Madeira ainda não recebeu apoios do Estado e da União Europeia, mas fica a garantia
O vice-presidente do Governo Regional, João Cunha e Silva, acompanhado pelo secretário regional do Equipamento Social, visitou ontem algumas zonas do concelho de Santa Cruz onde decorrem obras de canalização de ribeiras.
Os governantes interaram-se das intervenções em curso no Ribeiro Serrão, na freguesia da Camacha, e nas Eiras, no Caniço, zonas fortemente afectadas pelo temporal de 20 de Fevereiro.
No final do périplo, João Cunha e Silva, destacou que, mesmo sem as verbas previstas na Lei de Meios que ainda não foi promulgada pelo Presidente da República, Cavaco Silva, e do Fundo de Solidariedade da União Europeia «as obras de recuperação vão continuar».
Tudo a funcionar na base de confiança com empreiteiros
O governante salientou o esforço desenvolvido pelo Governo Regional que, decorridos mais de três meses, «ainda sem receber um tostão, nem da União Europeia, nem do Estado, a não ser aqueles dinheiros de solidariedade que não são esses que serão utilizados na reconstrução porque são manifestamente insuficientes».
Questionado sobre o esforço dos empreiteiros que estão no terreno a executar a obra, Cunha e Silva referiu que «tudo isto está a funcionar na base da confiança», acrescentando que «também é bom para os empresários que não tinham trabalho e têm confiança no Governo de que haverá soluções financeiras para resolver estas questões colocadas na sequência do temporal».
Nesse sentido, realçou que quanto mais depressa for promulgada a Lei de Meios, mais célere será todo o processo de recuperação, lamentando o excesso de burocracia «a começar pela União Europeia, acabando em Portugal».
Plano de recuperação sem olhar ao interesse particular
O vice-presidente reiterou a ideia de que o plano de recuperação estabelecido será em benefício colectivo e não por interesses particulares. «As pessoas não podem continuar a correr perigos e nós temos de ter em atenção que a vida colectiva é mais importante do que a de cada um», reforçou João Cunha e Silva, acrescentando: «Enquanto não nos convencermos disto, dificilmente encontraremos o caminho certo. Não vamos hesitar porque o importante é a salvaguarda da vida das pessoas e dos seus bens e o que tiver de ser feito assim será».
Em declarações aos jornalistas no sítio das Eiras, numa zona de crescimento urbano acentuado, que provocou o estrangulamento dos cursos de água, Cunha e Silva foi peremptório: «Aqui vai ser preciso alargar este ribeiro para que ele corra normalmente e para que a água encontre caminho, sem ser através das casas, destruíndo habitações».
O vice-presidente do Governo, responsável pelo acompanhamento da recuperação da Madeira, referiu que as obras em curso «são de urgência e absolutamente necessárias que se impunham depois do temporal».
Na freguesia do Caniço, no sítio das Eiras, Cunha e Silva visitou as obras de canalização do ribeiro que transbordou para as casas, danificando algumas habitações e dezenas de viaturas. «Aqui pode-se verificar a dificuldade que as águas encontraram em zonas entupidas e com pouca largura e dimensão e que tem de ser alargada. Essa decisão está tomada e vai acontecer», garantiu.
Prioridade continua a ser o realojamento das pessoas
A visita começou no sítio do Ribeiro Serrão, na Camacha, onde prosseguem os trabalhos de melhoramento e alargamento das ribeiras, garantindo a segurança dos residentes daquela zona.
À saída, João Cunha e Silva foi abordado por um munícipe que se queixou de, após três meses, ainda continuar a morar em casa de familiares, visto que a sua habitação ter ficado destruída pelo mau tempo. O vice-presidente garantiu que a prioridade da acção do Governo Regional mantém-se no realojamento das pessoas e na recuperação das casas afectadas, mas que essa acção será incrementada quando forem disponibilizadas as verbas do Estado e da União Europeia.
«Devo dizer que dos 90 casos que temos no concelho de Santa Cruz, 60 são na freguesia da Camacha, sendo que destes, metade terão de ser novas habitações e as restantes são para a sua recuperação. Há ainda mais 30 casos espalhados por Santa Cruz dos dois tipos, umas irrecuperáveis e outras possíveis recuperar», esclareceu.
O Governo Regional continua a aguardar a promulgação da Lei de Meios por parte do Presidente da República. «Logo que isso aconteça e logo que nos chegue o dinheiro do Instituto de Habitação essa verba será para a recuperação da casa das pessoas afectadas», garantiu João Cunha e Silva. «Vamos realojar toda a gente que comprovadamente ficou sem casa no temporal».
Investimento realizado ainda não está contabilizado
João Cunha e Silva ainda não tem contabilizado o investimento já realizado na canalização das ribeiras desde o temporal. «Todos os dias temos de encontrar soluções urgentes e essa contabildiade não pode ser feita porque o trabalho ainda não está acabado, é contínuo e o Equipamento Social está a fazer contas face ao plafond que não pode ser ultrapassado», esclareceu.
Jornal da Madeira
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