domingo, 31 de maio de 2009
EMIGRANTES NA ÁFRICA DO SUL INVESTEM MEIO MILHÃO NA SUA TERRA.
Data: 31-05-2009
O propósito é produzir 200 mil proteas por ano para vender em Portugal e na Holanda. Até lá o percurso é penoso, pois será necessário investir mais de meio milhão de euros sem conseguir facturar um cêntimo durante quase cinco anos.
A ousadia é de um casal de emigrantes madeirenses na África do Sul. Cecília e Luís Ferreira saíram da Madeira em 1961 e embora não estejam a pensar no regresso, vão investindo as suas economias. Construção civil, produção de vinho e agora de flores são as apostas.
Nos Casais Próximos, Santo da Serra, a exploração de proteas ocupa uma área de 23 mil metros quadrados, 19 dos quais acolhem as 9.740 plantas que foram adquiridas a um viverista do Seixal.
O projecto foi iniciado em 2005. Com a preparação e regularização do terreno, construção dos muros de contenção, vedação e construção de um tanque de rega, com 360 m3, que é abastecido por uma nascente própria e água de pena. Água é coisa que não vai faltar, pois embora cada planta consuma 4 litros, a verdade é que ainda não foi preciso regar. No Verão será necessário recorrer ao sistema de rega automático para de oito em oito dias regar as plantas.
Com o início da plantação em finais de 2007, só este ano o processo se concluiu pois o viverista não tinha capacidade para fornecer mais de nove mil plantas. Só por daqui a dois anos é que haverá flores, com os produtores madeirenses a investirem em dez espécies diferentes de proteas, muitas delas pouco conhecidas no mercado comercial.
O investimento inicial foi de 369 mil euros, o que valeu 165 mil euros de apoios da União Europeia. Hoje os emigrantes já gastaram perto de meio milhão de euros, pois a exploração conta com uma casa de apoio, com armazém, câmara frigorífica (15 m3) - com capacidade para guardar mais de 50 mil flores - e demais instalações de apoio para os dois trabalhadores.
Os estudos feitos garantem que esta exploração poderá produzir 200 mil flores por ano. Dezoito por cada planta, o que a torna a maior e mais moderna exploração de proetas.
Pese os apoios, investimentos desta ordem de grandeza só são possíveis com capitais próprios. Porque não existem linhas de crédito pensadas para um negócio que antes de garantir receitas tem um período muito longo de investimento e custos vários.
UM NOVO VINHO DE MESA
Luís e Cecília Ferreira têm filhos e netos na África do Sul. Negócios e terras, também. Ele é de Machico, ela do Estreito da Calheta. Conheceram-se e casaram na África do Sul. Mas não esquecerem a Madeira, razão pela qual compraram 9.000 m2 de terreno no Cabeço da Queimada, Água de Pena. Aí instalaram uma exploração modelar de vinha, que em breve colocará no mercado o primeiro vinho de mesa tinto do concelho de Machico: o Cabeço da Queimada!
Os números
Nos últimos 3 anos a produção de proteas cresceu de 91 mil para as 206 mil cortadas o ano passado;
O negócio também rendeu mais de 106%, valendo cerca de 113 mil euros;
No primeiro trimestre deste ano foram cortada 135.451 flores, mais 12,5% do que em igual período do ano anteriores;
A Madeira exportou o ano passado 550.628 flores, que renderam 222 mil euros;
São orquídeas as flores que mais rendem no mercado internacional, tendo a Região exportado 291 mil, por 77 mil euros
Mais de 41 mil estrelícias foram vendidas no mercado exterior, por 27 mil euros;
Entre os anos 2000-2008, a área de plantação aumentou de 41 hectares para 80 ha (+95%);
A importação de flores caiu 79% entre 2005-2008, tendo a Região adquirido no exterior 842.601 flores;
Margarida (345.295), Crisantemo (186.957) e rosas (152.152) são as espécies mais importadas;
A aquisição de flores no mercado externo representa um investimento de 247 mil euros, valor superior à receita obtida pelas exportações.
Investimento de 4,6 milhões de euros
Com o advento, na segunda metade do século XX, da indústria do turismo, a produção de flores deixou de ser ornamental e passou a ter interesse comercial. Desde então a floricultura regional veio a organizar-se e a ganhar dimensão, paulatina e artesanalmente no princípio, mas com orientação já profissional e a maior velocidade mais marcadamente a partir da década de oitenta, com apoios financeiros do Governo Regional, através de planos específicos de desenvolvimento, e posteriormente deste e da União Europeia, tendo-se concretizado um grande número de projectos de investimento no sector.
Só no anterior Quadro Comunitário de Apoio foram aprovados 32 projectos de investimento para a produção de diversas espécies florícolas, os quais corresponderam a um investimento na ordem dos 4.600.000 euros.
Utilizadas principalmente para a produção de flor de corte, as espécies mais disseminadas foram a estrelícia, o antúrio, o torrão de açúcar e diversas orquideáceas (sapatinhos, cimbídios, phalaenopsis e a cattleya).
Dois quintos destinam-se à exportação
Cerca de dois quintos das flores cortadas produzidas na Região têm-se destinado à exportação, actualmente dominada pelas próteas e os cimbídios. Mas é um facto que o mercado local configura-se cada vez mais interessante, não só pela expansão e consolidação do sector do turismo, e por todas as actividades que este catalisa.
Paralelamente à resposta a uma procura interna crescente, também foram abertos mercados exteriores, designadamente na Europa, com destaque para o continente português, a França, a Alemanha e Itália.
Pese o crescente domínio e poderio no negócio florícola mundial da Holanda, as flores da Madeira mantiveram e continuam a manter fluxos significativos para o mercado europeu, diversificando a oferta, de que é o caso mais recente a expansão da cultura das próteas
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