quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Consagração da Igreja do Jardim da Serra dia 15 de Novembro

Igreja de 2,6 milhões de euros
Grandioso investimento teve 1,9 milhões de apoio do Governo Regional

Data: 11-11-2009






(Foto via hi5 Jardim da Serra)

É domingo consagrada a nova igreja do Jardim da Serra, cujo investimento global está orçado em 2,6 milhões de euros, a maioria deste custo comparticipado pelo Governo Regional. O vultuoso investimento além de ter recebido 1,9 milhões de euros do erário público, o que equivale a 73% do custo total, teve ainda a cedênciade uma parcela de terreno que permitiu a concretização desta igreja de grandes dimensões, edificada num terreno com mais de três mil metros quadrados (m2), sendo que a área total de construção ultrapassa os mil m2. O imponente edifício branco, que agora sobressai no topo da freguesia mais alta do concelho de Câmara de Lobos, além dos seus 54 metros de comprimento por 40 de largura, destaca-se pelos 22 metros de altura, sendo que a torre sineira eleva-se ainda por mais quatro metros. Uma volumetria que a faz destacar-se na paisagem da freguesia, sendo visível a grande distância, quer junto ao litoral ou até mesmo na encosta Oeste da freguesia de S. Martinho, no Funchal.

Segundo o arquitecto João Paredes, responsável pelo 'desenho' deste novo templo, esta dimensão "deve-se ao facto de que a nova igreja se destina a servir uma freguesia recente, com uma população numerosa que ocupa as extensas zonas altas acima do Estreito de Câmara de Lobos".

Capacidade até mil pessoas


Daí que a igreja tenha no espaço dedicado ao culto uma capacidade de 425 lugares sentados. Uma lotação que pode duplicar, uma vez que "os amplos corredores de circulação constituem uma reserva de espaço que permite, em dias de festa, receber até mil fiéis", assegura o arquitecto que há mais de duas décadas dedica grande parte da sua actividade profissional à arquitectura religiosa.

Já no que se refere ao espaço para o desenvolvimento de actividades pastorais e sociais da comunidade paroquial, realça a existência de "cinco salas na igreja nova que complementam as salas existentes no edifício da residência paroquial junto à antiga igreja".

O investimento global para a construção da igreja e seus arredores está orçado em 2,6 milhões de euros, incluindo a aquisição de uma parcela de terreno, o mobiliário e a arte sacra. O GR comparticipou com mais de dois terços deste montante (1,9 milhões), enquanto que a fábrica da igreja e a comunidade paroquial custearam os restantes 700 mil euros.

Registe-se ainda que a Câmara Municipal de Câmara de Lobos cedeu gratuitamente uma outra parcela de terreno, que juntamente com as restantes aquisições de terreno, "permitiram a criação de um adro de dimensões adequadas à realização de festas tradicionais", bem com "a abertura de um arruamento a sul da igreja em previsão de nova e qualificada expansão urbana a nascente", destaca.

João Paredes considera "determinantes para a valorização do edifício da igreja estas aquisições de terreno", e destaca que "a integração na paisagem da importante massa edificada do templo ficará completa com o pleno desenvolvimento das árvores já plantadas no adro, tendo sido escolhidos exemplares pertencentes às espécies características da floresta Laurissilva", concretizou.

Segundo o arquitecto João Paredes, "a arquitectura desta igreja vai buscar as suas origens nos primeiros séculos do Cristianismo. Inspira-se no modelo mais universal da arquitectura religiosa mundial, que é a igreja de Santa Cecília em Constantinopla. Expressão superior da arte bizantina e herdeira da cultura greco-romana, Santa Cecília documenta a passagem do Cristianismo de culto clandestino a religião oficial e tem servido de modelo aos principais templos das grandes religiões monoteístas: basílicas católicas, igrejas ortodoxas, mesquitas. A forma redonda traduz a dinâmica inclusiva da liturgia e da vivência da Fé, que é uma experiência de relação com o Senhor e com os irmãos - a vida em comunidade sustentada e transfigurada pela relação pessoal com Deus Altíssimo. Esta forma está presente em expressões notáveis da arquitectura contemporânea, como a catedral de Évry (cidade-satélite de Paris), do arquitecto suíço Mário Botta", regista.

Por outro lado, "a nova igreja do Jardim da Serra assume-se claramente como edifício destinado ao culto religioso católico e mais recupera elementos tradicionais da arquitectura e da arte sacra madeirenses. Assim aconteceu também porque a população local desde sempre acompanhou de perto e demonstrou consistentemente ao longo do processo construtivo a sua adesão a este projecto, para cuja concretização contribuiu generosamente", sublinha.

O que tem de especial esta igreja? "Para cada comunidade, a construção da sua igreja paroquial reveste uma enorme importância histórica, é um acto fundacional na plena acepção desta expressão. O processo de construção de uma igreja é um processo moroso, que pode levar de quatro a dez anos, ou até muitas décadas. É típico dos templos serem produtos em permanente elaboração. Nenhuma igreja está nunca inteiramente concluída, e tal como as igrejas antigas madeirenses, as igrejas de hoje são espaços por definição sempre abertos à criação artística, sempre passíveis de melhoramento, e que sempre envolvem uma participação expressiva de diversos elementos da sociedade: comunidade de fiéis, pároco, autoridade diocesana, autoridades civis, equipa de projectistas, construtores. Todos têm de estar fortemente motivados e com todos temos de dialogar", refere.

Já 'desenhou' sete novas igrejas



Esta é a sétima nova igreja madeirense projectada e cuja construção foi acompanhada pelo conceituado arquitecto. João Paredes tem em fase de projecto três novas igrejas, uma delas na Madeira (igreja do Atouguia, na Calheta) que será a próxima a ser lançada. "Tenho consagrado boa parte da minha actividade profissional à arquitectura religiosa, há mais de 20 anos que estudo e aprofundo esta especialização", regista. Na procura constante das raízes da arquitectura sacra foi em peregrinação à Terra Santa, à Grécia, à Turquia, à Rússia, à Índia, e visitou todos os países europeus.


DN Madeira

Igreja de Santa Cecília em Constantinopla.





O tecto da Igreja do Jardim da Serra

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