De jipe, de bicliceta, a cavalo ou a pé. Estas algumas das formas de conhecer a Madeira por dentro. Uma das empresas que explora este mercado levou o JM a experimentar a aventura
Conhece a Madeira? Tem a certeza? Olhe que pode mudar de ideias. Basta que tire um dia para fazer um passeio por caminhos que não aqueles que utiliza no seu dia-a-dia para uma deslocação ao trabalho, à escola dos pequenos ou aos “shoppings” da cidade. Um dia destes, o JORNAL da MADEIRA “deixou-se levar” pela “True Spirit”, uma recente empresa composta por quatro sócios e que faz da sua missão principal, promover a beleza da ilha da Madeira, apostando em passeios de jipe e de bicicleta. Mas a True Spirit, que tem o lema “Your Adventure”, realiza também passeios a pé, “canyonning” e lições básicas de cavalo, através de parcerias com diversas outras entidades da Região. De qualquer forma, a grande aposta deste grupo de aventureiros é mesmo proporcionar um misto de passeios que proporcionam aos madeirenses e turistas, a possibilidade de contactarem com as zonas mais urbanas da Madeira e com as zonas mais rurais e pitorescas da nossa ilha num só dia, em apenas oito horas.
O programa oferecido é diferente consoante os dias e até conforme aquilo que o cliente quer, sendo que há agências de viagens a elaborarem o seu próprio trajecto para os seus clientes. No dia em que a nossa equipa de reportagem acompanhou a aventura por caminhos já antes visitados mas conhecidos por muito poucos, seguimos o trajecto do Cabo Girão, Ribeira Brava, Ponta do Sol, Lombo do Mouro, Pico da Urze, Fanal, Ribeira da Janela, Porto Moniz, Seixal, São Vicente, Serra de Água e Funchal. Mas a viagem não foi feita sempre pela via-rápida ou por estradas regionais. A aventura estendeu-se a caminhos com inclinação elevada, quase de cortar a respiração. Percorremos caminhos de terra batida e cheios de elevações e buracos, onde só os jipes podem ir. Caminhos fechados por portões para que as vacas não desçam até a civilização. Mas... comecemos pela primeira paragem.
Depois de “recolhidos” os clientes pelas unidades hoteleiras do Funchal e de realizada uma breve conferência com informação sobre o “trilho” a percorrer, fomos até ao segundo maior cabo do Mundo, que oferece uma vista incrível sobre Câmara de Lobos e Funchal. No nosso grupo, não havia madeirenses a não ser a nossa equipa de reportagem. Os turistas, todos eles de nacionalidade estrangeira, começaram, desde logo, por mostrar deslumbramento pela paisagem que tinham a seus pés. Daqui, partimos para a Ribeira Brava mas pela estrada regional. Ainda antes, descemos, a pique, o caminho do Aviceiro, o qual serve muitas casas localizadas longe da via-rápida e das estradas consideradas “normais”.
«Quem quer conhecer a Madeira tem de optar pelas vias secundárias. Não pode circular sempre na via-rápida», explicou João Bento, um dos sócios da empresa “True Spirit”, que foi o nosso “guia” neste dia de grande aventura. No caminho para a Ribeira Brava, João Bento contou, aos que nos acompanhavam na viagem, alguma informação sobre a ilha da Madeira, apontando, em particular, para as paisagens fantásticas que a mesma oferece. Já na Ribeira Brava, tomámos a via principal para a Ponta do Sol, onde houve oportunidade para conhecer, a pé, e durante 15 a 20 minutos, aquela vila.
Feito o pequeno passeio pelas principais artérias daquela freguesia que é também capital do concelho da Ponta do Sol, partimos para a parte do passeio que mais adrenalina causou a quem escolheu este programa. Subimos até o íngreme, apertado e assustador caminho do Jangão e, com a força do potente jipe, nem precisámos usar tracção ás quatro rodas. À medida que nos aproximávamos do céu, deixando para trás a baía da Ponta do Sol, encontrámos um acesso de terra batida, cheio de elevações, buracos e...vacas. Muitas vacas. Parte deste caminho, que vai terminar no Lombo do Muro, é fechado por portões para evitar que o gado desça até a civilização, como já se disse. Durante cerca de 15 minutos, os turistas gozaram de uma viagem que mais parecia um safari em plena Madeira. A beleza das paisagens oferecidas por este trajecto esteve sempre em destaque para aqueles que, de máquina fotográfica na mão, não quiseram perder uma oportunidade de registar o que viam para a posteridade.
Chegados ao Paúl da Serra, ainda houve um curto tempo de paragem em diversos locais pertencentes ao património mundial, como seja o exemplo do sítio das Lareiras, onde majestosas árvores, nevoeiro e chuva transformam o espaço “fantasmagórico”.
O almoço decorreu no Paúl da Serra, «no meio do nada», como referiu o “guia”. Logo depois, a equipa com destino ao Porto Moniz. Mas antes, parámos pelo percurso para fazer 15 minutos de uma levada com grau de dificuldade “zero”.A impressão positiva sobre a ilha ficou mais vincada no Porto Moniz, onde as piscinas naturais chamaram a atenção dos visitantes. De regresso ao Funchal, houve mais duas paragens. No Seixal e em São Vicente.
«Vi paisagens fantásticas»Susanne Trautzsch, de nacionalidade alemã, foi uma das clientes deste percurso acompanhado pelo JORNAL da MADEIRA. Em declarações ao nosso jornal, esta turista disse-nos ser a primeira vez que está na Madeira e, embora tenha gostado deste destino para passar férias, não conseguiria cá viver. A justificação está no facto de considerar que seria incapaz de conduzir «montanha acima, montanha abaixo».«Como é que vocês conseguem andar nestas ruas?», questionava de vez em quando.
«Acho que aqueles que gostam de andar a pé e vivem nestas montanhas devem ter grandes dificuldades», referiu a rir. Susanne Trautzsch, que terminava um período de uma semana de férias na Madeira, não deixou contudo de referir que viu paisagens fantásticas, sobretudo no passeio que realizou por aquela empresa que quer mostrar aos madeirenses que há, na Região, recantos que mais se parecem com o paraíso.
Esta cliente achou que houve uma mistura de realidades e que, num só dia, ficou a conhecer um pouco do rural, do urbano, do norte e do sul da Madeira.
«Estou satisfeita. Também não tive tempo para pensar no que esperava ou no que não esperava. Contudo, vi paisagens bonitas que não vou esquecer. Só não gostei da chuva que apanhámos no Porto Moniz porque de chuva estou farta. No meu país, está sempre a chover e estou sempre a fugir dele», finalizou.
Madeirenses pouco conhecem a sua terra
Os madeirenses não conhecem ou pouco conhecem a sua terra. Esta a opinião de João Bento, sócio da “True Spirits”, o qual considera ser pena que muitos residentes façam sempre os mesmos percursos em dias de folga ou férias, esquecendo-se de vários programas na serra, no mar ou até mesmo nas cidades, como visitas aos museus, por exemplo.
«Acho que pelo menos no mês de férias, deviam aproveitar tanta coisa que há para ver na Madeira. Vocês têm paisagens fantásticas », diz-nos João Bento que, embora natural do Continente, vive na Madeira há uns anos, pela qual se apaixonou desde que saiu do avião no Aeroporto Internacional.
«É aqui que quero viver porque vocês têm tudo. Serras lindíssimas, mar, paisagens incríveis», adianta, não se cansado de elogiar muito daquilo que conhece na Região e que, no seu entender, a grande maioria dos madeirenses «não conhece».
João Bento que largou um projecto bastante diferente do actual para dedicar-se à Natureza, fala-nos um pouco do projecto da sua equipa que começou a trabalhar em 2007 com apenas uma carrinha e mais de 20 bicicletas. Desde então, a empresa foi- apesar de algumas dificuldades- crescendo devagarinho, sendo que agora proporciona passeios a pé, de bicicleta, de jipe e muitas outras actividades.
Para além do percurso que o JM acompanhou, são feitos muitos outros como seja o exemplo do que tem início no Funchal, passa pelo Poiso e Pico do Arieiro, Ribeiro Frio, Levada dos Balcões, Porto da Cruz e Ponta de São Lourenço. Quem realiza este percurso, almoça no Ribeiro Frio. Há ainda um outro passeio de um dia que começa no Funchal, passa pelo Cago Girão, São Paulo, Campanário, Encumeada, Paul da Serra, Rabaçal, Fonte da Pedra, Ribeira da Vaca, Ponta do Pargo, Calheta e Funchal.
Aquele grupo amante da Natureza proporciona também programas de meio dia, dando o exemplo daquele que começa no Funchal, passa pelo Cabo Girão, Fontinhas, Trompica, Jardim da Serra e Boca dos Namorados.
Os preços são de 41 euros para o dia inteiro e 31 euros para meio-dia. Os madeirenses têm desconto de 30 por cento.
Habitualmente, os passeios começam pelas 9 horas e terminam às 18 horas ou 18 horas e 30 minutos.
Jornal da Madeira
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