sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Jardim satisfeito com a vinda do gigante brasileiro para o Funchal

Revisão constitucional tornará CINM mais atractivo

O presidente do Governo Regional agradeceu ontem a opção pela Madeira que o gigante brasileiro na área da siderurgia fez. Alberto João Jardim diz que o Centro Internacional de Negócios é uma forma de internacionalização da economia portuguesa e agora espera que a próxima revisão constitucional venha permitir que as autoridades regionais tornem a praça financeira mais competitiva.








O presidente do Governo Regional disse ontem esperar que a próxima revisão constitucional torne o Centro Internacional de Negócios da Madeira mais competitivo.
Alberto João Jardim falava na inauguração das novas instalações das empresas CSN-Madeira, Namisa Europe, Hickory e Cinnabar, pertencentes ao grupo CSN - Companhia Siderúrgica Nacional do Brasil.
O presidente do Governo Regional agradeceu a opção deste gigante brasileiro da indústria dos minérios em sedear na Madeira todos os negócios na área comercial com a Europa.
«Quero agradecer-lhes o facto de terem escolhido o Centro Financeiro e Internacional da Madeira para basear aqui as vossas operações comerciais no continente Europeu», destacou Jardim.
«Para nós, é uma honra a confiança que vossas excelências vêm depositar na Região Autónoma da Madeira», continuou, explicando aos presentes, entre os quais os 20 funcionários que trabalham nos escritórios do Funchal, algumas opções que a Madeira teve de tomar, quando se tornou região autónoma em 1976, para que pudesse vencer as dificuldades que se lhe apresentavam.
Foi necessário «pensar» em soluções para o desenvolvimento de uma região com uma orografia agreste e uma forte densidade populacional, recordou.
A praça financeira foi um delas.
«Muita gente fala de inovação, cá está o Centro Financeiro da Madeira, é uma inovação não apenas madeirense mas de toda a economia nacional», referiu o presidente, mostrando o CINM hoje como um bom exemplo do processo de internacionalização da economia portuguesa.
Jardim diz que «toda a gente» fala da necessidade da economia portuguesa se internacionalizar, «mas alguns que falam destas coisas depois não gostam do Centro Financeiro da Madeira, nomeadamente por inveja, que é um sentimento muito português; e outras vezes por analfabetismo, o país esteve muito atrasado culturalmente durante estes anos todos e ainda tem um sistema educativo muito deficiente».
Por estas razões e «até por meras razões políticas», continuou o chefe do Executivo, «não querem que a Madeira faça inovação e internacionalização da economia», apesar de dizerem que essa é uma das necessidades do país.
Mas, para Jardim, é indiferente «o que eles querem ou não querem. Em democracia, faça-se a vontade do povo».
O presidente do Governo Regional rebateu também o argumento dos que criticam as praças financeiras por as mais-valias criadas pelas operações não ficarem todas distribuídas pela população residente.
«Se fosse para isso não tínhamos aqui empresas, porque nenhuma empresa ia para uma zona franca distribuir toda a sua mais-valia pela população local. Por outro lado, as vantagens deste centro internacional são que parte dessa mais-valia se distribui economicamente pela população do local onde está e cria postos de trabalho aumentando o poder de compra da população e a massa monetária em circulação», disse João Jardim, acrescentando ainda outro ganho: a promoção gratuita do nome Madeira que a praça financeira acaba por produzir em tanta parte o mundo.
«Estas são razões bastantes para a continuidade da existência da Zona Franca», defendeu Jardim, considerando que para esta praça ser ainda mais «eficiente» será necessário rever a Constituição Portuguesa.
«Nós estamos, neste momento, a pleitear uma revisão da Constituição da República Portuguesa que nos permita ter poderes fiscais bastantes para tornar mais competitiva esta zona internacional de negócios», disse.
Charles Putz é o presidente da Namisa, uma das empresas do grupo. Putz falou um pouco da grupo CSN, explicando que a empresa se formou em 1941, tornando-se a primeira siderúrgica do Brasil. Foi privatizada em 1993 e hoje é muito mais do que uma siderúrgica. Actua na área do minério de ferro, cimento, logística e energia.
«Na área do minério de ferro, o grupo construiu a Namisa que, apesar de ser controlada pela CSN, tem também como accionistas as cinco maiores siderúrgicas do Japão, a maior da Coreia do Sul e uma grande “trading” japonesa», explicou Charles Putz.
O grupo brasileiro está neste momento num processo de internacionalização, tendo já operações, na área do aço, nos Estados Unidos da América e, em Portugal, através da Lusosider, uma empresa adquirida na totalidade pelo grupo no início desta década.
Agora, o grupo «escolheu como sede para centralizar as suas operações de comercialização de comércio de ferro e de aço no mundo, aqui, no Funchal», disse.


Machado crê que Zona Franca dê 160 milhões em IRC

À margem da inauguração, o director regional das Finanças, João Machado, disse esperar que a partir de 2012, com a introdução dos novos regimes para as empresas que estão no Centro Internacional, haja, a médio prazo, a duplicação da receita proveniente do IRC cobrado, que actualmente é de 80 milhões de euros.


A OBRA

O director-geral da CSN-Madeira, Geraldo Morais, disse que a empresa irá consolidar-se na Madeira conforme o mundo for saído da crise. O principal produto para venda dos escritórios no Funchal para toda a Europa é o minério de ferro.
Nas contas deste grup, a CSN possui participação em algumas minas cujos projectos de expansão vão sair do nível actual de 21 milhões de toneladas em Casa de Pedra para 50 milhões e nas minas da Namisa de 14 milhões de toneladas para 39 milhões nos próximos anos.
Este aumento de produção precisa ser escoado e grande parte do mercado que será atendido por estes produtos será a Europa, que terá o Funchal como porta de entrada.
Ontem, Geraldo Morais deixou uma garantia: «Viemos para ficar».



Jornal da Madeira

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