terça-feira, 10 de novembro de 2009

Emigração abrandou com a Autonomia

Seminário sobre a mobilidade no Centro de Estudos de História do Atlântico









Alberto Vieira, que será um dos oradores num seminário que se realiza, na próxima quinta-feira, no Funchal, sobre a mobilidade, diz que o processo autonómico fez com que ocorresse uma mudança nas migrações de e para a Região. Para o responsável pelo Centro de Estudo de História do Atlântico as ligações aéreas vieram “revolucionar” o fenómeno da mobilidade.

De acordo com Alberto Vieira, com a conquista da Autonomia, a Região registou uma mudança na mobilidade das populações. Segundo o historiador, que irá falar, na próxima quinta-feira, no Centro de Estudos de História do Atlântico, a encerrar sessão de trabalhos do primeiro dia dedicada à História, com uma conferência sobre as “Mobilidades e Interculturalismos na Madeira. Olhares e Diálogos”, as motivações das mobilidades, quer para aqueles que chegam, quer para aqueles que partem, continuam a ser, praticamente, as mesmas — melhores condições de vida.
Com o processo autonómico, disse, houve como que «o redefinir de novos rumos em termos de emigração, como daqueles que passaram a sair. Há uma emigração qualificada, como sazonal para destinos determinados, o que expressa esta evidência da mobilidade humana neste dealbar do século XXI.».
Pela percepção que tem do fenómeno, Alberto Vieira diz que «um dos problemas importantes, do presente e do passado, é o facto das ilhas, por serem espaços limitados, devido ao processo demográfico, de conseguirem assegurar a todas as pessoas as condições para viver. E, por isso, a ilha, em momentos diversos, vai repelindo esses excedentes através de fenómenos diversos, um dos quais é a emigração». A mobilidade é, por isso, segundo o historiador, uma realidade da sociedade atual.
De uma forma geral, embora os motivos que levam à emigração sejam mais ou menos os mesmos, ou seja, a melhoria da qualidade de vida, «o que muda são as condições em que essa realidade acontece para as diversas pessoas que são levadas a sair».
Neste momento, ao nível da sociedade madeirense, Alberto Vieira diz que «o impacto mais significativo que nós sentimos é o da imigração, já não da entrada de populações dos países de outras áreas, nomeadamente, de países europeus, conotados como de Leste, mas, fundamentalmente, o retorno, que foi uma situação muito evidente nos últimos anos. O que contribuiu, até mesmo, para uma mudança em termos de sociedade, como são os casos da Venezuela e África do Sul».
Por outro lado, «nota-se, cada vez mais, uma grande mobilidade, umgrande movimento e aí vemos que os transportes aéreos são o motor dessa mobilidade. O facto de existir uma ligação directa por duas companhias propicia essa maior mobilidade do que lá estão, dos que retornam e voltam novamente. Hoje a realidade é completamente diferente daquela de antigamente».
A saída de madeirenses faz com que estes tenham deixado marcas nos quatros cantos do mundo por onde passaram, alguns deles conquistando alguma notoriedade, em especial a partir do século XVI, até ao momento presente, com alguns madeirenses a terem alguma visibilidade e importância nas sociedades onde estão inseridos, quer do ponto de vista político, económico ou cultural e científico.
Ainda a este propósito, Alberto Vieira cita uma passagem da obra do Padre António Vieira, precisamente, que «Deus deu um mundo estreito aos portugueses para nascer e todo o mundo para morrer». Para o historiador madeirense, esta mensagem «expressa bem o que foi a diáspora portuguesa e, em termos mais restritos, a diáspora madeirense».


A Madeira foi sempre um pólo de atracção
A ilha é, por princípio, segundo Alberto Vieira, director do Centro de Estudos de História do Atlântico, «um pólo de atracção e isto por várias razões, quer pelas condições económicas, em termos de exploração de determinados produtos que oferece, como foi a cana de açúcar e o vinho, quer pelas funções que exerce em termos geoestratégicos, da navegação».
Depois, tal como afirmou, «o facto dos ingleses terem apostado na Madeira como um mercado fornecedor de vinho, e no Funchal como porto principal de apoio às rotas que ligavam a metrópole às suas colónias, isso permitiu uma grande mobilidade no espaço, fundamentalmente, do Funchal e permitiu também aos madeirenses poderem usufruir dessas possibilidades. Porque se não fossem os “vapores do Cabo”, a emigração para a África do Sul não teria sido o que foi».




Jornal da Madeira

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