sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Um presépio do coração


O presépio é da autoria das irmãs Maria Isabel e Ana de Freitas, da Camacha

Data: 18-12-2009













A Casa do Povo da Camacha volta a apresentar este ano um presépio de grandes dimensões, da autoria de duas irmãs, Maria Isabel de Freitas de 57 anos e Ana de Freitas de 54 anos, mais conhecidas na Camacha pelo título informal de 'irmãs camacheiras'.

Convidadas pelos responsáveis da Casa do Povo da Camacha logo em Janeiro deste ano, as irmãs assumem que dedicaram 11 meses na preparação dos adornos deste presépio, construído de maneira a retratar o relevo acidentado da Ilha da Madeira. O presépio demorou três dias a ser construído.

O DIÁRIO visitou o presépio na manhã da passada quarta-feira, pouco depois Ana de Freitas, na ausência da irmã, ter regado o musgo, as 'cabrinhas' e outras plantas que o envolvem, de forma a evitar que estas sequem . "O que distingue este presépio dos outros é o trabalho feito à mão. Temos 77 casas, 41 bonecos e vários carros de cana, todos eles feitos à mão ao longo do ano", responde a irmã mais nova, Ana de Freitas.

Um trabalho louvável que pode escapar à atenção dos mais distraídos e que indicia um enorme gosto e respeito por uma tradição que lhes foi transmitida pela mãe. "Desde pequenas que ajudávamos a minha mãe a fazer presépios. Fomos ajudando e ganhando gosto. Já na altura, a minha mãe fazia estes bonecos mas em vez de pano ela utilizava barro. Algumas das casas já têm cerca de 20 anos. Fazemos isto porque gostamos muito do Natal", afirma, com um sorriso, a irmã mais nova.

As irmãs revezam-se no trabalho de elaboração das casas e dos bonecos e repartem qualidades. Ana de Freitas afirma que gosta mais de fazer os bonecos enquanto Maria Isabel de Freitas tem mais "arte" para a arquitectura e a engenharia das casas. Para as duas irmãs, este é um presépio muito especial. "Este é um presépio feito do coração. Não foi fácil chegar aqui e ter tudo isto pronto, mas asseguro-lhe que tanto eu como a minha irmã, quando trabalhamos nas casas ou nos bonecos esquecemos todos os nossos problemas", desabafa, Ana de Freitas.

Esta é a segunda vez que as 'irmãs camacheiras' fazem o presépio nesta Casa do Povo, facto que lhes deixa muito satisfeitas, apesar do infeliz sucedido na última vez que ali fizeram um presépio. "Há dez anos fizemos um presépio aqui, mas choveu e entrou água dentro do edifício e destruiu-me quase todas as casas. Fevereiro e Março deste ano serviu para renovar as casas estragadas".

Casas são réplicas reais



As casas, de cartolina, réplicas de casas reais que existem na Região, contam com pormenores deliciosos como cortinas e candeeiros. Os telhados são feitos de cana. "Passamos muitas, muitas horas de volta de uma casa. Nunca contamos quanto tempo, mas levamos muitas horas para colocar os tampásseis, imaginar as chaminés ou colar as cortinas. É muito tempo só nos pormenores. Utilizamos canas, palitos e paus de gelado para fazer varandas e telhados. O objectivo de tudo isto é cativar as pessoas que visitam o presépio. Podem dizer que esta ou aquela casa é parecida com a de algum amigo ou familiar", afirma Ana de Freitas.

Já os bonecos, que levam "quase tanto tempo a fazer como as casas", são feitos com uma armação de arame, levam algodão e depois são enriquecidos de pormenores: barretes de vilão, brincos, gravatas, vestidos de renda e ainda, algum croché. No presépio podem ainda ser vistos um conjunto de figuras que simbolizam a malha do trigo.

Este não é, contudo, o único presépio que as irmãs fizeram este ano. "Já fizemos um presépio em casa e outro na Igreja da Camacha. Este ano foi um ano em cheio com presépios. Vai ser por isso um Natal feliz", termina, animada, Ana de Freitas.

Noite Branca na Camacha

A população da Camacha terá, no próximo sábado, mais uma iniciativa que visa assinalar a especificidade do Natal nesta localidade carismática, conhecida pelo folclore e pelo vime. Com efeito, a Casa do Povo da Camacha organiza a primeira 'Noite Branca' desta freguesia. Nuno Abreu, vogal na direcção desta Casa do Povo, explica o que é pretendido com a organização deste evento.

"Queremos fazer uma noite tradicional onde queremos mostrar o que se faz e se passa nesta quadra na Camacha. As pessoas juntam-se para celebrar o Natal e o que queremos e elevar ainda mais essa celebração". Nuno Abreu adiantou ainda actuações que se vão realizar. "Esta é uma iniciativa que irá congregar as actuações de todos os Grupos Folclóricos da Camacha, aproveitando o facto da Câmara Municipal de Santa Cruz ali ter colocado uma tenda nesta quadra natalícia".

Esta Casa do Povo pretende também aproveitar a realização da Missa do Parto de Sábado que é das mais concorridas da Região. Estão previstas actuações dos Grupos Folclóricos do Rochão, da Casa do Povo da Camacha e das Romarias. "O Grupo do Rochão fará uma romaria desta localidade para a Camacha a partir das quatro da manhã. Das duas até às seis da manhã, a 'Noite Branca' terá animação musical dos anos 70 e 80".

As actuações iniciam-se às 20horas, com a subida ao palco de um grupo de alunos da Capela do Santo Contestável, actua depois um grupo de alunos da escola Básica da Camacha, seguidos da Tuna de Bandolins. A tradição madeirense dos despiques também marcará presença nesta festa. A tenda que já está montada na Camacha ficará nesta freguesia até ao dia 10 de Janeiro, data da realização da prova de atletismo, 'Grande Prémio da Camacha'. No dia 28 de Dezembro a Camacha irá celebrar, o dia da subida a paróquia, também com muita animação musical.


DN Madeira

Mais fotos do Presepio da Camacha :


http://picasaweb.google.pt/capocam/Presepio#

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