Data: 23-06-2009
"A Madeira é um caso de sucesso na conversão da caça das baleias em actividades com grande interesse para o turismo e o Museu da Baleia, que está a ser construído no Caniçal, é um exemplo extraordinário de como a baleia se tornou um recurso sem ser necessário a sua caça". Ontem de manhã, após a sessão de abertura do Congresso Anual da Comissão Baleeira Internacional, o ministro do Ambiente, Francisco Correia, teceu largos elogios à actuação da Região nesta matéria.
(PGRAM)
"A Madeira, e também os Açores, foram capazes de transformar essa componente da economia, portanto, Portugal tem uma palavra a dizer ao mundo", referiu, apontado que as posições da comissão internacional estão "extremamente extremadas" no que toca a esta questão. "Há uma oposição enorme entre as duas opiniões que gerou um verdadeiro impasse e o que Portugal disse é que está disponível, por todas as vias diplomáticas, para ajudar a superar esse impasse porque temos consciência de que esse impasse não é bom nem para uns, nem para outros, nem a protecção das baleias ganha, nem um recurso, que devia ser extraordinariamente interessante para muitos países, acaba por se desenvolver como devia", alertou, sublinhando que é preciso ouvir as várias partes e fazer um "caminho de convergência". Contudo, disse acreditar que o consenso ainda não sairá desta reunião.
"Dentro de um ano vai ter lugar uma nova reunião e pensamos que, aqui na Madeira, e todo o trabalho feito a partir daqui até ao próximo ano, poderá dar passos importantes para se chegar realmente a um consenso", defendeu. Francisco Correia referiu que o sucesso é extensível a todo o território nacional, no que diz respeito à "conversão de uma actividade económica, que passava pela caça às baleias, para uma actividade económica que vive da não caça", como é o caso da observação de baleias.
O presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, também esteve presente na cerimónia de abertura do congresso, que se desenrola até à próxima sexta-feira. Na ocasião, focou que, "por todo o lado, há que olhar o mar com outros olhos" e que "a política dos oceanos exige aprofundamento científico e análise de recursos.
"A política dos oceanos implica estimular a inovação e, sobretudo, avançarmos o mais rápido possível nos trabalhos científicos que visam estudar as alterações climáticas que estão a suceder no nosso planeta", afirmou, apontando que o mundo impõe "grandes desafios". "Nós entendemos que tudo se pode resolver com harmonia e penso que desta reunião internacional não sairão daqui quaisquer posições fundamentalistas e que o nosso futuro, e voltando aos oceanos, terá de ser o futuro onde se possa fazer uma harmonização entre a defesa das espécies e do ambiente com o desenvolvimento", frisou, referindo que não é possível abdicar do desenvolvimento".
"Julgo que mais do que nunca, é necessário um acordo tripartido entre os estados, as grandes empresas e as organizações não governamentais", disse, sublinhando que acredita que tal "é possível". "Penso que será uma boa base de trabalho e de arranque para os consensos internacionais que são desejáveis", rematou.
Manifestação
Várias elementos da organização 'Sea shepherd' (Pastores do mar) manifestaram-se ontem à entrada do 'Pestana Casino' contra a comissão baleeira que organiza o congresso.
Apesar de se tratar de uma acção pacífica obrigou a intervenção da Brigada de Intervenção Rápida da PSP que chegaram ao 'Casino' por volta das 14 horas.
Os manifestantes, de várias nacionalidades, vieram de propósito para se opor às "mentiras" que a comissão baleeira faz passar nos países em que organiza o congresso, referiu Arne, um dos manifestantes. Quiseram mostrar aos governantes a intenção da manifestação mas foram impedidos pelos agentes "por se tratar de um local privado" Ao início da tarde de ontem, os vários elementos concentraram-se junto ao parque de estacionamento e fizeram questão de envergar uma faixa em que exigiam o "fim" destes congressos.
Esta organização, que congrega voluntários de muitos países, está acessível na internet através do www.seashepherd.org, e tem realizado um trabalho mundial ao nível da preservação e protecção da vida selvagem dos oceanos e também do habitat marinho.
O capitão que chefia a 'Sea Shepherd' também está na Região e vão marcar presença em todos os dias do congresso. Só deve, deixar a Madeira na sexta-feira. F. G.
DN Madeira
Paul Watson capitão do Sea Shepherd
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