Novo ano escolar vai começar com escolas feitas de raíz e outras que estão a ser alvo de obras de recuperação e modernização
Os estudantes do Curral das Freiras já poderão prosseguir os seus estudos até ao 9ºano, sem terem de se deslocar ao Funchal. É que, no novo ano lectivo, terão uma escola nova naquela localidade. Para além de poderem acordar mais tarde, de não terem de passar as tormentas do Inverno nas estradas ladeadas de arvoredo e de terem a possibilidade de chegar mais cedo a casa, os estudantes passam a ter a vantagem acrescida de não terem de pagar transportes.
Os pais cujos filhos irão frequentar a nova escola vêem, ainda, outras vantagens: os miúdos podem dormir um pouco mais, de manhã e, à tarde, chegam a casa mais cedo, tendo mais tempo para fazer os trabalhos de casa. A possibilidade de os manter mais perto de casa também tem um aspecto positivo no que respeita às preocupações que os pais sentem em relação aos “perigos” que os filhos podem correr indo estudar para mais longe.
Estes alguns dos aspectos suscitados pela criação de uma nova escola. Ora, o Curral não é a única localidade onde isso irá acontecer durante o ano escolar que se aproxima, visto estarem previstos muitos outros estabelecimentos de ensino noutras localidades, alguns da responsabilidade do Governo Regional e outros das Câmaras Municipais.
Para além desta, há outra escola feita de raiz que também será inaugurada no início do ano escolar. Trata-se da Escola Básica de 1º ciclo (EB1) com pré-escolar (PE) da Achada, em São Roque.
Segundo informação dada pelo director regional de Planeamento e Recursos Educativos, Nuno Araújo, a escola do Curral terá uma capacidade para 10 turmas de 2º e 3º ciclos, enquanto que a da Achada terá três salas para a pré-primária e oito para o primeiro-ciclo.
Outras escolas em obras
A estes dois projectos acrescem os de outras escolas, actualmente em obras, que poderão também estar concluídas a tempo do início do novo ano escolar. Mesmo que isso não aconteça, Nuno Araújo explica que os alunos não serão prejudicados, visto terem a alternativa de permanecer nos estabelecimentos escolares que frequentaram no ano anterior. Passarão para as novas escolas logo que estas estejam concluídas.
Encontram-se em obras as novas escolas EB23 de São Jorge, a EB1 com pré-escolar de Câmara de Lobos e a Secundária Tecnológica de São Martinho.
Igualmente com obras a decorrer, neste caso para modernização das instalações, estão as escolas de ensino básico com pré-escolar da Ponta do Pargo, a de São Paulo (Ribeira Brava), a do Tanque (Monte) e a de São Filipe.
O Parque infantil da escola básica com pré do Areeiro (Funchal) e o polidesportivo da EB1 de Santana também continuam em obras.
Para além destas infra-estruturas escolares há as que estão a ser alvo de redimensionamento, como é o caso das escolas de 1º ciclo com pré-primária na Ribeira Brava, Câmara de Lobos e Porto Santo. A da Ribeira Brava é a que, em princípio, não estará concluída logo no início do ano lectivo, devido a problemas verificados com a empresa inicialmente encarregue das obras.
Do programa de rede escolar previsto para a Região constam, ainda, quatro escolas cujas obras serão lançadas até 2011. É o caso das Escolas Básicas de 1º ciclo com pré-escolar do Porto da Cruz, das Romeiras (Santo António) e do Imaculado Coração de Maria, bem como um novo infantário em Santa Cruz.
Novos inscritos e números totais
Os estabelecimentos públicos da Região terão, no ano lectivo de 2009/2010, mais 465 crianças inscritas em creches, 2.846 em jardins de infância e salas de educação pré-escolar e 2.491 alunos no 1º ano. Tudo crianças inscritas pela primeira vez no sistema público. Dos candidatos a este regime, apenas 32 crianças em idade de creche e 114 em idade pré-escolar não foram colocadas, tendo recorrido à oferta particular.
Em termos globais, refira-se que as creches terão, no novo ano lectivo, 2.911 crianças (eram 3.047 no ano anterior), o pré-escolar e jardins de infância ficarão com 8.020 (8.101 em 2008/2009), o 1º ciclo 13.830 alunos (eram 14.051), o 2º ciclo 7.600 (7.719 no ano anterior), o 3º ciclo 9.800 alunos (contra os 9.858 do ano anterior) e o secundário 9.000 estudantes (8.937 alunos no passado ano lectivo).
Outro dado a assinalar é que a taxa de cobertura da Escola a Tempo Inteiro na Região abrangerá 98 por cento dos alunos do 1º ciclo. Dos onze concelhos, apenas três não têm, ainda, cobertura a 100 por cento. É o caso da Calheta (99%), do Funchal (98%) e de Câmara de Lobos (94%), embora nestes dois últimos se preveja que a cobertura total seja alcançada em breve.
Número de alunos está a decrescer
Comparando com o ano passado, há menos 615 alunos nas várias fases até ao 3.º ciclo: menos 136 alunos nas creches, 81 no pré-escolar, 221 no 1.º ciclo, 119 no 2.º e menos 58 no 3.º ciclo. Apenas o secundário regista um aumento de 63 alunos. Nuno Araújo considera que estas descidas são pouco significativas, quando comparadas com o ano anterior.
Apesar disso, o director regional de Planeamento e Recursos Educativos reconhece que a demografia escolar tem vindo a registar decréscimos de há anos a esta parte, facto directamente relacionado com a quebra de natalidade característica dos últimos anos.
A título de exemplo, Nuno Araújo refere a década de 60, durante a qual a média de nascimentos por ano atingia os 9.000, enquanto que agora nascem apenas 2.600 crianças por ano.
Neste contexto há dois pontos positivos a salientar. O primeiro é que o facto de nascerem menos crianças foi um dos pontos que contribuíram para a melhoria da cobertura nas idades creche e pré-escolar. O segundo é que, nos restantes ciclos, verificam-se taxas de escolarização crescentes, características dos últimos anos na RAM.
Sabe bem dormir um pouco mais de manhã
O facto de, no novo ano escolar, já não precisar de se levantar às 6 da manhã para ir para a escola é a principal vantagem que Américo Sá, de 11 anos, encontra na nova escola do Curral. É que, no ano passado, estudava nas Três Madalenas. Outro dos pontos positivos é que se livrará dos percursos de camioneta, às vezes debaixo de temporal, «o que é difícil», como diz. Por isso, Américo Sá, que tem o mesmo nome que o pai, diz-se contente com o novo estabelecimento escolar.
Menos preocupações com os filhos adolescentes
Para Américo Sá a grande vantagem de ter os filhos de 10 e 11 anos na escola do Curral é a de que ficam mais protegidos. Não têm de vir para o Funchal, onde os perigos são maiores. Américo diz ser mais fácil de controlar os filhos num sítio pequeno e familiar como é o Curral, onde todos se conhecem. «Aqui, se as aulas acabarem às 17 horas, dez minutos depois ele tem de estar em casa», exemplifica. Situação que podia ser menos controlada se o filho fosse para o Funchal, onde outras “tentações” poderiam, no futuro, vir a justificar atrasos na chegada a casa. Outra das vantagens que aponta é a de que a mulher, que levava o filho à camioneta às 06h45, já não tem de se levantar tão cedo. Para os próprios filhos é melhor, porque passam a ter mais tempo para dormir e, no final das aulas, chegam a casa num instante. «Com 10 anos, levantar-se todos os dias às 6 da manhã é complicado», diz Américo Sá. Outra das vantagens que encontra na nova escola é a de ser mais fácil ir às reuniões de pais. Isto, porque é proprietário de um estabelecimento de restauração, que até fica perto da escola.
Alunos terão mais tempo para fazer o “TPC”
Martinho de Sousa tem dois filhos, de 17 e 18 anos, respectivamente. Só o de 18 é que irá para a nova escola do Curral. O mais novo continuará os estudos no Funchal, por opção própria. Para além das despesas com transporte e da perda de tempo que o mesmo implica, Martinho de Sousa diz que uma das grandes vantagens de ter a escola perto de casa é que o filho terá mais tempo para fazer os trabalhos escolares. Martinho de Sousa diz-se satisfeito com esta nova escola, a qual, como salienta, «não é só para o Curral», visto que poderá ser frequentada por alunos dos Três Paus, por exemplo.
Trabalhar no Funchal e levar os filhos consigo
Martinha Fernandes tem dois filhos, de 8 e 12 anos. Por opção própria prefere mantê-los nas escolas do Funchal. Conforme explica, como trabalha no Funchal é-lhe mais fácil levar e trazer os filhos sempre consigo. Para além disso, quando há reuniões na escola, já não tem de perder muito tempo de trabalho. «Se os meus filhos estivessem na escola do Curral acabava por perder quase um dia de trabalho para ir a uma reunião da escola», explica.
Jornal da Madeira
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