Jardim diz que o internamento em lares deve ser das últimas soluções
Idosos é para estarem junto das suas famílias
A O presidente do Governo Regional defendeu ontem que, durante a inauguração de um lar e centro de dia para idosos, no Porto Moniz, que é preciso que os idosos estejam, o mais tempo possível, com as suas respectivas famílias. Lares, frisou, só em último caso e esgotadas todas as possibilidades de continuar em família.
Na inauguração de ontem, Jardim voltou a não se fazer acompanhar pela segurança policial, que dispensara na véspera. E, segundo apurámos, assim vai continuar, nos próximos tempos, enquanto se mantiver a actual postura do Comando Regional da PSP em relação à segurança nos actos oficiais do Governo Regional.
O líder madeirense sublinhou, no seu discurso, que a inauguração de ontem veio satisfazer uma velha aspiração da população local. «Trata-se de ter o seu lar de Terceira Idade, vontade com a qual me comprometi, e cumpro, entregando-o, para gestão, a uma Fundação do Porto Moniz, a Fundação Mário Miguel, em boa hora criada pela dona Fátima Cale», destacou.
Jardim sublinhou que o investimento foi grande, mas que as instalações são excelentes: «Não vamos ter aqui um local para depositar pessoas de mais idade, vamos ter aqui um lugar com conforto, com ambiente humano, que vai ser um descanso, uma espécie de ambiente indicado para aquelas pessoas que venham aqui a habitar».
O chefe do executivo madeirense frisou o facto da unidade ter duas valências (internamento e centro de dia), sublinhando que o ideal será a opção pelo centro de dia.
«Só quando se chega a uma fase de, por diversas razões que não médicas (porque estas são resolvidas pelos centros de saúde e pelos hospitais), como por exemplo de família ou sócio-económicas, o internamento ser a única solução possível para o idosos é que se deve optar por esta medida», defendeu.
«A sabedoria de um homem de idade não pode ser desperdiçada». A idade é a grande universidade da vida. As pessoas com a experiência que adquirem ao longo da vida, sabem, com a idade, mais do que um jovem licenciado numa universidade», disse Alberto João Jardim.
O orador frisou que “esta presença do idoso no seio da família, com o seu conselho, com o respeito que impõe a sua presença, sobretudo na educação dos mais novos (os avós são hoje fundamentais para a educação dos netos, porque hoje pai e mãe têm muitas vezes que trabalhar e os pequenos já não lêem livros, porque querem é estar espantados à frente de uma televisão que, em Portugal, é um desastre completo, onde não se aprende nada), é fundamental». «Os míudos precisam de ter pessoas ao seu lado que tenham conhecimento do mundo, da história, da vida», disse.
O presidente madeirense lembra que está demonstrado que «tanto quanto possível o idoso deve estar junto com a sua família».
Jardim recordou também que a valência centro de dia permite que os idosos fiquem ocupados durante o dia e que à noite voltem para as suas casas, as suas famílias.
Por outro lado, anunciou que, a partir daquela infra-estrutura, será possível desenvolver o programa de apoio com refeições levadas a casa das pessoas pobres e idosas de que tal carecem, bem como ainda será dado apoio em tratamento de roupas. «Foi por isso que se fez aqui uma cozinha e uma lavandaria industriais», acrescentou.
De resto, elogios a Jardim Ramos, secretário regional dos Assuntos Sociais, e a Gabriel Farinha, presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz, bem como ainda uma palavra especial para a líder da Fundação, Ana Cale, e para a directora do lar, Ana Serralha.
A directora do lar, Ana Serralha, agradeceu a Jardim por, «mais uma vez e contra ventos e marés» ter cumprido a sua promessa e garantiu que a Fundação Mário Miguel tudo fará para que aquele empreendimento seja um sucesso. E assumiu o desejo dos idosos verem ali uma verdadeira família e não um dormitório.
A obra
O Lar de Idosos no Porto Moniz fica localizado no sítio dos Lamaceiros, na freguesia do Porto Moniz. A unidade ontem inaugurada dispõe de valências de lar e centro de dia, com capacidade para trinta e vinte utentes, respectivamente, E veio permitir a criação de 27 postos de trabalho.
A nova infra-estrutura é composta por quatro pisos. O piso menos um dispõe de garagem, lavandaria, vestiários, arrecadações e Capela.
No piso zero estão localizados os serviços de apoio administrativo, serviços médicos e de enfermagem, sala de convívio, sala de actividades, ginásio, refeitório e cozinha.
Ao nível do piso um encontram-se 14 quartos específicos para doentes de Alzheimer, bem como duas salas de estar e copa, adequadas à sua utilização por estes utentes. O piso dois dispõe de mais dez quartos individuais, sala de estar e copa. O investimento ascendeu a 2.144.773,78 euros. O Lar será gerido pela Fundação Mário Miguel.
Jornal da Madeira
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