segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Estrada Monumental é a que tem mais acidentes

A Monumental é uma estrada com características próprias e onde há «grande movimentação» de veículos e pessoas






A Estrada Monumental é a mais perigosa da Madeira, de acordo com os dados estatísticos da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Desde 2001, a principal via de acesso à zona hoteleira já registou 866 acidentes. Na estatística da PSP, a “Monumental” aparece dividida em três troços: entre a Ponte do Ribeiro Seco e o Lido, onde aconteceram 282 acidentes, entre o Lido e a Praia Formosa (460) e desde a Praia Formosa até aos Socorridos (124).
O comissário Adelino Pimenta apresenta várias razões para explicar esta realidade. «Na Estrada Monumental circulam muitos veículos. Temos veículos de turismo e os dos residentes a circular. Por vezes, passam mais de 70 autocarros de turismo, por dia. Depois há as árvores nos passeios, obrigando os veículos a passarem rés-vés uns aos outros», começou por referir.
Além disso, a “Monumental” não só tem uma estrutura muito característica, o que não permite grandes alterações, como nela «circulam muitos peões», uma parte até significativa a fazer corrida.
É, portanto, uma estrada com características próprias e onde há «grande movimentação», apesar do desafogo que a paralela a norte, a Estrada João Paulo II, trouxe ao trânsito, desde que há dois anos abriu.
No entendimento do comissão Adelino Pimenta, o problema da sinistralidade na cidade do Funchal não está na construção das estradas. Aliás, o comissário considera que as estradas de hoje são bem melhores do que as do passado. «Em termos de segurança, nós nunca tivemos na Madeira estradas com estas condições», disse, referindo-se às melhorias na sinalização, iluminação, vigilância e asfalto.
Para Adelino Pimenta, a questão é de comportamento de alguns condutores.
«O que acontece é que as pessoas conduzem com uma velocidade muito acima do que é permitido por lei, daí que quando alguém precisa parar porque há um veículo acidentado, logo a seguir batem dois ou três», declara o oficial da polícia, lamentando o desrespeito que muitos têm pela distância de segurança.
«O que as pessoas fazem é: quer seja curva, quer seja túnel, quer seja estrada com boa visibilidade, conduzem sempre à mesma velocidade, sem saber o que lhes espera depois da curva ou dentro do túnel. Daí que muitos acidentes aconteçam assim», afirmou.
Esse comportamento faz com que a primeira causa dos acidentes na Madeira seja – «de longe» – o excesso de velocidade que, somado ao desrespeito pela distância de segurança entre veículos, representa entre 20% a 25% do total de acidentes na Região.
«Eu costumo dizer que se as pessoas saírem 15 minutos mais cedo de casa em direcção ao Funchal, 30% dos acidentes não acontecem», referiu.
Por outro lado, e por as rotundas serem pontos onde se registam muitos acidentes, Adelino Pimenta diz que os condutores madeirenses não estão habituados a circular em rotundas com mais de uma fila. E que, apesar de já ter explicado inúmeras vezes, há sempre gente que desconhece as regras.
Os condutores que circulam sempre na fila mais de fora, com receio de “perderem” num eventual acidente, revelam «alguma falta de habilidade», nomeadamente no recurso aos espelhos retrovisores interiores e exteriores, considera o responsável pelo Trânsito.
Por fim, o comissário explica que a maior parte dos acidentes na via rápida, nos troços dentro da cidade do Funchal, acontecem dentro dos túneis. Não só porque há menos visibilidade mas porque os túneis no Funchal não são, normalmente, rectos. Além disso, os condutores lutam para serem os primeiros a chegar aos nós de acesso à cidade e, por isso, imprimem grandes velocidades.
«Circulam nas curvas como se tivessem visibilidade a uma longa distância e são, muitas vezes, apanhados de surpresa com veículos em marcha lenta ou em mudança de fila de trânsito», relata.
Para baixar significativamente o número de acidentes na Madeira, bastaria que «as pessoas saíssem de casa 15 minutos mais cedo», assegurou o comissário.

Os acessos onde há mais acidentes de 2001

1. Estrada Monumental 866
2. Estrada Comandante
Camacho de Freitas 576
3. Caminho de São Martinho 427
4. Avenida do Mar 407
5. Caminho de Santo António (antigo) 399
6. Estrada da Boa Nova 393
7. Rua 31 de Janeiro 305
8. Avenida das Madalenas 287
9. Estrada dos Marmeleiros 285
10. Estrada Conde Carvalhal 281
11. Caminho do Esmeraldo 280
12. Estrada dos Marmeleiros 285
13. Rua Dr. Pita 265
14. Rua 5 de Outubro 259
15. Estrada Dr. João Abel de Freitas 229

Condutores pouco acostumados a circular com duas filas

1. Praça Francisco Santana
(junto ao hospital) 454 (desde 2002)
2. Rotunda do Infante 83 (desde 2001)
3. Rotunda dos Viveiros 55 (desde 2003)
4. Calouste Gulbenkien 54 (desde 2005)
5. Rotunda Sá Carneiro 27 (desde 2001)
6 .Rotunda de São Martinho 23 (desde 2006)
7. Praça da Acicom 19 (desde 2006)
8. Rotunda do Dolce Vita 19 (desde 2008)
9. Rotunda do GAG 2 14 (desde 2008)
10. Rotunda Dr. Pita 12 (desde 2006)
11. Rotunda do Esmeraldo 3 (desde 2006)
12. Rotunda da Fundoa 4 (desde 2006)

Via Rápida

1. Túnel do Jardim Botânico 199
2. Túnel João Abel de Freitas 110
3. Túnel dos Marmeleiros 98
do Pinheiro Grande (que liga à Cancela) 96
5. Túnel da Cancela 52

Outros pontos (desde 2001)

1. Ponte dos Socorridos 91
2. Nó da Boa Nova 91
3. Ponte do Porto Novo 90
4. Ponte da Cova do Til (por
baixo da Igreja do Campanário) 77
5. Nó da Madalena 53
6. Nó da Pestana Júnior 47
7. Nó das Quebradas 47
8. Nó do Esmeraldo
(saída para São Martinho) 59
9. Nó da Cancela 22

Intervenções pensadas para baixar sinistralidade

O vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Bruno Pereira, confirma que a Estrada Monumental e a Estrada Comandante Camacho de Freitas são duas artérias que «merecem particular atenção».
A Estrada Monumental tem, por exemplo, um «histórico» em termos de atropelamentos. Também por esse motivo, foram recentemente feitas intervenções com o objectivo de reperfilar essa estrada. Uma parte já está concluída, no troço entre a Ilma e o Fórum, com a abertura da ciclovia, mas o projecto é para continuar no próximo ano e chegar até à rotunda do Gorgulho. Num terceiro momento, o objectivo é prolongá-lo até à Ponte do Ribeiro Seco, o que acontecerá «eventualmente» ainda este mandato.
Esse reperfilamento de uma das mais emblemáticas estradas da cidade está a ser acompanhado de várias medidas, nomeadamente ao nível da iluminação nas passadeiras, da criação de um separador central no atravessamento da estrada, da sinalética e da instalação de uma fila “bus”.
«Não tenho dúvidas de que a continuação deste novo perfil da Estrada Monumental reduzirá, em muito, os acidentes que se têm verificado nesta mesma zona, nomeadamente em termos de atropelamentos», disse Bruno Pereira.
Quanto à Estrada Comandante Camacho de Freitas, Bruno Pereira referiu que toda a estrada em 2006 foi pavimentada e alargadas várias curvas, criados passeios e posta nova sinalética. A abertura da cota 500 libertará a estrada do muito tráfego que tem, disse o vice-presidente.
Portanto, conclui, «as medidas estão a ser tomadas».
O vice-presidente da Câmara, que tem o pelouro do Trânsito, explicou o que está a ser feito para evitar acidentes mas também chamou a atenção para o comportamento de alguns condutores quando, por exemplo, circulam com o piso molhado sem as devidas cautelas ou não mantêm uma distância segura do veículo da frente. Nestes casos, a forma de intervir é através das acções de sensibilização e de prevenção.
Bruno Pereira diz não ter dúvidas de que «a maior parte dos acidentes no Funchal acontece por razões de não cumprimento do Código de Estrada». Diz, no entanto, não ter elementos que permitam concluir se há estradas mal feitas no Funchal. «Nem digo que sim, nem digo que não», referiu, destacando, no entanto, que a sinistralidade grave na Madeira «não é, de maneira nenhuma, em número elevado, quando comparado com outras regiões do continente».



Jornal da Madeira

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