Numa fase experimental, a Câmara irá implementar este sistema apenas na Rua dos Aranhas e no Largo Gil Eanes
A Câmara Municipal do Funchal vai substituir as correntes que cortam o trânsito em algumas ruas do centro da cidade por pilaretes hidráulicos.
Numa fase experimental, entre 2010 e 2011, a Câmara irá implementar este sistema apenas na Rua dos Aranhas e no Largo Gil Eanes (atrás da Sé, junto às floristas), mas o objectivo é, no futuro, estender este método a todas as ruas hoje fechadas à circulação automóvel.
Os pilaretes hidráulicos são tubos cilíndricos metálicos que sobem ou se retraem perante a presença de um veículo. Os pilaretes ficam colocados no início e no final de cada estrada e só descem quando reconhecem a matrícula de uma viatura autorizada. O reconhecimento é feito através do recurso a uma câmara de vídeo. O sistema informático analisa a matrícula e se esta for encontrada na base de dados (entretanto criada) o pilarete desce autorizando a passagem.
Haverá um conjunto de veículos registados nessa base de dados. A mesma será composta pelo grupo de comerciantes e de entidades que hoje já tem acesso a essas estradas, através das chaves dos cadeados.
A diferença é que agora, em vez de precisarem de um conjunto de chaves, os veículos que diariamente circulam nessas ruas de acesso condicionado para cargas e descargas, por exemplo, têm apenas de se aproximar da câmara de vídeo.
O vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal destaca as vantagens deste sistema. «Isso significa acabar com as correntes que hoje em dia existem e que representam uma tecnologia anacrónica, que significa muitas vezes ter de dar chaves a um conjunto de empresas – padarias, pastelarias - que fazem uma reposição constante dos seus produtos. Mas o novo sistema também favorece os moradores com garagens, pois já não terão de sair da sua viatura para abrir o cadeado. Basta aproximar-se da câmara.
Ao introduzir os pilaretes hidráulicos significa retirar as correntes de ferro e prescindir da empresa de segurança que diariamente averigua as condições das correntes, mas quer dizer o fim das cópias das chaves que são dadas a algumas empresas, a corporações de bombeiros, à PSP, etc..
Terminam também as soluções radicais de, em caso de esquecimento da chave e perante uma emergência, terem de cortar as correntes.
Há já pilaretes mas inactivos
Actualmente, o Funchal já tem duas ruas com pilaretes, ainda que estes não estejam activos.
Um está no acesso ao estacionamento do edifício do Teatro Baltazar Dias (no lado da Toyota) e o outro encontra-se no acesso junto ao Palácio São Lourenço.
Até ao momento, os pilaretes estão recolhidos. «Como não tem havido abusos, não vale a pena estarem fechados», explicou Bruno Pereira.
No entanto, estes pilaretes funcionam de modo um pouco diferente dos que a Câmara Municipal do Funchal quer colocar pela cidade. Enquanto que o novo sistema recorre a uma câmara de vídeo para identificar os veículos, os actuais pilaretes funcionam a partir de um controlo remoto.
Importa ainda referir que o novo sistema de acesso a ruas fechadas ao trânsito no Funchal será introduzido no âmbito do projecto Civitas.
O Civitas é um projecto europeu que apoia várias cidades com a intenção de introduzir e testar medidas ambiciosas e inovadoras, que visam a melhoria da mobilidade local.
Funchal fechou quatro quilómetros no centro
O vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal diz que desde os anos 80 foram fechados cerca de quatro quilómetros de estradas no centro do Funchal.
Esta foi, aliás, umas das tónicas da sua intervenção no “workshop” sobre “Acesso ao Centro da Cidade - Um Pesadelo Político”, decorrido no final da última semana, em Roma, e no qual participaram os vereadores com os pelouros do trânsito das cidades de Roma e Bolonha (Itália) e Tallinn (capital da Estónia) e Funchal (Portugal).
«Todos nós estivemos a dizer o que estamos a fazer nesta respectiva área», explicou Bruno Pereira, em declarações ao Jornal da Madeira. No caso do Funchal, disse, «a nossa prestação versou todo o encerramento de quatro quilómetros de vias que nós fizemos ao longo dos anos 80 e, especialmente, 90, no centro da cidade do Funchal».
Foi nesse período que encerrou o quarteirão da Sé, a Praça Colombo, a Rua da Praia, a Rua dos Aranhas, a Rua João Tavira, a Rua dos Ferreiros, a Rua Santa Maria, entre outros.
«São cerca de quatro quilómetros de vias que foram fechadas nessa altura», disse, explicando que a intervenção foi feita de forma integrada.
«Esse foi um trabalho conjunto, ou seja, a Câmara não se limitou a fechar, mas trabalhou com associações empresariais, quer com a ACIF, quer com a AJEM», referiu. Estes encerramentos aconteceram no âmbito de projectos de urbanismos comerciais, como o URBCOM - Sistema de Incentivos a Projectos de Urbanismo Comercial e PROCOM - Programa de Modernização do Comércio.
Ao realizar esta intervenção de forma integrada foi possível na altura «a Câmara Municipal melhorar os pavimentos, introduzir a calçada portuguesa e o mobiliário urbano (cinzeiros, bebedouros, bancos, etc), mas também os comerciantes tiveram a hipótese de renovar as suas lojas, de colocar iluminação, de terem cursos de formação em termos de gestão e marketing, etc.», declarou o autarca.
Portanto, concluiu, «o grande pesadelo de todas as cidades do mundo, que é restringir o trânsito na cidade e o que isso traz para os comerciantes, na cidade do Funchal foi, de uma forma geral, muito bem gerida, por via dessa política», disse.
«Câmara deveria era preocupar-se com o estacionamento»
O presidente da Associação de Comércio Tradicional, Lino Abreu, diz que a Câmara Municipal do Funchal deveria estar mais preocupada em criar medidas «estruturantes» para atrair mais pessoas para o centro da cidade do que se preocupar com meros «aspectos logísticos».
«Eu penso que essa medida não traz valor acrescentado. O que verdadeiramente importa é a disponibilização de mais e mais baratos estacionamentos» na cidade, defendeu Lino Abreu, num comentário à decisão da Câmara de introduzir pilaretes hidráulicos em substituição das actuais correntes nas estradas fechadas ao trânsito.
Para o presidente da Associação de Comércio Tradicional, «a medida traz uma melhoria para o comerciante, mas apenas em termos logísticos. Passa a ter a vida facilitada, pois o acesso deixar de estar restrito uma hora do dia», mas não trará «qualquer valor acrescentado para os clientes».
Segundo Lino Abreu, o novo sistema também beneficiará a logística da Câmara, pois deixará de ser necessário ter pessoas para controlar os cadeados.
Não obstante, o presidente da Associação entende que a Câmara «deveria estar mais preocupada com medidas estruturantes do que com pilares hidráulicos».
«A Câmara deveria preocupar-se com a melhoria do estacionamento na cidade, baixando os preços nas épocas festivas por forma a atrair mais pessoas ao centro», disse, considerando «inadmissível» que o Funchal seja «uma cidade com preços de estacionamento entre os mais caros da Europa, equivalentes aos Nova Iorque».
Por isso, irá propor na próxima reunião da Câmara Municipal do Funchal - Lino Abreu foi eleito vereador pelo CDS-PP em Outubro - que sejam dados «incentivos» nos estacionamentos a quem faça prova de que comprou na baixa do Funchal.
Bombeiros satisfeitos por largarem “tonelada de chaves”
O comandante dos Bombeiros Voluntários Madeirenses aplaude a decisão da Câmara Municipal do Funchal de colocar pilaretes hidráulicos nas ruas fechadas ao trânsito.
Rui Pedro acredita que o novo sistema facilitará o trabalho dos bombeiros e permitirá mais rapidamente um veículo chegar a qualquer ponto da cidade
«Se este for um sistema de vídeo, que seja capaz de fazer a leitura das matrículas, identificá-las e fazer descer o hidráulico, não vejo nada contra. Pelo contrário, vem facilitar o sistema», opinou o comandante.
Os bombeiros, porque precisam de usar todas as estradas, têm inúmeras chaves.
Ora, o novo sistema vem facilitar a “vida” destes elementos, pois deixará de ser necessário «aquela tonelada de chaves» destinada a cada uma das viaturas que saem em socorro.
Jornal da Madeira
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