Conceição Estudante sobre a linha aérea Madeira-Continente
A A Presente no primeiro dia do XXXV Congresso Nacional da APAVT, a decorrer em Vilamoura, no Algarve, a convite da organização, a secretária regional do Turismo e Transportes, Conceição Estudante comentou ao JM as medidas ontem anunciados pelo secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, para o sector turístico.
Assim, Conceição Estudante começou por destacar que a medida que poderá vir a beneficiar mais directamente o destino Madeira é a do «alargamento da campanha de divulgação de Portugal para os mercados onde existem comunidades emigrantes, nomeadamente a Venezuela, França e África do Sul, para onde já temos ligações directas e onde podem vir a ser mais potenciadas, sobretudo o mercado francês, pelo que podemos beneficiar desta sinergia que vai acompanhar todos os esforços que a Associação de Promoção está a fazer».
Quanto à Venezuela e à África do Sul «contamos com os nossos embaixadores permanentes que são todos os nosso emigrantes e que podem ter um papel muito relevante na divulgação da Madeira».
No que se refere à medida avançado pelo secretário de Estado do Turismo de apoiar a realização de congressos com mais de 1000 participantes, realçou que esta “nalguns casos poderá vir a beneficiar a Madeira”, mas realçou não serem os congresso desta dimensão «o target da Madeira, pois nós trabalhamos para a faixa entre os 500 e os 1000». Todavia sublinha que «esta filosofia de apoio directo aos Congressos já vem sendo praticada há muitos anos pelo Governo Regional, embora não com a vertente de custos partilhados, como propõe o sistema de apoio apresentado, pois neste fundo vai-se buscar dinheiro à ANA e às agências de promoção, e no nosso caso o Governo Regional tem suportado quase exclusivamente este apoio aos grandes congressos, o que vamos continuar a fazer, até para poder vir a beneficiar dalguns destes 300 mil euros que irão estar à disposição».
Quanto à aposta na valorização da gastronomia nacional, a secretária regional do Turismo e Transportes salientou que essa aposta «já é feita pela Madeira», destacando “ser um dos itens muito valorizados», embora reconheça «que há algumas coisas para fazer, nomeadamente criar uma associação que represente os empresários do sector, que os possa de alguma forma autonomizar como parceiro para dialogar com o Turismo e criar melhor qualificação para o produto, para que possamos ter melhor restauração».
Questionado sobre uma afirmação do secretário de Estado do Turismo, em resposta a perguntas dos jornalistas, no âmbito do Congresso da APAVT, de que o sucesso da liberalização da ligação aérea entre a Madeira e o Continente ficou a dever-se em parte «às condições criadas» pelo Governo da República para «mais transporte aéreo para a Madeira», Conceição Estudante referiu que o Governo da República «é um parceiro incontornável, que pode ou não autorizar a liberalização da linha», salientando que esta foi uma iniciativa do Governo Regional, “que fez a proposta ao Governo da República, que depois foi levada à União Europeia e foi autorizada, o que, nessa ordem de ideias, também faz com que a UE tenha contribuído para o sucesso da liberalização da linha».
Destaca ainda o papel do Governo Regional na potencialização da liberalização, nomeadamente “através da introdução de novas rotas e do suporte dessas novas rotas, desenvolvida pelo GR, que foi buscar alguns fundos, dos quais o Estado também participa».
«O trabalho feito para a promoção da liberalização foi feito pelos actores regionais, nomeadamente pelo Aeroporto da Madeira e pela Direcção Regional do Turismo, que potenciou muito o mercado português, através de vários instrumentos, que vieram potenciar o aparecimento não só de novos parceiros, mas também que essas linhas sejam hoje um sucesso. Que o número de passageiros entre o Continente e a Região tenha aumentado muito este ano e que tenha sido, no fundo, o sustentáculo de um ano turístico que, a não existir essa proposta no mercado, teria sido mais gravaso para a nossa economia», realça a este propósito.
Conceição Estudante sublinha ainda que «com a aposta que foi feita no turismo interno, que a Direcção Regional de Turismo acabou por desenvolver com muito sucesso, esta liberalização está a surtir os efeitos desejados”.
Destaca ainda que não foi a campanha de turismo interno que o Turismo de Portugal fez que aumentou a visibilidade do destino, realçando que «nada se compara, por exemplo, com a visibilidade que a Flor do Mar deu à Madeira ou a transmissão do cortejo da Festa da Flor».
Quanto ao debate “Turismo: Vencer em Concorrência», a secretária regional do Turismo e Transportes destacou a intervenção do representante da TUI «a dar os parabéns à Madeira por ter levado 12 prémios na hotelaria durante a WTM em Londres».
Destacou ainda que durante o debate ficou patente que a aposta da Madeira não pode ser no turismo de massas, como é o caso do Algarve: «O sucesso da Madeira é o ter-se desenvolvido como um nicho de mercado muito específico, com características muito próprias, onde estamos a dar cada vez mais poder e mais capacidade de decisão ao consumidor final, sem esquecer o papel dos operadores».
«Tendo um bom produto o destino pode resistir», salientou.
Sector turístico começa a recuperar em 2010
No painel «Turismo: Vencer em Concorrência», o representante da Organização Mundial de Turismo, Taleb Rifai, salientou que o sector turístico irá começar a recuperar em meados de 2010, embora a recuperação na Europa seja mais visível no final do próximo ano. Acentuou, assim, que os consumidores europeus começaram a recuperar os níveis de confiança após o Verão, o que considerou «ser um bom sinal».
Concordando com o presidente da APAVT de que o sector turístico não precisa de subsídios, acentuou no entanto que «o turismo não precisa de mais impostos e de mais burocracia».
Por seu lado, Fernando Pinto, presidente da TAP, falou das dificuldades do sector do transporte aéreo no momento actual, destacando todavia que a TAP «tem sobrevivido no seu nicho de mercado».
Destacando que «há uma nova realidade» no sector do transporte aéreo, «com tarifas mais baixas», salientou que as empresas têm «de reduzir custos e inovar» e que a TAP «vem trabalhando para satisfazer as necessidades do mercado, sobretudo o português».
Disse ainda que a TAP aumentou a ocupação dos seus voos de 70 para 74%, apesar de ter reduzido o número de destinos em 10%, e que 2009 será assim o segundo melhor ano para a empresa.
Joe Clarke, da TUI United Kingdom, referiu que o mercado turístico português enfrenta uma grande pressão concorrencial de mercados como o Egipto ou a Turquia na captação de turistas no Reino Unido, sobretudo a nível de preços. Em relação à Madeira destacou os 12 prémios atribuídos ao sector hoteleiro, o que confirma este destino como sendo de qualidade.
Jornal da Madeira
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