Presidente do Governo disse ontem na inauguração do Machim Centrum
Portugal é governável se mudarem o sistema
O presidente do Governo Regional inaugurou ontem o “Machim Centrum”, um dos maiores espaços comerciais existentes fora do Funchal. Situado no centro da cidade de Machico, este empreendimento privado tem espaços para habitação, comércio, escritórios e estacionamentos. Ali foram investidos 14 milhões de euros pelo Grupo “Miguel Viveiros”. Jardim aproveitou para contestar os que tentam impedir o desenvolvimento nacional e defendeu que o País só irá mudar se for alterado o sistema político-constitucional.
O presidente do Governo Regional defendeu ontem que «Portugal é um país doente», mas que seria governável se mudassem o sistema político e as leis e deixassem as pessoas trabalhar.
A declaração foi feita na inauguração do “Machim Centrum”, em Machico.
Referindo-se aos problemas que esta obra enfrentou, Jardim disse que se pretendia dificultar um investimento que rondou os três milhões de contos (14 milhões de euros), o que considerou ser «muito grave».
«Um País que faz leis que dificultam o investimento; um país que faz leis que afastam as pessoas de colocar o seu dinheiro para o bem do povo; este país está doente. Portugal é hoje um país doente», disse.
O presidente acrescentou que há quem diga que Portugal é um Estado de Direito. «Eu pergunto: mas que Direito? Uma catadupa de leis, que fazem todos os dias, sem nexo, sem sentido, perturbando o desenvolvimento, criando dificuldades ao crescimento económico. Umas ideias que há para aí, como se toda a História do Homem não fosse a transformação da Natureza e antes, pelo contrário, queriam que os madeirenses fossem todos embora e isto ficava para aqui a criar erva. Isto não pode ser assim!».
Na opinião de Alberto João Jardim, «o que nos salva ainda são os tribunais e o bom senso dos juízes, que não estão para ser funcionários públicos de legisladores incompetentes e que têm o cuidado de considerar a lei em termos de poderem fazer justiça».
O presidente acrescentou que, se os magistrados «estivessem só agarrados ao que está escrito na norma; se os magistrados não procurassem fazer justiça, dar a cada um aquilo que é seu direito, então o País estaria pior. Ainda estaria mais às avessas».
Alberto João Jardim disse achar «muita piada» ver as pessoas preocupadas com a governabilidade do País.
«Ao fim de trinta e tal anos depois do 25 de Abril é que chegaram à conclusão de que era preciso se preocupar com a governabilidade, ou o País poder ser governável. Não tinham dado antes por isso. Que isto não era governável e agora perguntam como é que vamos governar isto».
Na opinião do presidente do Governo, «é simples: mudem o sistema político-constitucional, mudem as leis deste país; deixem trabalhar quem quer e pode trabalhar e vão ver que o País é governável. Eu sei como este país é governável. Agora, o que não estou disposto é que, na minha terra, na nossa Madeira, estejamos aqui a ver a nossa vida andar para trás por causa de leis que a República Portuguesa faz e que são autênticos disparates e estão a prejudicar a vida do povo madeirense».
Por tudo isto, Jardim garantiu que «isto não pode continuar assim».
Responsabilidade é de todos
Neste contexto, o presidente do Governo considerou que o Machim Centrum é «um exemplo de resistência, de tenacidade».
Conforme acrescentou, a vida é uma luta. «A vida política também é uma luta«, lembrou.
A propósito, Jardim referiu-se às pessoas que dizem que a situação está mal por culpa dos políticos.
«Têm razão. Políticos que fazem leis absolutamente absurdas e que não prestam, claro que são culpados, mas o povo não pode andar a votar mal e depois dizer que a culpa é dos políticos. Se os políticos estão lá é porque alguém os pôs e quando as pessoas dizem que não têm pachorra de votar, então estão a deixá-los lá».
Foi perante este cenário que o presidente do Governo salientou que «isto é uma responsabilidade de todos, porque fez-se o 25 de Abril foi para ter uma democracia, para ter o desenvolvimento, para ter um país moderno. Não foi para se ter um bando de burocratas, que só atrapalham a vida dos cidadãos que querem aumentar a riqueza e criar postos de trabalho para quem precisa de trabalho».
Lutarmos juntos para mudar o País
Daí ter garantido: « Não posso aceitar um regime político que não dá qualquer resposta, que não dá as respostas que é necessário dar a todo o povo português».
Lembrando que em Machico sempre se soube lutar, Jardim disse ser preciso lutarmos juntos para fazer «grandes mudanças neste País».
Conforme frisou, «já não é uma questão de partidos; os partidos deram todos o que tinham a dar». Pelo contrário, «são precisas mudanças muito melhores, do próprio sistema político e então sim, tornar isto governável, tornar o progresso uma realidade, que é possível. Insisto: é possível o progresso deste país, mas não é assim, não é desta maneira».
A concluir, Alberto João Jardim disse contar com o povo e lembrou o exemplo de Miguel Viveiros, o empresário responsável pelo empreendimento ontem inaugurado, cuja atitude é «sempre para a frente, sempre pelo desenvolvimento».
A OBRA
O “Machim Centrum” é um dos maiores espaços comerciais fora do Funchal e representa um investimento privado de 14 milhões de euros. É um empreendimento do Grupo “Miguel Viveiros”. A obra, construída no centro da cidade de Machico, compreende quatro áreas de intervenção: habitação, comércio, escritórios e estacionamentos. A área habitacional é constituída por 29 fracções de tipologias T1, T2, T3 e T4 e a área de escritórios é ocupada por seis espaços com 790 metros quadrados. Dos cerca de 14.000 m2 de área comercial, 6.400 estão afectos ao comércio e 7.600 a estacionamentos. Segundo Jardim, «num momento em que a Região atravessa dificuldades impostas por Lisboa, a aposta do Governo Regional tem sido a de incentivar e promover condições favoráveis ao investimento privado, gerador de riqueza, de oportunidades de emprego e desenvolvimento».
Jornal da Madeira
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