domingo, 13 de junho de 2010

Renováveis garantem luz a todos e poupam 10 milhões

Abril 2010 fica para a história. A produção a partir de fontes renováveis já garante toda a energia necessária ao consumo doméstico da Região






A Madeira atingiu no final de Abril um objectivo histórico, já que a produção de energia a partir de fontes renováveis foi suficiente para garantir o consumo do sector residencial doméstico.

Depois de ter fechado o último ano com uma contribuição das fontes renováveis que ascendeu a 23% do total da energia produzida, a Empresa de Electricidade da Madeira fechou os primeiros quatro meses do ano com um contributo da água, sol e vento que garantiu 32,7% da produção de energia.
Pese o facto do temporal de Fevereiro ter provocado constrangimentos, restrições e limitações no sistema eléctrico, nomeadamente nas linhas de transporte e distribuição de energia, nos canais de abastecimento de água às centras hídricas e no funcionamento, em plena carga, dos parques eólicos, a produção de energia com origem renovável atingiu um valor de referência nunca antes conseguido.

Para este bom desempenho contribuiu a componente de energia hidroeléctrica, que representou nos primeiros quatro meses 21,3% do total de energia emitida, logo seguida da eólica (7,6%) e de outras fontes renováveis (3,8%).

Deste modo, no primeiro quadrimestre de 2010 a produção de 'energia verde' assegurou as necessidades de todo o consumo do sector residencial (doméstico) da Região, algo impensável de operacionalizar num tão curto espaço de tempo.

Mais de um terço renovável

Para o bom desempenho obtido contribuiu o modelo de desenvolvimento que vem sendo aplicado na Região, suportado, em grande medida, em projectos combinados de energia hídrica e eólica, que tem feito progredir significativamente a penetração da componente renovável no mix total de produção.
As 'renováveis' têm maior penetração na Madeira, pois garantem 33,5% de toda a energia, enquanto no Porto Santo a conciliação entre a produção intermitente do sol e do vento e as necessidades de sustentabilidade da rede só permitiram o contributo de 9,6% a partir dessas fontes.

Para melhor se avaliar do feito histórico registado pela EEM, nunca a produção térmica teve um peso tão baixo (67,3%), o que significa que a Madeira está a potenciar uma boa utilização dos seus recursos hídricos, ainda que dependentes de anos hidrológicos bons ou maus.

O contributo de 21,3% da água na produção de energia é o registo mais alto desde 1987, situando-se ao nível dos valores habituais do segundo quartel do século XX.
Na estratégia política definida por Cunha e Silva - o vice-presidente do Governo Regional tem a tutela da energia - o objectivo primeiro é assegurar menos emissões poluentes, encontrando soluções que possam reduzir a dependência da importação de derivados de petróleo e consequentemente do valor da factura energética.
Menos emissões e importações

A produção de energia a partir da água, vento e do sol permitiu à Região, em apenas quatro meses, evitar a emissão de 69.400 toneladas de dióxido de carbono (CO2) e a importação de 22.920 toneladas de fuel.

Em termos monetários, e considerando as cotações correntes, as emissões de poluentes evitadas pela produção renovável no primeiro quadrimestre de 2010, representaram uma poupança de 1,1 milhões de euros em aquisições de licenças de emissão de CO2 e uma economia de cerca de 9,07 milhões de euros com a redução de importações de derivados de petróleo.

Tal como destaca ao DIÁRIO Rui Rebelo, o presidente da Empresa de Electricidade da Madeira "os projectos actualmente em curso, ou em fase final de lançamento de concurso, vão, seguramente, conduzir a que as metas ambientais definidas pela Região sejam antecipadamente atingidas e mesmo superadas".

Diz o gestor público, que "a aposta para este ano passa pela transformação do sistema hidroeléctrico da Calheta (30MW), a instalação de um parque eólico de cerca de 5MW, bem como de dois parques fotovoltaicos de 15MW e ainda a instalação de uma unidade de produção de biocombustível, que reforçam e evidenciam, de forma inequívoca, o empenho e o compromisso da Madeira para um futuro mais sustentável do ponto de vista ambiental e económico".

Segundo Rui Rebelo é possível "afirmar hoje, ainda com um maior nível de certeza, que a Madeira vem trilhando 'step by step' um caminho rumo à sustentabilidade para uma sociedade com menor intensidade de carbono".

Nos primeiros quatro meses do ano foram produzidos 304,8 GWh de energia, sendo que 9,8 foram produzidos no Porto Santo. A produção renovável atingiu os 99,6 GWh, com maior contributo da hídrica (64,8) e eólica (23,1).

Dez centrais hidroeléctricas garantiram 21% da produção de energia

A Madeira tem dez centrais hidroeléctricas cuja contribuição produtiva, nas últimas duas décadas, oscilou entre quinze e trinta por cento da produção total anual, tendo registado o ano passado uma produção nominal nunca antes obtida e registando uma penetração nos primeiros quatro meses deste ano que desde 1987 não era conseguida.

A mais antiga das centrais foi construída em 1953, na Serra de Água, fazendo parte da primeira fase dos aproveitamentos hidroagrícolas realizados na década de cinquenta, que levou à construção da Central da Calheta que equipada com três grupos de diferentes quedas, foi posteriormente ampliada com um quarto grupo em 1978.

A Central da Ribeira da Janela foi a primeira das duas centrais hidroeléctricas construídas na segunda fase do plano hidroagrícola. Tendo ficado concluída em 1965, a sua contribuição média anual é de cerca de 8 Gwh.

Já a Central da Fajã da Nogueira foi a última construída na segunda fase do plano hidroagrícola iniciado na década de cinquenta.
O Aproveitamento de Fins Múltiplos dos Socorridos é, seguramente, uma das maiores obras hidáulicas construídas na Região, a central hidroeléctrica dos Socorridos entrou em funcionamento em 1994, tendo uma contribuição média anual de 40 GWh.

A Central da Calheta de Inverno foi construída em 1992, com o objectivo de aproveitar os caudais excedentários ao abastecimento público e garantidos pelos caudais já turbinados na Central da Calheta, com a contribuição média anual desta central a situar-se nos 20 Gwh. Referência, ainda, para a Central do Lombo Brasil, uma mini-hídrica com uma potência efectiva de 150 kW, de funcionamento automático e não acompanhado.

Referência, ainda, para a Central da Fajã dos Padres é um aproveitamento hidroagrícola de iniciativa privada. Com um único grupo de 1700 kW, esta central funciona em modo automático, arrancando quando há água disponível e suspendendo a sua actividade quando aquela falta.




DN Madeira

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