quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Meio milhão visita jardins e gasta 3,5 milhões de euros

'GARDEN TOURISM' É O NICHO EM QUE A MADEIRA É MAIS COMPETITIVA E DIFERENCIADORA.
Data: 04-02-2010





As conclusões são de um trabalho científico que o rigor de Raimundo Quintal garante. O 'Garden Tourism', nicho de turismo especializado nas visitas a jardins botânicos, jardins históricos eoutros jardins com elevada fitodiversidade, já representa uma receita superior a 3,5 milhões de euros. Em 2008 foram 583.583 as visitas pagas nos três principais jardins da cidade do Funchal: Jardim Botânico Eng.º Rui Vieira, Quinta do Palheiro Ferreiro e o Jardim Tropical Monte Palace.

No estudo desenvolvido e que sustentou uma intervenção num congresso internacional, em que o geógrafo madeirense destacou "a importância dos jardins como nicho turístico na Madeira", "no Reino Unido, a partir de 1990, os jardins e as exposições do National Trust, do English Heritage, do National Gardens Scheme e da Royal Horticultural Society registaram um forte aumento de visitantes". Evocando "a tradicional paixão dos ingleses - principal mercado da Madeira - pelas plantas e o número crescente de programas televisivos sobre botânica e jardinagem", o investigador não tem dúvidas em considerar "um sucesso o crescimento deste nicho de turismo na última década do segundo milénio e nos primeiros anos do século XXI".

Recorrendo a trabalhos científicos já publicados, Raimundo Quintal destaca que "por toda a Europa os jardins estão a conhecer uma explosão significativa. O número de revistas e livros sobre jardins tem crescido exponencialmente durante os últimos anos, e os centros de jardinagem e as secções de jardinagem dos centros comerciais de materiais de construção têm registado um considerável aumento de vendas".

Polémica, a afirmação é de uma conceituada editora (ELSEVIER): "Há mais pessoas a visitar jardins do que a Disneyland e o Disneyworld juntos, mais até que o número de visitantes anuais a Las Vegas, tornando-o um dos maiores sectores de retalho no mercado turístico".

No estudo que desenvolveu, Raimundo Quintal torna público outro importante indicador: Em 2008, cerca de 60% das entradas na Quinta do Palheiro Ferreiro foram de turistas individuais e 40% de grupos organizados por agências de viagens. No Jardim Tropical Monte Palace o valor relativo das visitas individuais foi muito maior, atingindo 90%. Já no Jardim Botânico os grupos organizados corresponderam a 34% dos visitantes que pagaram a entrada.

Abril é o mês com maior número de visitantes (71.083) no conjunto dos três jardins, seguindo-se Março (61.193) e Maio (59.538). Em Agosto foram registados 50.363 visitantes. Agosto foi o mês com maior número de hóspedes (104.805), Maio o segundo (101.219) e Abril o terceiro (99.947), donde se conclui que os turistas que visitaram a Madeira na Primavera, predominantemente da Europa Ocidental e Setentrional, procuraram mais os jardins do que os turistas de Verão, vindos maioritariamente do Sul da Europa.

41,4% dos turistas

No estudo que realizou, Raimundo Quintal considera que em 2008 as entradas atingiram 57,6% do número de hóspedes registados na Madeira, sendo certo que há quem visite os três jardins. Feita a ponderação pelo número de hóspedes mais os passageiros em trânsito no Porto do Funchal, julga-se que 41,4% dos turistas visitaram um ou mais jardins, o que revela a grande importância do "Garden Tourism" como nicho na oferta turística da Ilha da Madeira. É porque nem o golfe ou o Parque Temático geram tanta riqueza.

PROMOÇÃO MADEIRA AINDA NÃO TEM UMA ESTRATÉGIA PARA O 'Garden Tourism'

O trabalho desenvolvido por Raimundo Quintal passou a integrar o livro 'Turismos de Nicho: Motivações, Produtos, Territórios' editado pelo Centro de Estudos Geográficos Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, da Universidade de Lisboa.

Na apresentação que fez no II Seminário Internacional - Turismo e Planeamento do Território", na Faculdade de Letras de Lisboa, o investigador pretende "desencadear uma reflexão sobre um nicho de turismo para o qual a Madeira ainda não dispõe duma estratégia de valorização e promoção".

Entre as suas dissertações, refira-se a alusão à implementação do conceito de Hotel Botânico, onde para além do lazer, no jardim do hotel o hóspede tem acesso a informação pormenorizada sobre a flora, pode consumir fruta, hortaliças, plantas aromáticas e medicinais, e até pode participar nas tarefas de conservação.

O Hotel Casa Velha , a Quinta do Arco, o Hotel Quinta Splendida, a Quinta Jardins do Lago e o Resort Vila Porto Mare são alguns dos bons exemplos destacados.

Em termos de estratégia, o autor defende a criação de uma rede de jardins de elevada qualidade; preparar os jardins para acolher famílias, com programas de animação diferenciados para avós, filhos e netos; discriminar positivamente os jardins de Excepcional Riqueza Florística; associar a promoção da Festa da Flor a programas de visitas a jardins e a áreas naturais ricas em flora indígena; aproveitar as excelentes condições atmosféricas para fazer cursos sobre plantas ornamentais e jardinagem ao ar livre durante todo o ano; Para atrair turistas no Inverno é fundamental transmitir de forma muito impressiva a imagem dos jardins da Madeira e devem ser criados mais sítios na Internet com o objectivo de convencer os amantes dos jardins que a Primavera passa o Inverno na Madeira.

DN Madeira

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