domingo, 13 de dezembro de 2009

O verdadeiro significado da lapinha tradicional madeirense






A escadinha — é formada por três ou mais degraus, de aspecto piramidal, tendo no topo o Menino Jesus de pé para quem tudo converge. O Deus Menino desce pelos caminhos dos homens para os elevar até aos Céus. A nossa vida é assim uma escalada que representa esforço e ascese.
É o altar do presépio no qual Deus se nos oferece.
Searinhas — criam um ambiente natural, como campo fértil. Cristo como novo Adão passeia por esta terra, novo Éden. É sinal de esperança e de reconciliação.
Representa também o trabalho do homem e a harmonia da natureza.
É a referência ao mistério da Eucaristia. Desse trigo das searas acrescer, Cristo se servirá, na Última Ceia, como sacramento do seu corpo.
A fruta — espalhada pela escadinha encontra-se a melhor fruta. São oferecidos a Deus os melhores frutos da terra. Dão cor e sabor à nossa vida. Aos pés do Menino Deus é reposto o fruto que outrora foi roubado da Árvore da Vida pelos nossos primeiros pais.
Arco florido — é uma espécie de baldaquino ou cúpula natural de alegra-campo e flores. Representa a abóbada celeste expressando a antífona: abram-se os céus, germine a terra e chova o Salvador. O colorido das flores do arco e dos ramalhetes sugere o arco-íris da Nova Aliança que o Messias veio instaurar.
Este céu é de esperança e de alegria realçado pelo alegra-campo.
Pastores — na lapinha madeirense figuram não são os pastores de há dois mil anos, mas também gente tradicional da Madeira. É uma expressão anacrónica com bandas de música, matança do porco, procissões, romarias, igrejas, cenas do quotidiano da nossa terra.
Lembra que Cristo veio não só para o mundo de então, mas também ao mundo do nosso tempo, aqui e agora. É a valorização do presente e a actualização da redenção. Os homens precisam de Deus e este precisa dos homens de hoje e de sempre.
A lamparina — permanece acesa durante toda a quadra natalícia. É o sinal da presença de Alguém. Cristo é a verdadeira luz que veio a este mundo. Na sua presença ninguém vive nas trevas.
O Menino de pé — é um vencedor no pódio. Não está a dormir, mas quer caminhar connosco.
Aponta para o alto donde veio e para onde nos quer levar. Está de braço levantado como que a pedir a palavra.
Deixemo-lo então falar…


Jornal da Madeira

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