domingo, 20 de dezembro de 2009

Arte... sempre

Desde criança que João Egídio, coleccionador de presépios, se sente atraído pela decoração.
Data: 20-12-2009





João Egídio Rodrigues, coordenador de decorações da Direcção Regional de Agricultura, é uma figura completamente incontornável no quadro de festas da Madeira e na arte de bem decorar. Cartazes emblemáticos que arrastam milhares de turistas no Carnaval, Festa da Flor, Festa do Vinho, mas fundamentalmente no Natal e Fim-de-Ano, todas estas marcas 'made in Madeira' têm por mais pequena participação, o selo pessoal das mãos e da inesgotável imaginação de João Egídio. Desde os seis anos de idade começou a cultivar o gosto pela profissão que hoje exerce com profunda paixão. Nota-se-lhe nos olhos e no modo de falar. Amigos e colegas de trabalho reconhecem-lhe capacidades ímpares.

À MAIS diz que nesta altura do ano perde conta às horas que despende nos arranjos florais e na cenografia, confidenciando que nesta quadra praticamente não coloca os pés no gabinete que lhe está adstrito. "É muito trabalho para se fazer", solta o desabafo no meio de mais decoração, justamente na placa central da Avenida Arriaga, bem próximo da Sé Catedral.

Ali estava a nascer mais um quadro decorativo e mais um lugar onde certamente turistas e madeirenses vão aproveitar para juntar ao álbum de recordações. Serão inúmeros os flashes fotográficos onde o pano de fundo tem a assinatura de João Egídio Rodrigues. "Levei uns três meses para chegar a isto", salienta, olhando ao mesmo tempo para o carpinteiro que, entretanto, o ajuda a montar toda a cenografia de madeira. "Desde passar a ideia para o papel até à fase final do projecto, tudo tem o seu timing", adianta, enquanto passa a mão pela cabeça.

Por mais que o brilho e a espectacularidade dos arranjos possam mostrar, quase parecendo terem saído de puros actos de magia, a verdade é que a vertente humana ainda está muito longe do fino toque da varinha mágica que qualquer fada possui.

O clique para decoração começou cedo. A par deste 'apetite' junta outro: é coleccionador de presépios. Ao todo leva mais de 2.000 exemplares de vários recantos do mundo. "De diversas formas e feitios", revela, afirmando não saber qual o que mais aprecia. "São todos muito importantes para mim e jamais venderia, trocaria ou sequer ofereceria um simples presépio. Fazem parte da minha vida e todo, por mais vulgar que possam parecer, têm um relato importante para contar".

É este gosto pela recriação do acto de Natal que a Casa da Cultura de Santana desafiou o artista e coleccionador a expor parte da sua colecção. Cem peças retiradas do acervo pessoal, alusivas 'Presépios de Portugal' podem ser apreciadas até meados de Janeiro neste espaço destinado à Cultura madeirense. Outros, mais de 1.900, estão na sua casa em São Jorge. É lá que guarda todo o espólio e todo o tesouro que ano após ano vai crescendo. "Sempre que vejo um que não tenho, compro logo. Outros são oferecidos por amigos que vindos das suas viagens fazem questão de me presentear", explica.

Para trás ficam muitas recordações e participações no estrangeiro em feiras relacionadas com o turismo. Se o slogan publicitário 'Uma boa imagem vale mais que mil palavras' nasceu com a Kodak, retirando um pouco do exagero esta espécie de teoria semiótica bem pode associar-se às 'mãos sábias' de João Egídio Rodrigues.


DN Madeira

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