quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ultima Escala do Black Prince na Madeira

Do porto do Funchal para o navio e a Fred. Olsen Lines
Comandante do “Black” reconhece popularidade


O Black Prince fez ontem a sua última escala à Madeira. Foram quase 600 passagens pelo Funchal. Ruma agora a Canárias, depois Lisboa e regressa a Southampton, altura em que deixa de pertencer à Fred. Olsen Lines. O rumo seguinte é a Venezuela, onde está sediada a nova proprietária que escolheu o nome Esmeralda para o navio que irá fazer cruzeiros por aqueles mares.



(Fotos Blog Segio@Cruises)


E pronto. Baixou o pano. O recordista das escalas ao porto do Funchal esteve ontem na Madeira pela última vez. No próximo dia 16 está de regresso a Southampton, no sul de Inglaterra. Nesse dia, o Black Prince termina este último cruzeiro e deixa de incluir a lista dos navios da Fred. Olsen Lines.
O “príncipe negro” passa para a Saveca, uma empresa venezuela, que o transformá e o colocará a navegar naquelas águas com um nome feminino: Esmeralda. Não será propriamente uma novidade para o navio que já navegou com um nome fiminino alternado com Black Prince, consoante o serviço que desempenhava. Era Vénus, a deusa do amor e da beleza.
Ontem, para assinalar a última viagem, a 594ª, realizou-se a bordo uma cerimónia onde estiveram presentes os representantes dos Portos da Madeira, do Clube de Entusiastas de Navios, e da JFM Shipping, que representa desde sempre a Fred. Olsen Lines na Madeira. Um sempre que vai até a década de 60, precisamente há 43 anos.
Embora esteja na companhia apenas desde 2000, o comandanete do Black Prince, Asmund Nilsen, não quis deixar de mencionar que os passageiros e tripulantes do navio sempre foram muito bem recebidos na Madeira que diz ser desde sempre um dos portos mais populares para a companhia.
Embora se notasse algum saudosismo nas suas palavras, não quis deixar de sublinhar que a Fred. Olsen continuará a escalar a ilha com os outros navios, que, para já, ficam reduzidos a quatro.
Pela parte da JFM Shipping falou o seu presidente. Comungando do saudosismo, porventura mais carregado, devido à ligação de décadas com a companhia, João Welsh sublinhou que ontem era um dia triste por perdermos o Black Prince.
E, para reforçar os seus sentimentos, recordou o caminho do navio. Desde o tempo em que escalava o Funchal num misto de passageiros e transporte de carga e carros. Realidade que considera relevante, sobretudo quando não existiam as condições actuais.
Depois, refere que em 1987 é transformado definitivamente para cruzeiros. As escalas à Madeira continuam.
Com os cruzeiros pelas ilhas Canárias, recorda que os madeirenses passam a poder fazer cruzeiros embarcando no Funchal. E foram muitos que as fizeram.
Assim, com o passar de anos acentua que se criaram laços especiais. Daí sublinhar que todos os que trabalham no navio “são especiais para nós. É uma longa relação de décadas”. Por isso remata afirmando que são uma família.
Uma nota mais para referir que, além das palavras, foram trocadas a bordo lembranças. Sublinhe-se a entrega de garrafas de vinho Madeira aos oficiais de bordo datada de 1966, o ano de contrução do Black Prince.
O navio saiu pelas 17 horas, rumo a Canárias. Uma saída emotiva com o rebocador do porto a lançar jactos de água.


Vida a bordo não evidencia última viagem

O ambiente que encontramos ontem a bordo do Black Prince era perfeitamente normal. Se não soubéssemos que era a última escala ao Funchal e o derradeiro cruzeiro antes de ser entregue aos novos novos venzuelanos, não notávamos.
Até porque, cá fora, o que muitas vezes presenciamos com outros navios, também vimos um tripulante a proceder a trabalhos de manutenção no casco. Junto à proa, pendurado junto à imagem que sempre guiou o Black Prince rumo a portos seguros, um tripulante asiático dá retoques a espaços.
Embora notássemos em algumas partes do casco o peso dos anos e das pinturas constantes, vimos um Black Prince muito bem tratado. Por fora e por dentro.
Os tripulantes fazem a sua vida normal, sem lágrimas.
O mesmo se passa com os passageiros. Com uma média de idades de 70 anos, fazem a sua vida normal. Comem, descansam num dos muitos espaços interiores ou no exterior, com o sol a convidar.
Outros optam pela sala de jogos. Não para jogar em aparelhos modernos mais direccionados para os jovens, mas entretendo-se numa das várias mesas com puzzles. Curiosamente, com peças muito pequenas.
A loja fechada por obrigação nos portos, tem de tudo um pouco. Nas montras pelo navio existem utensílios ligados ao Black Prince, e outras coisas. Não propriamente ligados à última viagem, que até poderiam ser, mas como se de uma viagem normal se tratasse. Os bares, os restaurantes e a sala de espectáculos tem tudo preparado porque o show tem de continuar. Os sentimentos ficam em terra.



Jornal da Madeira

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não serão aceites comentarios de anonimos