sábado, 16 de janeiro de 2010

Carlos Costa vence já em casa


Porto Moniz apoia o concorrente madeirense, descrito pela maioria como um jovem empenhado, talentoso e trabalhador

Data: 15-01-2010








"Se não ganhar, é pela invejidade", assegurou Belmira Baptista, uma das caras do supermercado Esmeralda Brilhante que espera que Carlos Costa, o cantor madeirense que está a caminho da final do concurso 'Ídolos' seja o vencedor. A trabalhar no mesmo ramo que os pais do jovem artista de 17 anos, separa as águas e faz fé que o cantor natural do Porto Moniz chegará ao primeiro lugar: "Ele merece ganhar. É um rapaz muito simpático, de boas famílias e muito bem apresentado", acrescentou. Apesar de ainda não ter votado, comprometeu-se a fazê-lo em breve: "Vou dizer à rapariga que trabalha aqui para mandarmos um voto. Se a gente não ajuda, ninguém vai ajudar, todos temos de ajudar", lembrou.

Carlos nasceu em Abril, cresceu numa família de emigrantes retornados da Venezuela, com uma irmã mais velha e dois mais novos. Não era muito chorão, não tinha brinquedos especiais e comia de tudo, conta a mãe, que não fala em separação, mas em deixar o filho seguir os seus sonhos aos 15 anos.

Com o crescimento, contou, tornou-se mais esquisito e aderiu à febre das batatas fritas, que não dispensa. A fralda e a chucha foram deixadas para trás antes dos dois. Os caracóis só chegaram depois dos dez e as dietas não são com ele, nem a matemática.

Sempre foi uma criança aplicada, tanto na escola, onde tinha boas notas, como em casa, ajudando desde cedo nas tarefas e no negócio. Tanto arrumava, limpava, cozinhava e cuidava do irmão mais novo, como ia até ao negócio ajudar a tirar cafés, contam os pais, com orgulho. No Porto Moniz falam de rapaz humilde, trabalhador, educado, de personalidade forte e caminho definido. Mas há também quem o veja como um jovem a quem a fama subiu à cabeça, embora sejam largamente as primeiras, as opiniões dominantes. "Não conhece ninguém, nem bom dia, nem boa tarde", queixou-se uma senhora que não se quis identificar. "Eu até podia ter votado, não me custava nada...". Segundo esta portomonizense, "ele era diferente antes, era divertido, falava com as pessoas... a minha filha já me fez a mesma queixa (...) acho que lhe subiu um bocadinho à cabeça, e até aos pais", criticou, questionando mesmo a opção de Manuel Carlos e de Fátima Marques de colocarem a passar as gravações que fazem das galas no bar Onda Azul.

Carlos Costa na televisão

Já os pais dizem que a transmissão é a resposta aos pedidos dos clientes, que por diversas razões não podem acompanhar o programa ao domingo à noite. "Ainda ontem quando cheguei de Lisboa, a malta que ficou aí tinha gravado o programa e puseram umas dez vezes", contou. A verdade é que não há outra forma de publicidade a Carlos Costa nem no bar nem nas ruas. A mãe explicou que não têm conhecimentos de informática para fazer cartazes e enviar correntes de 'e-mail' para promover o filho, como aconteceu com a Vânia.

Mas, nas ruas, todos o conhecem, mesmo os que não são dali. "Acho que o pequeno sabe cantar bem, disse Bruno Faria, que todas as semanas vê o programa com os filhos e votam. O pescador de Câmara de Lobos, em terra no Porto Moniz devido ao mau tempo, assegura que se fosse ele o júri, quem ganhava era o madeirense: "Mesmo o jeito do 'chavalinho' cantar... tem mesmo estilo, parece mesmo que sabe cantar", elogiou o homem do mar. Segundo Bruno Faria, no Bairro da Torre onde vive (popularmente conhecido como Malvinas), toda a gente vota e torce pela vitória de Carlos Costa.

Se ele não ganhar "é devido ao júri, principalmente ao Manuel", disse Zélia Ponte, que descreve Carlos como "um ser humano impecável, uma pessoa espectacular". Como concorrente, defendeu a jovem empregada de bar, Carlos Costa está à altura da vitória: "É o que tem optado por cantar músicas mais difíceis e que se propõe a trabalhar mais", justificou.

Jovem trabalhador

Este hábito de trabalhar vem de trás. Carla Ramos foi professora de Carlos no 2º Ciclo, deu-lhe História e Geografia de Portugal. Lembra-se aplicado: "Sempre foi muito trabalhador, cumpria as tarefas propostas, trabalhos de casa, o material que era pedido. Sempre foi muito educado, respeitador". Em termos de comportamento, recorda-o como um aluno discreto, mas sempre mostrou muita vontade ao nível da arte e da música. "Ao nível que ele foi andando na escola, ele foi participando muito e foi evoluindo muito nesse campo. Acho que ele foi ganhando mais autoconfiança". A professora recorda as actuações na escola, as mesmas que os colegas recordam, na altura já com corpo de bailarinas e produção própria. Como aluno, podia ser melhor, reconheceu a professora, que acredita que Carlos Costa já tinha outros planos para a sua vida. "Ele nunca se foi importando por comentários que eram feitos. Inicialmente havia risinhos, comentários, pela forma de representar. Ele empenhava-se bastante. Enquanto nas festas da escola uns apenas iam para lá cantar, ele ensaiava, a própria indumentária, coreografia (...) se não fosse assim ele não estava aonde está".

Chamava a tenção pela atitude, tinha uma personalidade forte, recordaMarguerita Santos que o vê agora nos ídolos. Alex Gouveia, outro colega de escola, acha que ele é bastante bom e acha que tem hipóteses de ganhar, "se as pessoas unirem-se e votarem 760 500 508". Liliana Pinto conhece-o melhor. Fez parte do seu corpo de bailado na escola secundária do Porto Moniz. Recorda os ensaios, o trabalho, a ajuda. Gostava bastante de dançar com ele e mesmo ocupado, o Carlos arranjava tempo para tudo. "Era exigente, ouvia as nossas opiniões e respeitava (...) era tudo em grupo", contou. Por isso, não foi com surpresa que o viu chegar ao 'Ídolos': "Acreditava que ele chegasse onde chegou porque ele sempre teve aquela força e sempre conseguiu atingir os seus objectivos, conseguiu mesmo".

Já conheço o Carlos, (...) como artista conheço-o desde a idade de 12 anos. Nessa altura ia à escola, chegava a casa era um espectáculo aquele rapaz. Trabalhinhos de casa tudo direitinho. Era muito organizado nas suas coisas, desde pequeno", descreveu o pai, antes de afirmar: "Só me dá satisfação e alegria ver o meu menino. Cada dia que eu vez ele actuar ou estar lá é uma satisfação enorme", confessou. Na opinião do pai, em todas as galas ele esteve bem. As menos boas foram assim devido aos comentários do júri: "Não tem muito a ver - são comentários do júri, são liberais e têm autonomia para o fazer".

O Onda Azul não sofreu nenhuma enchente com a participação de Carlos Costa nos Ídolos. "O pessoal acompanha mais e cumprimenta, mas em termos de funcionamento do bar, é normal. Passam, dizem "parabéns pelo teu filho". Mantém um bocadinho mais a união com o pessoal que eu conheço e que conhece o Carlos", contou.

O pai acredita na vitória, mas não pede votos, não precisa: "As pessoas mesmo dizem, não te preocupes que a gente vai votar. (...) O Carlos tem bastante malta conhecida".

Família atingida

Apesar de cada vez mais famosos e de essa fama também chegar à Madeira - já foram contactados pela TV 7Dias e pela SIC - não foi para a família cá que a vida mais se complicou. Segundo a mãe, a irmã, que vive em Lisboa, tem sido vítima do assédio constante dos jornais e revistas. "Ela já está farta", disse a mãe, que também está descontente com algumas coisas que têm saído em alguma imprensa nacional e que não correspondem à verdade. "É um mundo desconhecido (...) e o chato não é dar a entrevista, é que alteram a entrevista e é aí que começa a saturar". Fátima Marques garante que a próxima vez que telefonarem vai dizer não: "Digo que não e é não. Paciência. Querem fazer dinheiro, façam, lá com os filhinhos deles".

Com a fama, as entrevistas, informações certas e erradas, outras pessoas acabam envolvidas. A mãe assume que os irmãos também são afectados pela súbita fama de Carlos: "Ele tem irmãos, estão na escola, têm colegas, há piadas, e acho que deveriam pensar nisso. O mais pequeno tem quatro anos para ele tanto faz, mas para o Edir que já tem 13 anos, é diferente", lamentou Fátima Marques. "Estamos habituados a ter uma vida discreta, ao nosso dia-a-dia normal e depois, de repente nós deixamos eles entrarem com boas intenções e o resultado não é esse. Não tem muita coisa para procurar: é uma família normal e o Carlos é uma criança com 17 anos, um miúdo normal. Porque se arranja porque se arranja, porque usa o cabelo comprido, porque é bonito, querem aproveitar isso para vender papel", criticou a lusodescendente.

Sobre a competição, a mãe vê o Carlos muito seguro. "Penso que vê o concurso da mesma forma que eu vejo: semana a semana. Uma semana de cada vez". Os pais não querem colocar pressão sobre o jovem, mesmo desejando que ele vença o 'Ídolos'. "Claro que nós desejamos que ele ganhe. É nosso filho, é normal (...) Mas nunca colocamos ao Carlos nenhuma imposição porque sabemos que ele pode sair. Ainda por cima está na mão do público e não temos acesso à votação, não sabemos qual é a sua posição, se está forte, se está fraco (...) seja o que Deus quiser. Aquilo também é um concurso, não é a vida. Se ele sair, a vida continua...".


DN Madeira

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