sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Construção do radar vai custar ao estado português 25 milhões de euros

Obra avança no Areeiro

Data: 27-11-2009




O tapume é da cor da paisagem árida do Pico do Areeiro, mas é impossível disfarçar o impacto da obra de construção do radar. Quem chega, dá de frente com duas gruas e com os barracões provisórios do café e das lojas de 'souvenirs'. E, para aceder ao ponto mais alto do Areeiro, é necessário contornar um estaleiro de cimento, de ferro e terra revolvida. Os trabalhos deverão continuar até a Primavera do próximo ano.

O Ministério da Defesa Nacional acredita que a construção do radar estará concluída no primeiro semestre de 2010. Segundo Filipe Nunes, assessor de Santos Silva, os prazos fixados são os seguintes: obra pronta em 2010 e radar operacional em 2011. Quanto aos custos, a extensão do Sistema Integrado de Comando e Controlo Aéreo de Portugal ao Arquipélago da Madeira está estimada em 25 milhões de euros.

Projecto polémico e muito contestado pelas associações ambientalistas, a obra é já uma realidade no terreno. A antiga estalagem foi demolida e são visíveis os alicerces da futura instalação militar. Um cartaz, escrito em português e em inglês, explica aos turistas que está em curso a construção de um radar que irá melhorar a vigilância nos mares da Madeira e a segurança aérea.

O mesmo cartaz, afixado no Areeiro, assegura que a empreitada foi adjudicada a uma empresa com certificado ambiental. É referido ainda que os trabalhos estão a ser monitorizados pelo Instituto de Ambiente e Desenvolvimento, um organismo dependente da Universidade de Aveiro.

Novo centro ambiental



As preocupações ambientais são sublinhadas não só no cartaz, mas também pelo Ministério de Defesa Nacional. Ao DIÁRIO, o assessor do ministro Augusto Santos Silva fez questão de salientar que o projecto "não prejudicará o turismo, na medida em que as actuais valências serão modernizadas e outras serão criadas, nomeadamente um centro de interpretação da fauna e flora autóctones". Ou seja, o que agora funciona em barracões provisórios (o café e as lojas de 'souvenirs') será modernizado e, além disso, surgirá, na sombra do radar, um centro para interpretação da fauna e da flora da Madeira. Esta parece ser uma contrapartida pela instalação de um equipamento militar (e polémico) em pleno Parque Natural. Chegou-se a temer pela sobrevivência da Freira (ver caixa). Embora melhore as instalações para o café e crie um centro ambiental, o Ministério da Defesa não abre mão do radar e insiste que é um imperativo nacional. "A extensão do Sistema Integrado de Comando e Controlo Aéreo de Portugal à Madeira é um imperativo na defesa do espaço aéreo nacional, que trará mais valias significativas a outras missões de interesse público na Região Autónoma da Madeira: busca e salvamento, evacuações sanitárias em ambiente marítimo, fiscalização das actividades de pesca e controlo de poluição".

Ameaças à freira




Os eventuais perigos do radar para a nidificação da 'Freira da Madeira' foram afastados em Abril deste ano pelo director do Parque Natural da Madeira. Paulo Oliveira garantiu na altura que a 'Freira da Madeira' nidifica à sombra e não será afectada pela instalação do radar no Pico do Areeiro.

Até porque, segundo o director do Parque Natural, as rotas de chegada desta ave à área, subindo os vales, estão para lá do radar. Refira-se que a interferência deste equipamento nas rotas da Freira, ave endémica e marinha, que nidifica nas serras foi uma das objecções colocadas contra a construção do radar no Areeiro desde que se tomou a decisão de o construir, em 2000.


DN Madeira


O Radar que vai ser Instalado o Laza3D







Cartaz Afixado no Pico do Areeiro


(Foto Paulo Farinha via Blog FarinhaFerry)

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