sábado, 24 de outubro de 2009

Associação de Transitários defende operação 'ARMAS'

Rogério Vieira diz que é tempo de os armadores tradicionais inovarem
Data: 24-10-2009




O transporte de carga rodada pela Naviera Armas continua a suscitar diferentes interpretações quanto a legalidade da operação. A questão esteve, ontem, em debate no XII Congresso Nacional de Transitários e revelou posições díspares na própria Associação de Transitários de Portugal (APAT).

Em declarações proferidas à margem do congresso, Rogério Vieira, presidente executivo da APAT, considerou que o ARMAS "trouxe um conceito inovador que assustou um bocado as pessoas", mas que deve também ser interpretado à luz das vantagens que representa para o consumidor.

Rogério Vieira entende que a estratégia do sector devia se empenhar no aparecimento de outros armadores com procedimentos mais inovadores, ao invés de se centrar tanto nas críticas à Naviera Armas.

"A questão Armas é complicada, mas se ela existe é porque alguém a licenciou", referiu o responsável da APAT, acrescentando que se a operação existe e beneficia o consumidor final não pode ser condenada. "Julgo que o IPTM [Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos] terá agido em função de uma realidade local e acho que não é de condenar", referiu ainda, admitindo, contudo, a insatisfação generalizada das empresas de transitários cuja relação com os armadores é estreita.

Opinião diferente tem o presidente da Assembleia Geral da APAT. "A actividade transitária não casa bem com oportunistas de ocasião", referiu ontem.

Henrique Cardoso desafia as autoridades nacionais e regionais a "cumprirem com as suas obrigações" de tutelarem e fiscalizarem a existência de actividades de concorrência desleal.

"Nestas alturas, há tentativa de actuações que às vezes ligam um bocadinho mal com todos os parâmetros legais", sublinhou, insistindo na necessidade de haver "actuações rápidas de quem de direito, no sentido de se verificar se estão a ser cumpridos todos os parâmetros".

Mercado dá sinais de retoma

A redução do volume de negócios, em consequência da crise económico-financeira não passou ao lado do mercado regional, mas a APAT acredita que estão à vista os primeiros sinais de retoma.

Henrique Cardoso destaca a atractividade da Região para o sector. Para além das especificidades da insularidade, o porta-voz da APAT alerta para a evolução positiva da economia madeirense, nas últimas décadas.

As questões associadas à actividade transitária estiveram, ontem, em destaque, no Casino Park Hotel. Trata-se da terceira vez que a APAT se reúne no Funchal. Até amanhã, vai estar em debate o tema: "o transitário na cadeia de abastecimento do século XXI".

São cento e vinte os congressistas presentes na iniciativa da Associação de Transitários de Portugal. Entre os oradores, destaca-se o antigo ministro da Indústria e Energia. A intervenção de Mira Amaral está prevista para depois das 11h30 e deve versar sobre as questões dos "riscos e oportunidades dos países emergentes". Ontem, a sessão de abertura foi presidida por Alberto João Jardim.

Jardim: sectores laboral e empresarial "não podem estar à espera (...) de uma classe política mediocre"

Foi "em nome do interesse nacional" e "não a pensar no interesse partidário" que Jardim submeteu, ontem, os participantes do congresso de transitários a um discurso de mais de vinte minutos e cuja conclusão foi: não esperem pelos políticos.

Da Constituição a uma comunicação social instrumentalizada até à mundialização e o equilíbrio orçamental, a prelecção de Jardim deixou clara a ideia de que, com os políticos da actualidade, Portugal não conseguirá fugir à crise.

"A minha esperança é nos empresários e nos trabalhadores", afirmou o líder do Governo Regional, considerado que a "classe política é medíocre em todos os partidos" e que os sectores laboral e empresarial não "não podem à espera dos políticos.

Para que o País evolua, é necessário, defendeu Jardim, que os trabalhadores "arregacem as mangas" e que as empresas não pensem só no lucro a curto prazo.

O chefe do Executivo madeirense diz que Portugal não tem uma estrutura jurídica capaz de ultrapassar o actual cenário e culpa "uma Constituição programática responsável por um aparelho de Estado sobrecarregado".

Sem adoçar as críticas, Jardim protestou contra "um programa económico que devia ser ratificado de quatro em quatro anos, mas que ninguém pode mexer".

Ninguém , acrescentou o governante, à excepção de "uns 50 tipos" representantes dos partidos da maioria.

"Da ponta esquerda à ponta direita", nenhum dos partidos teve, acusou, a coragem de propor a revisão constitucional.

Jardim que pediu aos congressistas para informarem os "tipos" do Continente de que "a Madeira está a trabalhar por Portugal", falou ainda do erro estratégico que o País cometeu ao enveredar pelo caminho do equilíbrio orçamental e por não ter tido a capacidade de negociar junto do Banco Central Europeu (BCE) condições distintas das impostas aos países europeus mais desenvolvidos.

É tempo de o País se defender da mundialização, um conceito que Jardim distingue da globalização e define como um regime de capitalismo selvagem cujos tentáculos podem causar a morte à maioria das PME's em Portugal.


DN Madeira

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