sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Gravações da Mini-série continuam até sábado com a participação de madeirenses


Tempo complica 'Até Amanhã

Data: 18-12-2009

O mau tempo não tem facilitado a gravação das cenas e isso poderá justificar o mau humor matinal dos protagonistas que, ontem de manhã no Jardim Botânico, pediam para regressar a 'Portugal'. A brincar ou a sério, a verdade é que foi num outro registo e com simpatia que depois falaram da mini-série e desta experiência na Região.

Dalila Carmo está pela sexta vez na ilha a primeira para gravações e é a primeira vez que a vê tão cinza. "A relação que tenho com os espaço em trabalho é sempre diferente da que tenho quando estou em lazer", assumiu. Segundo a 'Ana', a personagem principal de 'Até Amanhã' (antes 'Até Amanhã, Meu Amor'), para além da carga intensiva de cenas, tem sido tudo muito pesado: "São cenas na morgue, cenas no cemitério... portanto não mostra o lado mais pitoresco da Madeira", disse, adiantando que está à espera de acabar amanhã as gravações para poder, com sol ou com chuva, aproveitar uns dias de descanso por cá.

Sobre a personagem, 'Ana Brito' tem vida de fachada da qual nem se apercebe até que com morte do pai, a sua vida começa a desmoronar-se: "A partir daí ela vai ver as bolinhas de sabão a que se agarrava rebentar-lhe na cara", contou.

Para melhor representar a personagem, Dalila Carmo foi 'beber inspiração' a factos reais. Embora acredite que o próprio actor é sempre "o seu instrumento de trabalho", acredita que as memórias e as referências esgotam-se. "Às vezes dou-me conta, e dei-me conta há dois dias numa cena que eu gravei aqui, na morgue, em que vi umas pessoas a saírem, e aquela imagem foi tão intensa para mim, que me agarrei, apropriei-me das memórias deles (...). Eu, às tantas, nunca tinha passado por aquela situação de ir a uma morgue identificar um corpo, e fui um bocadinho vampira naquela circunstância e dei comigo a apropriar-me da vivência daquelas pessoas", confessou.

Para a actriz, os actores têm todas as características dentro de si e revelam-nas consoantes os diferentes desafios: "Podemos ser extrovertidos e introvertidos, ao mesmo tempo envergonhados e descarados. Nós temos todas essas capacidades e consoante os personagens, desenvolvemos mais esta ou aquela".

Já Marco Delgado, o 'Miguel' na nova aposta da TVI para a Madeira, 'É um professor casado, com um filha, um homem com uma crise de meia idade, um homem comum, sem grandes características, descreveu o actor. Para Delgado, a história "é interessante" pelo desenrolar e pelo envolvimento que vai ter com a personagem da Dalila.

Para este artista, ser actor é uma opção de vida "complicada", embora representar não seja complicado e lhe dê prazer. "Tenho um gosto muito grande pela minha profissão", disse, mas, continuou, "Ser actor em Portugal muitas vezes é difícil porque não temos uma grande indústria, temos uma boa indústria de televisão, a TVI tem uma grande força em televisão, mas não temos grande logística de cinema, não temos grande indústria de cinema, falta mecenato ao teatro e enfim...". Na óptica de Marco Delgado, o que há em termos de cinema são coisas pontuais, sem grandes ideias e o mercado, lamentou, "é o que é, temos um mercado à dimensão do nosso país". Mais do que ganhar um lugar, é manter uma carreira longa e duradoura o grande desafio que se coloca aos actores em Portugal.

O reconhecimento do público

Os dois actores têm sido reconhecidos na rua e abordados. Numa situação, inclusive, foram interrompidos durante as gravações: "Aqui não existe barreira. Nós estamos a gravar as cenas na rua como se nada fosse, não existe ninguém, a cortar o trânsito. Às vezes acontece a cena ser interrompida por alguém, como foi no outro dia uma cena em que eu estava a gravar com o Marco e houve uma senhora que lhe deu um beijinho a meio da cena", contou Dalila. Apesar do contratempo, falam de um público acolhedor.

Entre os episódios destes dias, recordou a actriz, estava no restaurante quando foi abordada: "Eu estava com muito sono, tínhamos gravado 12 horas e eu ia para o restaurante e uns senhores estavam a falar e não me deixavam sair. Foi cómico, só que às vezes custa um bocadinho... É só explicarmos às pessoas, agora não, agora temos mesmo que ir dormir, ou temos que ir comer" disse. No entanto, a actriz reserva outra disponibilidade para quando as gravações estiverem concluídas: "Quando isto acabar, a partir de sábado, já falo com vocês com mais calma", prometeu.

Além de Dalila Carmo e Marco Delgado participam no elenco principal Helena Isabel como 'Beatriz', a mãe de 'Miguel' e Júlio César, como 'António' o pai de 'Ana', o casal que tem um caso e que morre na Região, num acidente. Lídia Franco, Carlos Vieira, Helena Laureano, Liliana Santos, Ruth Teixeira e Sara Butler são outros actores da série, produzida pela Plural, a partir da história de Maria João Mira.

Madeirenses presentes

Marina Rodrigues é 'recepcionista', Sílvia Vasconcelos, 'médica legista', Dinarte Freitas, 'vendedor de castanhas', Edgard Fernandes, 'gerente de hotel' e José Ferreira, 'empregado de café'. Estes são os actores madeirense que entram no projecto como elenco adicional ou figuração, juntamente com muitos outros figurantes seleccionados cá.

As gravações começaram na segunda e terminam amanhã. A equipa esteve no Hotel Meliã, no Aeroporto, no Cemitério de São Gonçalo, no Hospital Dr. Nélio Mendonça e no Jardim Botânico. Ontem iam gravar ainda na Quinta das Vistas. O Miradouro no Arco da Calheta, um bar na Quinta Grande, a Marina do Funchal e um veleiro são os locais para as filmagens, destes dois últimos dias.


DN Madeira

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