A CENTRAL LEVARÁ DOIS ANOS A SER CONSTRUÍDA E TERÁ VÁRIAS VALÊNCIAS.
Data: 11-02-2010
A Empresa de Electricidade da Madeira concorda com a construção, por parte da empresa Nutroton Energias, de uma Central de Biomassa no Santo da Serra, um projecto já aprovado em reunião de vereadores da Câmara Municipal de Santa Cruz e que aguarda a licença de abastecimento da Direcção Regional de Comércio, Indústria e Energia (DRCIE).
Essa é uma garantia dada pelo presidente do conselho de administração da Nutroton Energias, Marques Mendes. "O licenciamento já foi pedido. Acresce que já temos o Pedido de Informação Prévia (PIP) e o ponto de recepção atribuídos. A EEM já deu o competente parecer favorável e até o projecto eléctrico já foi aprovado. Assim, o processo está já na parte final, a correr os seus tramites normais e legais".
Contudo, Marques Mendes ainda manifesta alguma reserva sobre a certeza da construção desta central no Santo da Serra. "A construção ainda não é absolutamente certa, uma vez que ainda não foi emitida a competente licença de estabelecimento. Para já, é apenas uma expectativa, ainda que uma expectativa fundamentada", afirma. No entanto este é um factor dado como adquirido por Isabel Rodrigues da DRCIE.
Para avançar com a implementação deste projecto na Região, a Nutroton Energias diz que consubstanciou a decisão num estudo que lhe permite concluir que a Região tem capacidade ao nível da matéria-prima para responder ao funcionamento desta central. "Esse estudo de abastecimento da central foi atempadamente feito e entregue às autoridades. Tal como os demais estudos, sejam de carácter técnico, sejam de natureza económico-financeira, para garantir a viabilidade do projecto e o seu financiamento bancário".
Biomassa Florestal e Animal
Tal como o DIÁRIO já avançou há alguns meses, esta central de Biomassa terá duas valências: será simultaneamente uma Central de Biomassa Florestal e Animal. Marques Mendes avança com uma estimativa da matéria prima necessária para o abastecimento da central. No que diz respeito à biomassa florestal e vegetal ('resíduos' florestais provenientes da floresta, sem, todavia, abranger ou interferir na floresta protegida, designadamente a laurissilva), serão necessários 70 mil toneladas por ano, enquanto que o que diz respeito à biomassa avícola e suinícola ('resíduos' de aviários, matadouros e suinicultura que tanto prejuízo causam ao ambiente e saúde pública), serão necessárias 10 mil toneladas. De acordo com o estudo realizado, o responsável da Nutroton diz que a Região tem capacidade para responder nas quantidades necessárias para o funcionamento da central. "Pelos nossos estudos não haverá necessidade de importar biomassa florestal, até porque iria encarecer largamente o projecto. Todavia, se alguma vez tal fosse necessário, isso constituiria um risco exclusivo do promotor, tornando o projecto financeiramente menos atractivo. É que este projecto não tem qualquer apoio estatal ou regional, sendo exclusivamente privado".
E insiste. "Em qualquer caso - mesmo nesta hipótese teórica - nunca existiria qualquer prejuízo para a Região. A Região beneficiará sempre da existência de uma Central, ou seja, da produção, em grande quantidade, de energia a partir de fontes renováveis, limpa e amiga do ambiente".
A construção da Central de Biomassa avança após a atribuição da licença de abastecimento. "Só depois pode ser feita, em definitivo, a calendarização da sua execução. Em qualquer caso, a obra propriamente dita leva, desde o seu início, cerca de dois anos a construir". Isto significa que antes de 2012 a central de biomassa não estará a funcionar. Um investimento que irá rondar os 22 milhões de euros.
Vatagens da biomassa, segundo a drcie
Os gases provenientes da combustão de centrais térmicas a biomassa são menos poluentes, comparando com os gases libertados das centrais com queima de combustíveis fósseis, pois não contêm metais pesados e o ciclo do carbono tem saldo nulo;
Previne os incêndios florestais, que têm normalmente efeitos colaterais, nomeadamente os incêndios de propriedades privadas;
Reduz as emissões provenientes de incêndios florestais, uma vez que, numa central de biomassa, as condições de combustão são optimizadas e as emissões de partículas e outros poluentes são inferiores;
Reduz as importações de combustíveis fósseis e aproveita recursos endógenos, criando valor acrescentado regional e emprego.
Solução inovadora a nível tecnológico
Quem também concorda com a instalação desta central no Santo da Serra é Isabel Rodrigues. A directora regional do Comércio, Indústria e Energia, diz que o pedido de licenciamento apresentado pela Nutroton Energias, prevê a instalação de uma "Central Integrada de Biomassa", para a produção total de 8MW de energia: 5MW de energia eléctrica a partir de biomassa florestal, 1 MW a partir de biogás (produzido a partir da digestão anaeróbia de lamas provenientes de águas residuais e efluentes agro-pecuários) e 2 MW a partir de biomassa sólida da actividade agro-pecuária.
A directora regional diz que o projecto da central contempla a utilização de "tecnologias já demonstradas a nível europeu ter bons resultados, embora neste caso seja efectuada uma combinação inovadora de diferentes soluções, que vêm dar resposta a necessidades específicas da Região, designadamente no tratamento de efluentes e materiais de actividades agro-pecuárias".
Uma solução inovadora a nível tecnológico em Portugal que a DRACIE considera poder vir a ser uma mais valia para a Região, "uma vez que contribuirá para a valorização planeada dos resíduos florestais e outros materiais, assim como para a redução dos impactes ambientais associados à produção de energia e à valorização de recursos naturais, materiais secundários e efluentes".
DN Madeira
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