Leis «inadmissíveis» retiram poderes ao povo, diz o presidente do Governo
Jardim diz que o regime está a chegar ao fim
Leis «inadmissíveis», retirada de poder ao povo, falta de autoridade e disciplina democrática e políticas erradas dos vários governos de Lisboa foram a tónica do discurso do presidente do Governo Regional, ontem, em Machico, onde inaugurou algumas acessibilidades no centro da cidade e visitou o Mercado Quinhentista.
O presidente do Governo Regional considerou ontem que «este regime está a chegar ao fim». Isto porque, conforme disse, os deputados da Assembleia da República fizeram uma lei - que Jardim entender ser «inadmissível» e «uma vergonha» -, que limita o número de mandatos dos autarcas, impedindo o povo de os reeleger as vezes que entender.
«Fala-se de democracia, mas anda-se a cortar poderes ao povo. É só dificuldades para cima do povo; é só cortes para cima do povo. Este regime está a chegar ao fim», especificou.
Alberto João Jardim, que falava numa inauguração em Machico, referia-se, especialmente, a Emanuel Gomes, autarca do concelho, que não poderá ser reeleito, mas também a muitos autarcas nacionais, ainda com saúde e inteligência e detentores de «um trabalho notável» e que não podem ser reeleitos.
Governos de Lisboa têm tido políticas erradas
Referindo-se à actual situação económica nacional e internacional, que também afecta a Madeira, o presidente do Governo relembrou a teoria que há muito defende: a de que tem de haver investimento público e dinheiro a circular. Assim não sendo, há uma quebra do poder de compra, as empresas não vendem, entram em dificuldades e têm de despedir. O aumento do desemprego acaba por criar uma situação social difícil.
«Entendo que não é cortando em tudo que se resolve a situação económica do País. Aquilo que se está a poupar em não se fazer investimento, no “corta, corta”, acaba por ter de ser gasto em mais subsídio de desemprego e em mais daqueles subsídios para famílias que precisam e, também, infelizmente, para uns que não precisam, que não querem é trabalhar e que andam a viver à custa de quem trabalha», disse Alberto João.
Foi neste contexto que o presidente do Governo acrescentou que «as políticas seguidas pelos vários partidos que estiveram no governo em Lisboa, foram políticas erradas».
Daí ter considerado que «a razão pela qual eles me foram assando - no meu caso, nem sequer foi em lume brando; foram-me assando em Lisboa até eu ficar esturricado - foi porque eles sabiam que eu não era conveniente para os interesses daqueles senhores».
Garantindo que «eles sabem que eu tenho razão», Jardim acrescentou que está «neste exílio dourado (onde até se sente feliz) na Madeira, que é para não atrapalhar os jogos daqueles cavalheiros lá no Continente».
Tudo isto e a situação nacional e internacional, como acrescentou, implica não estar distraído.
A propósito, o presidente do Governo disse achar piada ao facto de serem «os mesmos partidos que criaram estas dificuldades todas em Lisboa, que estão aqui e querem que eu faça tudo ao contrário, sem sequer ter poderes legais e constitucionais para alterar certas coisas erradas que se fazem em Lisboa.»
Os mesmos que, quando Jardim diz que irá fazer frente à situação, mas que para tal precisa de mais Autonomia, dizem que não pode ser.
«Então como é que eu faço? Os poderes não são meus, não são do poder regional, não são da Câmara. Então como é que se resolve? Estamos à espera de um milagre?», questionou-se.
A tudo isto acrescem «outros» que, no meio destas dificuldades, ainda vêm criar mais dificuldades, «com as suas invejas, egoísmos e frustrações», salientou.
A este quadro de situação, Jardim acrescentou haver «alguma comunicação social, que quer aproveitar a dificuldade para ver se arrasa isto ainda mais».
Democracia não é bandalheira
Na opinião do presidente, estas situações decorrem do facto de não haver disciplina democrática e de em Lisboa estarem convencidos de que democracia é anarquia. «A democracia é dos regimes mais perfeitos, mas para o ser tem que ter uma boa e sólida organização; não pode ser uma balda. Há quem confunda democracia com bandalheira», especificou.
Jardim terminou dizendo que foi esta ideia errada que vigorou desde o 25 de Abril que «enterrou o País».
E, porque estava em Machico, onde decorre o Mercado Quinhentista, o presidente do Governo, que visitou a feira, felicitou Emanuel Gomes, as escolas e as instituições intervenientes por este evento cultural, que considerou «muito importante», por vir dinamizar a economia do concelho.
a obra
O presidente do Governo inaugurou ontem três novos arruamentos aos sítios do Pé da Ladeira e Pontinha. Estas obras, que representam mais um investimento público do governo no concelho de Machico, vêm agilizar os fluxos de tráfego automóvel com origem ou destino no centro de Machico e seu acesso à via rápida Machico/Caniçal e integram a empreitada designada por Via Rápida Machico/Caniçal - Nó de Machico Sul. Os arruamentos têm uma extensão total aproximada de 500 metros. As faixas de rodagem têm pavimento betuminoso e seis metros de largura, com passeios de 1,20 m. e muros de suporte numa extensão de 385 metros. As novas ruas dispõem de sinalização vertical e horizontal, redes de iluminação eléctrica, abastecimento de água potável e águas residuais domésticas.
Texto Jornal da Madeira, Fotos PGRAM
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não serão aceites comentarios de anonimos