sociedades de desenvolvimento foram outro dos temas focados, tendo a este propósito reconhecido que nem todos os investimentos são reprodutivos, mas que a maioria é fundamental para a sociedade. Garantiu que as sociedades «estão a aguentar com 70 obras de grande envergadura», refutando assim insinuações de gastos com algumas obras.
Cunha e Silva garantiu que todas as obras foram feitas para o povo ter acesso ao litoral e relevou que estas «fizeram um bem enorme à economia». Deu mesmo o exemplo do Porto Santo, que é hoje o oitavo concelho de Portugal, entre os 308 do país, que têm um poder de compra acima da média nacional. Aliás, aproveitou para referir que, na ilha, vão aparecer em breve novos investimentos privados, mas salienta que é preciso ultrapassar o problema dos transportes.
Outro exemplo que deu foi o da praia da Calheta. «Já há pedidos na Câmara para a construção de um novo hotel na zona. Quando se fala de retorno, é neste sentido».
Ainda na questão do pagamento das obras das sociedades, explicou que o Governo soube negociar bem, havendo um período de carência de 10 anos.
Questionado sobre a Marina do Lugar de Baixo, foi peremptório: «Se em 70 obras falhei essa, naturalmente que não fico satisfeito». Acrescentou que o caso está a ser dirimido em tribunal arbitral com os projectistas da obra e garante que o Grupo Pestana mantém interesse em investir no local. O problema é que há outras questões para resolver em tribunal (embargos). «Espero bem não sair do Governo sem resolver aquele problema. E como sabe, o nosso mandato é até 2011», disse.




Já foi orgulho ser considerado delfim

A situação no PSD/M, mais concretamente, a possível saída de Jardim em 2011, também foi focada. «Acredito que tenha uma vontade de sair, mas não acredito que seja ponto assente», disse. Porém, num momento em que a Região, o país e o Mundo atravessam problemas graves, Cunha Silva considerou «vergonhoso» que algumas pessoas estejam a deter as atenções em questões que «têm a ver mais com apetites e ambições pessoais do que exercer a política a pensar nas pessoas». O governante refere que «há-de vir o tempo em que essas decisões poderão ser abordadas e tomadas», mas diz que, para já, é «absolutamente precoce».
Apesar de não considerar o assunto tabu, deixou claro que a intenção de candidatar-se a presidente do Executivo fica para mais tarde. «Não posso desperdiçar o tempo que tenho – e que é pouco – em coisas como essas. Tenho que dedicar a minha atenção a ajudar a Madeira a passar por estas dificuldades», referiu.
Admite que «há uma proliferação» de delfins, pelo que «não há motivo e orgulho em ser considerado» como tal. «Já foi no passado, agora já não».
Quanto ao PSD nacional, diz que faz falta alguém que diga que tem solução para o país. «Se fosse candidato, eu faria isso. Não iria para os congressos dizer coisas cinzentas ao povo português, mas palavras de optimismo e confiança para que acreditem de novo», sustentou, garantindo que vai apoiar a melhor solução para o PSD.

Desencantado com a política

A entrevista serviu também para João Cunha e Silva dar conta do desencanto com a política. Ainda que orgulhoso por ter participado no programa liderado por Alberto João Jardim, confessou que «é difícil, desgastante e inglório fazer o que se está fazendo».
Sobre se pondera uma saída da política activa, prefere não cometer a imprudência de o dizer, «até porque posso ser obrigado a fazer exactamente o contrário, por deveres de consciência, solidariedade e pessoas por quem tenho muita consideração».
No que toca aos parques empresariais, observou que quando entrou para o Governo já constavam no programa, tendo executado todos eles sem recurso ao orçamento da Região. Minimizou as críticas relativas à taxa de ocupação dos 12 parques existentes, mas lembra que este é um projecto a longo prazo.
Cunha e Silva também falou da saída da Região do Objectivo 1 da União Europeia, tendo a este propósito criticado a política vigente. «Às regiões que se desenvolvem e cumprem com os objectivos tiram-lhes fundos, e aquelas que continuam sempre na mesma são premiadas com uma quantidade de fundos. A UE devia premiar as regiões que atingem um determinado objectivo com um período de carência para cimentar o desenvolvimento», sustentou, tendo afirmado que, disto, já deu conta ao presidente da Comissão Europeia. Lamentou, por outro lado, que estes argumentos não sejam subscritos pelo próprio Estado português junto da UE.
No que toca às empresas, Cunha e Silva lembra que este Governo já lançou para o tecido empresarial regional 218 milhões de euros, mesmo com os poucos recursos que dispõe e discriminações que entretanto tem sido alvo.



Jornal da Madeira

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