quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Funchal tem nova janela para o passado



Agulha e o Dedal recria sala de costura, com preciosidades da época
Data: 03-02-2010

Poderia ser uma sala de uma casa-museu, não fosse o lado comercial e as duas máquinas de costura mais modernas que agora integram o espólio da Agulha e o Dedal, a nova loja de arranjos, aberta ao público desde ontem, na Rua Câmara Pestana nº 6, 1ºA. O espaço funciona como uma janela para o passado, transportando quem lá entra para os anos 50, para um tempo onde a moda era cosida com outras linhas.

Entre as rendas de bilros e outras e os crochés filet, surgem figuras conhecidas, então ainda jovens, nas capas da esquecida Crónica Feminina, publicação que influenciou a sua época. A um canto, desdobram-se os moldes em papel amarelado que o tempo não perdoou e, em cima, a chapelaria exibe-se com os modelos em vigor na época. As linhas alinham-se dentro de uma caixa com o rosto de Elizabeth Taylor.

As máquinas da Singer disputam pela antiguidade e a um canto a mala do técnico da Oliva está pronta para o que der e vier. Em lugar de destaque, uma nota de caixa afirma um conserto de uma máquina em Dezembro de 1949: indiscutível.

Ali a harmonia reina, ao som dos fados que saem da velha telefonia, adaptada discretamente com um leitor de CDs. Amália, Lucília do Carmo, Tony de Matos, Carlos Ramos, Fernando Farinha e Hermínia Silva são alguns dos que animam a pequena loja. Beatriz Costa, sentada à máquina, empresta a figura ao logo da nova casa.

O projecto é de Manuela Castro (que tem também a casa 'Velhos Encantos' e a mercearia 'Venda do André'), uma aficcionada pelo passado e pelas tradições, gostos que se reflectem nas inúmeras peças que recolhe em feiras e outros locais pelo simples prazer de as possuir. A empresária recolhe preciosidades entre o aparente monte de inutilidades. Depois, lá lhes encontra um canto, o seu lugar numa reconstituição do passado, como acontece com a 'Agulha e o Dedal'. Em pouco mais de um mês deu vida à loja, que pela recriação, merece uma visita.


DN Madeira

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