Madeirense nos 'Ídolos' movimenta Facebook com um grupo contra e dois a favor
Data: 06-01-2010
A polémica instalou-se no passado domingo em directo na SIC, quando Manuel Moura dos Santos disse esperar que o madeirense Carlos Costa não ganhe os 'Ídolos'. "Eu espero que tu não sejas o vencedor deste concurso porque tu és o Ídolo que nós não precisamos", disse depois de criticar duramente a selecção musical que o concorrente do Porto Moniz vem fazendo nas galas e em particular o tema 'Eu Estou Aqui'.
O membro do júri, com voto de qualidade, destoou dos restantes três ao afirmar que o concorrente cantou um "pop foleiro", que independentemente da eficácia, "agradou a toda a gente menos a mim". As declarações originaram respostas várias, desde os autores da música, tripla platina, que equacionam um processo em tribunal, a três movimentos no Facebook, um contra e dois a favor do artista madeirense.
A campanha contra Carlos Costa nasceu no continente e intitula-se 'Vamos expulsar o Carlos dos Ídolos', com 1.600 pessoas e que refere, entre outras coisas, "Já não há paciência para este madeirense anão armado em MJ [Michael Jackson]". De cá levantaram-se também as vozes com o 'Vamos Manter o Carlos nos Ídolos', um grupo que é "a resposta a um outro xenófobo e homofóbico que pretende fazer 'campanha' para expulsar o Carlos dos Ídolos... Vamos dar a essa gente a resposta que merece!!!!"; e o 'Carlos Costa Rumo à Vitória'. O primeiro foi dinamizado pelo apresentador e actor Nuno Morna e o segundo pelo presidente da Casa do Povo da Ilha, António Trindade.
Campanha pelas razões erradas
Contactado pelo DIÁRIO, Nuno Morna explicou que não está em causa o talento do cantor: "Nem tem a ver se ele canta bem ou deixa de cantar bem. Irritou-me bastante terem feito um grupo no Facebook em que olhavam não às qualidades vocais e artísticas dele, mas ao facto de, presumem os autores, ser homossexual e madeirense", criticou, justificando que são duas coisas que em pleno século XXI não têm razão de ser. "Entristece-me que no meu país ainda haja pessoas que pensem assim. Enfim é que temos e onde vivemos... Gostaria que ficasse claro que não conheço o Carlos de lado nenhum, vejo o 'Ídolos' com muito pouca regularidade e acho que não canta mal mas tem umas escolhas de repertório de que não gosto nada. Mas se o concurso pretende escolher alguém que tenha boa voz e boa presença em palco, ele é, sem dúvida, um forte candidato".
Pouco mais de duas horas depois de ter sido criado, o grupo tinha já 214 pessoas.
Carlos Costa tranquilo
"O Manel estava um bocadinho mal disposto e não gostou da música. Acho que ele tenta sempre por aquela postura de sabichão, mas exagerou. Esta semana exagerou e acho que foi totalmente despropositado. Uma coisa é ele avaliar-me artisticamente, outra coisa é ele avaliar-me consoante os meus gostos musicais e dizer-me que não mereço ganhar o concurso porque os meus gostos musicais não são compatíveis com os gostos musicais dele. Acho muito triste", disse ao DIÁRIO.
Contrariamente ao esperado, Carlos Costa acredita mesmo que este poderá ser um ponto a seu favor, agora que a luta começa a ser mais renhida e quando restam apenas seis possíveis 'Idolos': "Ainda me pode vir a ajudar porque ele, mal educado como foi, vai fazer com que as pessoas se revoltem e ainda me apoiem mais", defendeu.
Segundo Carlos Costa, a apreciação de Manuel Moura dos Santos não foi uma ataque pessoal, mas antes uma estratégia para influenciar o andamento do concurso. "O Manel deve ter idealizado um vencedor na cabeça dele, e agora vê que já não é bem assim, que há mais potenciais candidatos ao pódium e como vê que isso está a acontecer, tenta ao máximo derrotar os outros, coisa que eu sei que não vai resultar porque, neste momento, por mais que o júri fale, não vai alterar grandes coisas no resultado final", garantiu.
Questionado sobre quem poderia ser essa pessoa, assume que a Solange e o Filipe sempre foram os grandes favoritos do júri. "Mesmo que eles desafinassem ou cantassem sempre o mesmo género musical, eram sempre enaltecidos e sempre bem falados, desde o início. Mas isso é uma coisa que nem a Solange nem o Filipe têm culpa. É uma coisa que o júri tem culpa e a produção tem culpa, em permitir esse tipo de 'abébias', de favores".
Incitado a explicar esta posição, Carlos Costa foi mais específico: "O Filipe tem muitas abébias, desde a primeira gala que canta as músicas da mesma forma, com a mesma presença de palco e nunca lhe foi apontado o dedo, quando eu e mais alguns dos meus colegas mostramos imensa versatilidade e não somos valorizados por isso, infelizmente. Mas pronto, depois, posteriormente, vamos ver se o público vê isso".
Produção nas escolhas
Muito criticada, não só em relação ao madeirense mas em geral, a selecção das músicas não está completamente nas mãos dos concorrentes. Cada um dá três músicas, três hipóteses por ordem de preferência para cantarem, mas cabe depois à produção escolher qual a que vão realmente interpretar. Se não gostarem de nenhuma das três, pedem-lhes uma outras hipótese.
"Por acaso na 'Hot N Cold' não foi nenhuma das minhas três hipóteses, 'You Should Be All Night Long', também não foi. 'Paparazzi' foi a minha primeira hipótese. Na 'You Are Not Alone' foi a minha primeira hipótese e esta foi a minha primeira hipótese", revelou.
Carlos Costa canta Elvis
No próximo domingo, a gala será dedicada a 'Vozes Inconfundíveis'. Carlos Costa vai cantar 'Can't Help Folling in Love', de Elvis Presley.
Para a próxima semana sai um ou não sai nenhum. É que foi implementada uma nova regra que permite ao júri salvar o menos votado, contra a decisão do público, mas só pode acontecer uma vez, até que fiquem só quatro finalistas. A partir desse momento, essa regra deixa de existir. E caso seja salvo um elemento, na gala seguinte saem os dois menos votados.
Carlos Costa promete continuar a demonstrar versatilidade artística. "Vou sempre tentar demostrar que é o que eu gosto de fazer e sou capaz de fazer. Se o Manel gosta ou não, é-me totalmente indiferente, visto que já deu para perceber o porquê de ele fazer alguns juízos", disse. Para a Madeira, endereçou o agradecimento e apelou uma vez mais ao voto, através do número de telefone 760 300 508.
DN Madeira
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