sábado, 13 de fevereiro de 2010

TAP garante que não abandona linha de Caracas


Falta de passageiros leva companhia a suspender mais um voo por semana

Data: 13-02-2010



A TAP vai continuar a voar regularmente entre os principais aeroportos portugueses e a Venezuela, garantiu ao DIÁRIO o porta-voz da companhia aérea portuguesa.

A posição esclarece notícias postos a circular recentemente em Caracas, entre a comunidade portuguesa, de que a transportadora poderia abandonar a linha, face a recentes dificuldades de ordem económica e cambial.

António Monteiro diz que nunca esteve em equação essa hipótese, mas confirmou que será reduzida uma frequência semanal, entre 22 de Abril e 4 de Junho, face a uma menor procura de lugares, ao que não estará alheia a situação de grande crise que se vive na Venezuela, sobretudo ao nível cambial. O bolívar forte, moeda instituída no regime de Hugo Chávez, tem hoje uma cotação que é três vezes menor do que há um ano, o que está a deixar marcas em toda a actividade económica do país, nomeadamente entre as empresas que negoceiam com o exterior e entre as pessoas que pretendam viajar, obrigadas agora a comprar dólares três vezes mais caro do que há um ano.

Carlos Paneiro, director-geral de Vendas da TAP, confirma a situação e garante que a TAP não irá abandonar a linha regular. Não obstante a situação de menor procura vai continuar com três voos semanais, com partidas de diferentes aeroportos nacionais. O voo que parte de Lisboa congrega especialmente tráfego de negócios e alguns passageiros europeus que viajam na rede da TAP; o do Porto serve fluxos de emigrantes em férias, quer oriundos do Norte de Portugal, quer da Galiza (Espanha); e o que parte da Madeira, continua aos domingos, serve naturalmente os madeirenses que têm uma forte colónia de emigrantes na Venezuela.

Carlos Paneiro admite que a TAP está perante uma situação complicada nesta linha, mas está esperançado de que no Verão serão lançados mais dois voos, dos aeroportos que estejam a mostrar maior procura, alcançando os cinco voos semanais. De qualquer maneira a companhia poderá, em qualquer ocasião, adaptar a oferta à procura, se bem que seja muito difícil voltar aos sete voos/semana que realizou no Verão do ano passado.

"O tráfego entre Portugal e a Venezuela é muito sazonal", recorda Carlos Paneiro. A linha teve nos últimos anos um incremento muito grande, não só por via da maior procura, mas também pelo facto da companhia ter passado a voar com os novos aviões Airbus A330-200, com maior capacidade de passageiros e carga, o que conduziu à obtenção de números recordes em 2009.

Embora com uma sazonalidade muito forte, os voos da rota da Venezuela têm a particularidade de ter uma tarifa agradável para a companhia. Há pouca concorrência na linha, pelo que a operação comercial não sofre muitas pressões. Contudo desde há alguns anos que se verifica na linha da Madeira a concorrência da SBA Airlines, companhia de bandeira venezuelana, que tem actualmente um voo aos sábados, com um Boeing 767. A vinda da SBA provocou algumas baixas no tarifário da TAP, mas a verdade é que antes se tem mostrado como uma boa alternativa para outro segmento de mercado, do que propriamente para os portugueses com melhores possibilidades económicas que estão habituados a deslocar-se a Portugal a bordo dos aviões da companhia lusitana.

Milhões perdidos


A TAP, como outras companhias aéreas europeias e internacionais que voam para os aeroportos da Venezuela, deverá ter perdido alguns milhões de euros com a brusca desvalorização do bolívar forte, ocorrida no início de Janeiro.

Nunca foi fácil para a companhia nacional transferir para Portugal as verbas que factura na Venezuela. Um atraso que tem merecido, em diversas ocasiões, a intervenção de ministros do Governo da República nas suas deslocações a Caracas. Mas seja como for, as transferências acabam por ser efectuadas e o dinheiro vai chegando a Lisboa. O que se passou agora foi muito mais grave: o dinheiro que a TAP tinha à sua ordem nos bancos venezuelanos perdeu valor e a companhia pode ter levado um grande 'rombo'. Uma situação que Carlos Paneiro admite ser penalizante, mas nem por isso razão para a TAP abandonar a rota. As viagens, mesmo em Caracas, são vendidas em dólares dos EUA.


DN Madeira

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