sábado, 5 de junho de 2010

Arraiais madeirenses com tradição e convívio

As festas populares madeirenses continuam a manter muitos motivos de interesse




Com o aproximar do tempo de Verão surge a maioria dos arraiais madeirenses. São dois dias de festa nos quais se reúne sempre um considerável número de pessoas, umas para participar com mais devoção nas celebrações religiosas, outras para assistir à animação musical e saborear os petiscos tradicionais, figurando em lugar de destaque a espetada acompanhada pelo "bom vinho seco da Região", o bolo do caco ou as "farturas" que nos últimos anos foram sendo introduzidas no menú da gastronomia dos arraiais.



Nos meses de Verão, a Madeira enche-se de alegria com os arraiais que se efectuam em todas as paróquias. São dois dias de festa nos quais se reúne sempre um considerável número de pessoas, umas para participar com mais devoção nas celebrações religiosas, outras para assistir à animação musical e saborear os petiscos tradicionais, figurando em lugar de destaque a espetada acompanhada pelo "bom vinho seco da Região", o bolo do caco ou as "farturas" que nos últimos anos foram sendo introduzidas no menú da gastronomia dos arraiais.
A canja ou as sopas também fazem parte dalguns arraiais da nossa terra. Muitas das genuínas tradições já se diluiram no tempo, mas é curisoso notar que algumas mantêm-se.
Fogo, banda filarmónica e decorações são os principais ingredientes das nossas festas ao que se juntam os conjuntos musicais e os "artistas" improvisados em especial os especialistas no despique.
É nas freguesias de Nossa Senhora do Monte e da Ponta Delgada que se realizam os dois maiores arraiais da Madeira, não havendo consenso qual deles é o que regista maior participação de pessoas. O certo é que nestas duas festas se mantêm vivas algumas das nossas tradições, mantidas pelos mais antigos, mas com seguidores entre os escalões mais novos.
Os arraiais dos tempos actuais já não são o único motivo de interesse nas freguesias, como se verificava antigamente, mas também não se regista uma diminuição de interesse dos organizadores paroquais em concretiza-los. Como na actualidade cada vez são mais raros os festeiros, vindos das terras de emigração, cabe às comunidades paroquias, através das Confrarias ou das comissões de festas, organizar o arraial, pois não é nada benéfico que a paróquia fique sem animação. Mesmo nas paróquias de menor dimensão populacional, como as de São Paulo (na Ribeira Brava) ou na dos Romeiros (no Monte) as festas são sempre feitas com muita animação. E já no próximo domnigo estas duas paróquais vão realizar festas populares, em São Paulo em louvor do Santíssimo Sacramento (às 15 horas) e nos Romeiros em honra da padroeira: Nossa Senhora Rainha do Mundo, às 16 horas.
Diversas festas vão ser celebradas no próximo domingo. Na capela do monumento a Santa Teresinha, na paróquia dos Canhas, às 19 horas, inicia-se a festa de Nossa Senhora do Sorriso, sendo seguida de procissão.
A festa do Santíssimo Sacramento na paróquia do Carmo (Câmara de Lobos) realiza-se no próximo domingo.Também nesse domingo será celebrada idêntica solenidade na igreja de Santa Maria Maior.
A paróquia do Loreto, situada na freguesia do Arco da Calheta, assinala no próximo domingo a festa do Espírito Santo com início às 16 horas.
Um dos atractivos desta festa são as charolas que vão estar expostas no adro paroquial. Este ano aquelas charolas, contendo diversos produtos agrícolas serão vendidas individualmente.
Em todas estas localidades haverá a habitual animação dos arraiais madeirenses.
Entretanto na igreja de Santo António iniciam-se hoje as novenas de preparação para a festa daquele santo, sendo celebradas até ao dia 12 de Junho sempre às 20 horas.
A festa será celebrada no domingo 13 de Junho, dia litúrgico de Santo António, às 17 horas.
Durante este tempo festivo no adro da igreja de Santo António haverá muita animação com actuações de diversos grupos. Um dos momentos altos desta programação será a realização das marchas de Santo António no sábado, 12 de Junho, a partir das 21 horas. Estas festas têm o apoio da Junta de Freguesia de Santo António.


Religiosidade popular
Festas põem em destaque crenças e ritos


As festas tradicionais madeirenses, duram apenas quarenta e oito horas (com a véspera e o dia), mas, para que isso aconteça há todo um trabalho engenhoso e arte na criação das flores ou dos tapetes para a procissão em particular a do Santíssimo Sacramento ou Domingo do Senhor.
Os enfeites, de alegra-campo e loureiro, contrastam com o garrido das flores e o vermelho da Cruz da Ordem de Cristo que flutua nas bandeiras. O progresso trouxe mais luz e o feérico da cor, fazendo-os prolongar pela noite fora. A luz eléctrica, a partir da década de quarenta, veio revolucionar o arraial.
No arraial, para além da oferta de um variado conjunto de barracas de comes e bebes, onde pontua a espetada, temos a feira para venda dos produtos da terra ou de fora. Este é um momento de encontro, devoção e partilha da riqueza arrancada à terra. Em tempos idos o arraial era um momento único em que todos se encontravam irmanados pela devoção ao santo padroeiro.
Muitas pessoas que, em férias, dão um útil apoio aos festeiros, sobretudo contribuindo com meios materiais, talvez não hajam recebido da Igreja mais do que o Baptismo ou, no caso de gente casada, além do Baptismo, o Matrimónio. A festa será a única catequese para essa gente e como tal é um importante motivo de encontro fraternal”.
As festas populares, manifestações colectivas, as crenças e ritos de devoção particular são as grandes marcas da religiosidade popular no nosso país.
Quando falamos de religiosidade, de facto, referimo-nos a um conjunto de práticas simbólicas de raiz popular (no sentido em que se distinguem das produções religiosas das dos "intelectuais" e das instituições que regulam o campo religioso) e se referem a significados que transcendem a própria comunidade mas a identificam enquanto tal. Trata-se, pois, de fenómenos culturais integrados no quadro de significações que as comunidades produziram na sua interacção secular.


Santo António, São João e São Pedro
Santos populares dão cor e alegria ao mês de Junho


O mês de Junho está cheio de festas: a 13 é Santo António, a 24 São João e a 29 São Pedro. A denominação de santos "populares" é tradicional e exacta: os Santos de Junho são os mais festejados em Portugal.
As festas de Santo António e São João são, segundo os estudiosos, "festejos da existência". Independentemente dos conteúdos especificamente cristãos que lhe estão associados, as festas dos santos populares são o pretexto para evocar e exaltar a vida que o sol, no solstício, traz consigo. Esta é efectivamente a conotação primeira da celebração, aquela que, de resto, tem mais ressonâncias antropológicas. Basta recordar que, pelo S. João, se faz em muitas localidades uma fogueira que inicalmente tinha como objectivo impedir o sol de esmorecer no seu esplendor.
Operação cósmica semelhante tinha sido levada a cabo por ocasião do solstício de inverno em que se celebrava o "natalis solis invicti ", transformada posteriormente na celebração do nascimento de Cristo, com a única diferença de que, então, se tentava aviventar o sol
O culto a Santo António, estimulado pela fama de inúmeros milagres, tem sido ao longo dos séculos objecto de grande devoção popular por todo o mundo. É um dos santos de maior devoção de todos os povos e, sem dúvida, o primeiro português com projecção universal. De Lisboa ou de Pádua, é para o mundo católico o santo "milagreiro", "casamenteiro", do "responso" e do Menino Jesus.
As festas populares de Santo António, São João e São Pedro, estão, pois, enquadradas por um vasto mundo de referências que as relacionam com significados que, pouco tendo de cristão, são certamente tradicionais.


221 arraiais de Junho a Outubro
Um Verão repleto de festas em toda a Região


Até ao último domingo de Outubro vão realizar-se na Madeira e Porto Santo 221 arraiais, todos eles com animação exterior.
Ontem foi celebrada a Festa do Corpo de Deus, que dá início às festas em louvor do Santíssimo Sacramento que vão realizar-se em todas as paróquias da Madeira, até ao final do mês de Setembro. Uma das características destas festas são os tapetes de flores, autênticas obras de arte fruto da criatividade do nosso povo. Estas festas são celebradas, na maioria das localidades, no domingo seguinte à festa do orago.
No mês de Junho o destaque vai para Santo António (dia 13), padroeiro de três paróquias; São João (dia 24), padroeiro de quatro paróquias e São Pedro (dia 29), orago de duas paróquias. Em Julho realçam-se as festas do Espírito Santo no Campanário e no Arco da Calheta.
Agosto regista o maior número de festas, a maioria em louvor de Nossa Senhora, com as mais diversas invocações.
Em Setembro, o Bom Jesus na Ponta Delgada é o atractivo principal e em Outubro é assinalada a festa de Nossa Senhora do Rosário.


É no tempo de Verão que se celebra a maioria dos arraiais madeirenses. Com características próprias, alguns deles, mantem tradições muito antigas, tanto a nível de ornamentação, como de animação ou de gastronomia. Junho e Agosto são, na Madeira e Porto Santo, os meses que registam maior número de festas populares




Jornal da Madeira

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