sábado, 12 de dezembro de 2009

A doce tradição dos licores madeirenses

Especialidades desta época do ano







Apesar já não haver tanta gente a fazer licores caseiros, como se verificava antigamente, a verdade é que ainda há que goste de se manter fiel à tradição, como é o caso de Teresinha Santos, presidente da Direcção da Casa do Povo da Ponta do Sol, que desde jovem se habituou a confeccionar na sua casa as mais diversas especialidades de licores.
E para que as receitas não se percam, até porque os jovens pouco se interessam por esta arte é que aquela Instituição lançou, no ano de 2007 o livro “Sabores da Ponta do Sol” obra foi coordenada por Teresinha Santos e contou com o apoio da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, através da Direcção Regional de Agricultura e dos Serviços de Desenvolvimento Rural.
Como nos disse a elaboração deste livro começou com um levantamento dos doces e pratos preferidos pelos ponta-solenses na quadra natalícia, tendo sido o resultado um conjunto de receitas que passam pelos pratos de peixe, carne, sopas, acompanhamentos, doces e bebidas. Nestas têm lugar de destaque os diverso licores tradicionais da nossa terra.
Naquele livro há uma recolha de receitas de bebidas, publicadas no jornal «Brado d´Oeste» que se publicou na Ponta do Sol, às quartas-feiras e sábados entre 1907 e 1917.
Incluem-se os licores de chá, hortelã pimenta e o licor de rosa cuja receita refere que para o fazer são precisos «catorze decilitros de álcool, catorze decilitros de água pura, cento e vinte gramas de rosas e seiscentos gramas de açúcar». Uma receita antiga cujo resultado continua a ser muito bom.
Porque na Ponta do Sol havia famílias nobres que tinham a sua cozinha privada, é que naquele livro foram incluída receitas de D. Teresa Pita de Macedo, descendente de uma dessas famílias. Incluem-se, entre outras, receitas de licor de cacau, de café, de folhas de figueira, de funcho, de maracujá, de medronho, de laranja, de poejo.
Teresinha Santos recordou-nos que «até até aos anos 50 do século passado, as pessoas socorriam-se das erva aromáticas, das folhas e cascas de laranja ou tangerina para fazer os licores. Depois passou-se a uma fase em que se começaram a usar as essências químicas. Agora já há muitas pessoas que voltaram a usar as ervas e cascas, como antigamente, o que dá um melhor sabor aos licores».
Diz-nos que os licores são fáceis de fazer pois «é só colocar os frutos, ou as eravs aromáticas ou as cascas, em infusão, depois ferver a água para fazer o xarope e quando estiver fria adicionar o álcool».
Aquela dirigente mostra-se satisfeita pelo facto dos jovens esarem a se interessar pelas receitas de licores, como se verifica pelo entusiasmo que manifestam nos cursos de culinária que são realizados na Casa do Povo da Ponta do Sol.
Como nos disse «os licores associam-se ao Natal mas também fazem parte integrante das visitas do Espírito Santo, na Ponta do Sol, e nãop podem faltar nas festas de casamento e de batizados.Esta tradição vem do tempo em que nestas visitas se oferecia um copo de vinho aos homens e um licor às senhoras
Uma das razões que aponta para que os licores sejam uma bebida específica do tempo do Natal é «porque havia a convicção de que os licores dão calor e como nesta época do ano o tempo está frio, nada melhor que um licor par aquecer as pessoas, desde que o bebam com moderação».
Segundo as enciclopédias «licor é uma bebida alcoólica doce, geralmente misturada com frutas, ervas, temperos, flores, sementes, raízes, cascas de árvores ou ainda cremes. O termo vem do latim liquifacere, que significa liquefazer, dissolver. Isto refere-se às misturas que se empregam na fabricação da bebida. Os licores não costumam ser envelhecidos por muito tempo, mas podem ficar algum tempo a descansar até que atinjam o sabor ideal».
Na Madeira o Natal tem um sabor ainda mais especial com uma grande variedade de licores que podem ser provados antes, durante e depois do tempo da «Festa».



Jornal da Madeira

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