Carnaval saiu à rua
Depois de uma semana marcada pelo mau tempo, a população de Santana pôde este fim-de-semana esquecer um pouco os sustos pelos quais passou. O Carnaval saiu à rua e, uma vez mais, a tradição falou mais alto. Milhares de pessoas concentraram-se no centro da cidade para assistir ao cortejo dos compadres que, este ano, foi apenas de cariz etnográfico. Aliás, esta foi uma das novidades da edição deste ano. No sábado desfilaram os foliões, ontem foram os “compadres” que acompanharam os carros alegóricos.
Com a particularidade de o público poder votar no grupo preferido, as respectivas casas do povo e entidades culturais do concelho levaram à rua os costumes e as principais actividades de Santana. Retrataram a pesca, as vindimas, as crenças populares e a agricultura (mais propriamente o cultivo do inhame, do trigo e a produção da anona). Os figurantes interagiram com o público e até distribuíram poncha e “vinho seco” pela assistência.
Apesar de ter-se ouvido muito do público que assistia ao cortejo de que este ano tinha sido mais pequeno, a verdade é que tal deveu-se por causa de este ano ter havido dois desfiles e de os foliões terem ficado “divididos” pelos dois dias. O que acontecia até ao ano passado é que o cortejo era único, acontecia apenas no domingo, fazendo com que fosse muito maior. Todavia, e questionados pela organização do evento acerca do que tinham visto, muitos afirmaram que o passeio até Santana tinha valido a pena e que a Festa dos Compadres era uma das festividades mais genuínas da Madeira.
Rui Moisés afirma que a festa é «aposta conseguida»
Para o presidente da Câmara Municipal de Santana, «depois de uma semana muito difícil como aquela que tivémos por causa dos estragos do mau tempo», esta festa «vem na melhor altura para dar ânimo às pessoas e também à autarquia pelo grande trabalho que ainda tem pela frente».
Marcando desta forma o arranque do Carnaval da Madeira, este novo figurino de dois dias é, na opinião de Rui Moisés, fazendo com que o cortejo mais folião fosse no sábado e o etnográfico ontem, «está à vista de todos» e é «uma aposta conseguida» porque «ontem, sendo sábado, tivemos aqui muita gente e que ficou na rua até às quatro horas da madrugada. Isto para o comércio local é importante porque lhe dá vida e dinâmica mas é sobretudo um a forma de proporcionar a mais pessoas a oportunidade de virem a Santana. Como se sabe, nem todos podem vir ao sábado ou ao domingo. Assim, com os dois dias de festa é mais fácil agradar a todos».
Com a criação empresa municipal - a Terra Cidade - a Festa dos Compadres teve também este ano como objectivo inovar pela qualidade, mantendo aquilo que é genuíno, sem inventar, dando-lhe um cunho mais profissional para que as coisas se façam de forma a agradar um maior número de pessoas».
Sentença do “compadre” continua a ser um dos pontos altos
Assim que terminou o desfile etnográfico o público voltou-se quase que de imediato para a zona onde estava o palco. Aguardava pela sentença do “compadre Jodé” figura já acarinhada pela população não só residente como também visitante.
O início da sentença ainda demorou uns trinta minutos após o final do desfile mas isso não arrefeceu os ânimos da assistência. Assim que foi montada a sessão, com o juiz, advogado, testemunhas e arguido, começaram logo as gargalhadas na audiência.
O “compadre Jodé” não poupou críticas a algumas figuras do concelho, como também a algumas medidas implementadas pelo governo de Sócrates. Satirizou o casamento homossexual, lembrou-se do cheque deixado na caixa de esmolas na Sé e ainda teve de soprar o balão porque o juiz suspeitou que estava alcoolizado.
Depois da sentença do “compadre Jodé” a animação continuou na tenda montada ao lado da Câmara Municipal. Recorde-se que, no sábado, a entrada para o baile que ali se realizou teve entrada paga (três euros), sendo que esta foi uma forma que a autarquia encontrou para «poder arranjar financiamento para as suas iniciativas». Segundo explicou Rui Moisés, a empresa municipal tem esse fim, isto é, «tem uma gestão empresarial». A este respeito, o autarca adiantou que o «balanço foi positivo» uma vez que foram obtidas receitas através da cobrança das entradas e do serviço disponibilizado pelo bar. «É preciso angariar receitas para podermos pagar algumas despesas», esclareceu.
Jornal da Madeira
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