Jardim não vai dar tréguas aos que estão contra a Autonomia
Luta contra a “Madeira Velha”
A O presidente do Governo Regional prometeu, ontem, na inauguração da nova ligação ao porto do Funchal, que vai continuar a lutar contra aqueles que estão contra a Autonomia e contra a democracia. Alberto João Jardim disse que vai «continuar contra aqueles que, de qualquer lado, estão contra a Autonomia, que estão contra a democracia, que estão contra a justiça social. Porque aqueles que estão contra mim, o que eles não queriam era que o povo fosse todo à escola. O que eles não queriam era que o povo tivesse casas e vivesse em furnas. O que eles queriam era ficar com metade daquilo que o povo produzia. O que eles queriam era que as pessoas morressem porque não tinham centros de saúde».
Alberto João Jardim disse ainda que, em conjunto e com o apoio da população, «vamos continuar a levar a Madeira para a frente, mesmo que Lisboa mobilize forças para atrapalhar aqui a Região Autónoma da Madeira, mesmo que Lisboa tenha os seus funcionários, alguns deles a trabalhar contra o Governo da Autonomia».
O chefe do Executivo madeirense, que começou por referir que aquela obra, a exemplo de outros investimentos que têm sido feitos é fruto da Autonomia. O povo madeirense, disse Jardim, «optou pelo seu desenvolvimento, tomou em mão parte das decisões que competem tomar. O povo madeirense tem aqui obra feita. Esta é a obra do povo, não é de um Governo, é do povo que apoiou esse Governo».
«E é bom que se tenha presente — sublinhou o presidente do Governo Regional — que a Autonomia só é possível num regime democrático. Só num regime democrático é que é possível a Autonomia. Ela tem custado muito. Tem custado muito porque temos tido, em Lisboa, os nossos inimigos e temos tido a “Madeira Velha” ao lado dos nossos inimigos».
E porque falava em “Madeira Velha”, Alberto João Jardim aproveitou para contar mais uma história, a exemplo de outras que tem vindo a contar em algumas inaugurações. Esta, tal como afirmou, conta «a história da filha do emigrante que veio duas vezes no vapor do Cabo, com o vestido de noiva dentro da mala, até conseguir casar com o herdeiro tontinho inglês».
Palhaçadas não intimidam Miguel Albuquerque
Na sua intervenção, o presidente da Câmara Municipal do Funchal disse que «o nosso progresso, o nosso bem-estar, a nossa qualidade de vida, o nosso desenvolvimento económico depende do esforço e do trabalho dos nossos homens e mulheres e, por isso, estamos aqui em mais um acto inaugural consagrando o esforço e a tenacidade dos nossos trabalhadores que concretizaram esta magnífica obra».
Aliás, disse, «é para quem trabalha e não para quem quer vadiar, que vai a nossa homenagem e a nossa veneração, só esses homens e mulheres que trabalham, que constroem as sociedades e o bem-estar de todos».
Segundo Miguel Albuquerque, «há quem pense que nos intimida com meia dúzia de palhaçadas. Não têm hipótese nenhuma. Para nós, o que conta são os compromissos que assumimos com a população do Funchal e esses compromissos é que estão acima de tudo e em primeiro lugar. E esses compromissos nós cumprimos».
Jardim critica acção da PSP
A inauguração da nova ligação ao porto do Funchal ficou também marcada por incidentes que envolveram dirigentes do PND e alguns populares. De tal forma que o presidente do Governo Regional foi obrigado a interromper a sua intervenção, devido àquilo que ocorria a poucos metros do sítio onde discursava.
Alberto João Jardim chegou mesmo a dizer que dispensava a segurança policial, pois não estavam ali a fazer nada. Aliás, disse, «a polícia protege os agitadores a mando de Lisboa contra o PSD autonomista».
De realçar que os membros do PND, que acompanharam todo o acto inaugural, foram várias vezes apupados pelos populares que se mostravam indignados com a atitude daquele partido, muitos deles considerando-a provocatória, dando azo a que os incidentes pudessem ocorrer, o que veio a confirmar-se. Após os ânimos terem ficado exaltados, e já depois dos discursos oficiais, foi chamada uma força de intervenção da PSP ao local, que formou uma corrente à frente dos membros do PND, por forma a evitar mais distúrbios.
A obra
A nova ligação ao Porto do Funchal representou um investimento do Governo Regional na ordem dos 28 milhões de euros, para os quais concorreram também apoios comunitários.
Com um comprimento total de 1.446 m, a nova ligação — uma obra da responsabilidade da Secretaria Regional do Equipamento Social — tem início na rotunda do Porto do Funchal e fim na intersecção com o antigo Caminho do Pilar, onde começa o Nó da Levada do Cavalo de ligação à Estrada da Liberdade.
Conivência da PSP nos incidentes
A propósito dos incidentes ocorridos, ontem, na inauguração da nova ligação ao Porto do Funchal, recebemos, da Presidência do Governo Regional, um comunicado, que seguidamente transcrevemos, intitulado: “Incidentes com a conivência da PSP”:
1 — O Governo Regional da Madeira informa a população de que, num acto oficial de Governo, como tal protegido por lei, um grupo de indivíduos, de sigla PND, ilegalmente, provocou uma situação de confrontos, com responsabilidade da Polícia de Segurança Pública.
2 — Com efeito, enquanto o Presidente e os Membros do Governo percorriam a artéria em inauguração, a PSP consentiu que os referidos provocadores se postassem com cartazes, mesmo imediatamente atrás das entidades oficiais.
3 — Quando o presidente do Governo usava da palavra, a PSP consentiu que o mesmo bando entrasse a fazer palhaçadas mesmo junto ao local onde o Chefe do Governo falava.
4 — E quando a população se revoltou, face ao que se passava, a mesma PSP actuou contra o populares indignados, protegendo os provocadores com um grande cordão de forças.
5 — Tendo o mesmo grupo provocador invadido uma área sob a tutela do Governo Regional, foi comunicado ao graduado que comandava a força de protecção aos prevaricadores, que não estava autorizada a sua utilização.
Nada fazendo a PSP, o secretário regional do Equipamento Social, engenheiro Santos Costa, dirigiu-se ao local, onde foi objecto de empurrões e de desrespeito policial.
6 — Entende o Governo Regional da Madeira que não se está apenas perante uma situação de incompetência de comando, o que nunca sucedeu em 31 anos de Autonomia Política.
Que não se trata apenas de uma indecorosa violação da lei, justificando-a a PSP com uma grosseira e ignorante confusão a diferentes situações de campanha eleitoral.
Entende o Governo Regional da Madeira que se está perante uma instituição sob controlo de Lisboa, que consente toda a espécie de provocações aos que Autonomistas».
Jornal da Madeira
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