domingo, 6 de dezembro de 2009

Vacina disponível para todos

Director clínico dá ordem para vacinar todas as pessoas com credencial médica
Data: 06-12-2009




As duas mil doses disponíveis não dão para muito, mas Miguel Ferreira deu ordens aos centros de saúde para vacinar contra a Gripe A todas as pessoas que apresentem uma credencial médica. "Não quero saber se são ou não dos grupos prioritários, nem quero ouvir falar de questões burocráticas, de que é preciso marcação. Se souber de casos em que os profissionais de saúde recusaram aplicar a vacina vou abrir processos disciplinares".

O director clínico do Serviço de Saúde entende que só assim, com um maior número de pessoas protegidas contra a infecção do H1N1, se poderá controlar a epidemia. "Não concordo com essa história de circunscrever a vacinação a uns grupos e tenho passado credenciais aos utentes que me pediram. E considero uma irresponsabilidade, uma atitude própria do Terceiro Mundo as desconfianças de alguns médicos em relação à vacina".

Os médicos, explica, podem ter a sua opinião, podem até recusar levar a vacina, mas não devem, contra todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde, da Direcção Geral de Saúde, confundir os seus doentes. "De quem será a responsabilidade se houver contágio e a doença for fulminante?" Para Miguel Ferreira, no momento, a melhor solução é a vacina e só lamenta que as doses disponíveis não cheguem para mais pessoas. Actualmente há na Madeira duas mil doses (muitas pessoas dos grupos prioritários recusaram a vacina) e devem chegar mais duas mil. Os centros de saúde têm ordens para aplicar a 'Pandermix' a todos os utentes que apresentem uma credencial assinada por um médico. A indicação é para cumprir enquanto houver doses disponíveis. O director clínico não quer que aconteça o mesmo que no continente, onde as vacinas estão sem uso e no fim do prazo de validade.

"Estas resistências não se admitem nos dias de hoje. E não me venham com a história de que a vacina foi rápida e não teve tempo para testes. A verdade é que não se pode comparar a tecnologia e os conhecimentos actuais com os que existiam há 30 ou 40 anos". Miguel Ferreira, que foi o primeiro a ser vacinado na Madeira, também não percebe porque razão os profissionais de saúde preferem trabalhar de máscara a levar a vacina.

"O que é importante que se entenda é que esta gripe está aí e tem uma taxa de mortalidade. Só numa semana morreram seis pessoas em Portugal e a única maneira de controlar a epidemia, de evitar o contágio ainda é a vacina". Até porque os meios do Serviço de Saúde para acudir a um surto de casos graves de Gripe A são limitados. O SESARAM tem 10 ventiladores operacionais, três deles comprados recentemente e os serviços podem, em situação extrema, recorrer aos ventiladores das salas de cirurgia.

Estes equipamentos são essenciais para os casos complicados de Gripe A, os que degeneram em pneumonia e obrigam os doentes a ficar ligados às máquinas por três ou quatro semanas. "Não temos meios económicos para comprar mais, tal como nenhum outro sistema está preparado para uma situação de emergência em larga escala". Nem aqui na Madeira, nem no Reino Unido.

Miguel Ferreira volta a insistir que, perante a Gripe A, a atitude mais acertada e correcta é a mesmo a vacina. "Volto a insistir, a gripe está aí, já fez mortes e a Organização Mundial de Saúde garante que o melhor é a vacinação, é a única forma de controlar o contágio. E é também por isso que dei ordens para vacinar todos desde que apresentem a tal credencial do médico".


DN Madeira

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