terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Jovem recria tradições em presépio gigante




Filipe Rebolo é um jovem de 24 anos, que mora em Santo António, e que todos os anos vive as tradições de Natal com grande intensidade. É no presépio, que constrói em sua casa, que consegue expressar esta sua paixão por uma época do ano que é a sua preferida. O presépio, com 12 metros quadrados, além de retratar o nascimento do Menino Jesus, ainda recria cenários do quotidiano madeirense, como as bordadeiras, a matança do porco, as romagens, as bandas de música entre outros. Um trabalho feito em conjunto com o seu pai, que tem ficado dentro de portas e que agora o JM vem mostrar ao público.


Começou por ajudar o pai a colocar as figuras no presépio quando ainda era criança, agora, com 24 anos, constrói um nascimento que ocupa uma grande divisão da sua casa. Filipe Rebolo é um jovem enfermeiro de Santo António que demonstra uma grande admiração pelas tradições desta quadra. Participa na matança do porco, assiste a todas as missas do parto na paróquia e gosta, depois do jantar da Noite de Natal, de ir à Missa do Galo.
Mas é no “seu” presépio, que demora quase um mês a fazer em conjunto com o seu pai, Avelino Rebolo, que consegue expressar toda a sua paixão pelo Natal. E a nossa equipa de reportagem pode comprovar isso mesmo ao acompanhar a construção deste presépio gigante. A primeira visita ficou marcada para 30 de Novembro e Filipe Rebolo já tinha parte da armação em madeira feita na arrecadação. Ao entrar naquela divisão da casa podíamos perceber onde iria ficar o estábulo, mas nada mais do que isso. Com muitas ideias na cabeça, o jovem estava a começar o projecto que costuma ir sonhando ao longo de todo o ano. «Quando estou a construir ou até a desmanchar o presépio, já estou a pensar no próximo, tem de ser assim para ser sempre original todos os anos».
A segunda visita ficou marcada para dia 15 de Dezembro e Filipe Rebolo tinha o seu trabalho a meio, já que além da estrutura em madeira, havia papel na parede, retratando as serras da Madeira. Neste dia ficou a promessa de que a 21 de Dezembro estaria tudo pronto “para a fotografia”. Os últimos pormenores foram feitos após a missa do parto de ontem, para que à nossa chegada tudo estivesse pronto. E estava.
Em qualquer presépio as figuras de destaque são o Menino Jesus, a Nossa Senhora e São José. Aqui não o deixam de ser, mas é preciso um olhar mais atento pelos 12 metros quadrados de presépio. É que aqui tudo foi feito ao pormenor. «Este ano, as dimensões foram um pouco maiores do que no ano passado que tinha menos dois a três metros, agora maior só se derrubar paredes!». Desejo para tal não faltava, porque a sua maior inspiração era o presépio da Casa de Saúde de São João de Deus.
Regressando à sua “obra de arte” e num olhar mais atento, podemos observar uma “fazenda” com os palheiros em pedra, construídos pelo jovem, colocados sob os socalcos também em pedra, fazendo lembrar a paisagem madeirense. «Tento sempre reproduzir o que é característico e tradicional na nossa ilha», argumenta. As cenas do nosso quotidiano não foram esquecidas como a bordadeira, os homens que matam o porco para a Festa, as bandas de música e ainda um grupo de romagens com figuras de homens e mulheres que tocam e cantam músicas de Natal. E ali ouve-se, já que Filipe Rebolo coloca também música de fundo para acompanhar a visita ao presépio. Esta obra pode ser apreciada apenas por familiares e amigos, já que o acesso à divisão tem de ser feito pelo interior da casa, facto este que não o permite abrir as portas do presépio ao público. Por isso, aqui ficam as fotos (Consultar a Edição Impressa).


Madeira, papel, pedras, arame foram alguns dos materiais usados na construção do grande presépio. O musgo e a palha adornam aquele cenário que é complementado ainda fontanários e com diversos tipos de plantas “ensaião”, “jarros de ribeira”, “babosas”, pinhas e castanhas. As gambiarras também não podiam faltar para dar um brilho especial.


Filipe Rebolo sempre gostou desta altura do Natal e lembra que, quando era adolescente, a sua mesada era guardada para comprar imagens para o presépio. Apesar das figuras serem compradas, o jovem já construíu palheiros típicos madeirenses, uma ponte romana e o arco que retrata as portas da cidade. No seu presépio, há ainda a réplica da Igreja do Monte, de Santo António e da Capela do Trapiche, todas feitas por si.


«O gosto pelo Natal leva-me a ter este trabalho todo. Esta é a minha altura preferida do ano, gosto desta envolvência, desde as missas do parto, a Missa do Galo e a matança do porco», disse Filipe Rebolo.



Jornal da Madeira

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