quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Madeira entre os “filipinos” e a Restauração de 1640

A Região ao sabor da conjuntura político-económica lucrou com as duas situações







Portugal comemora hoje o primeiro dia da luta contra a Dinastia Filipina que, durante 60 anos (mais precisamente entre 1581 e 1640), imperou em Portugal. O 1º de Dezembro marca, assim, a Restauração da Independência, com a consequente instauração da Dinastia Portuguesa da Casa de Bragança.
Estas duas épocas (a dos Filipes de Espanha e a Restauração) reflectiram-se, também, na situação política e económica da Madeira, mas sempre com contornos positivos, conforme diz o historiador Alberto Vieira.
Um dos seus destaques vai para o facto de, apesar do clima hostil português em relação ao domínio dos reis de Espanha em Portugal e da posterior guerra entre os dois países, na Madeira não se registaram conflitos assinaláveis em nenhuma dessas épocas.
Em primeiro lugar, porque a Ilha, durante o século XV, tinha relações «muito estreitas» e comerciais com as Canárias. Nesse contexto, enquanto os reis Filipes de Espanha reinaram em Portugal, a Madeira viu reforçadas as suas ligações com as ilhas canarianas, tendo havido, inclusive, militares espanhóis que se vieram instalar na Madeira e que casaram com senhoras madeirenses. Foi, como diz Alberto Vieira, uma «ocupação pacífica».
A única situação “bélica” a registar na Madeira durante essa época filipina foi a do envio, por parte de Espanha, de alguns navios de guerra para a Madeira. Não para a ocupar, mas para evitar que os ingleses o fizessem, tal como o tinham feito nos Açores.
«Havia interesses dos dois lados (Espanha e Madeira) em que esse contacto se mantivesse», explica o historiador.
Em 1640, quando se dá a Restauração da República, a maioria dos canarianos que residiam na Madeira retorna às Canárias. Não porque tivessem sido expulsos pelos madeirenses, mas porque a posição privilegiada de Inglaterra, devido ao apoio dado a Portugal durante a luta contra os espanhóis, levou a que famílias inglesas se começassem a instalar na Região.
Por outro lado, a guerra de fronteiras Portugal/Espanha tem reflexos nas Canárias, nomeadamente com a imposição de medidas restritivas ao comércio entre aquelas ilhas e a Madeira.
Nessa altura, especialmente na Ilha de Lanzarote, registam-se alguma retaliações de Espanha contra madeirenses ali residentes, principalmente contra uma família importante, cujos bens foram confiscados pelos espanhóis.
Limitada no seu comércio com Canárias, a Madeira aproveita a influência inglesa para se virar para novos mercados, nomeadamente Estados Unidos da América e mercado colonial britânico, o que acaba por ter reflexos positivos no mercado de exportação do Vinho Madeira.
Concluindo, Alberto Vieira diz que «a Madeira foi levada na conjuntura económica e política dessas épocas, mas ganhou com as duas situações» (domínio filipino e Restauração).



Jornal da Madeira

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