terça-feira, 4 de maio de 2010

Inaguração do Parque Fotovoltaico do Porto Santo






Presidente do Governo Regional aguarda por mais investimentos nacionais
Jardim apela à autoridade democrática do Estado

O presidente do Governo Regional apelou ontem à autoridade democrática do Estado para evitar que a situação do país piore de dia para dia. O repto de Alberto João Jardim surgiu no decurso da inauguração do Parque Fotovoltaico do Porto Santo, um investimento privado de 9 milhões de euros. Em Outubro deste ano, abre um novo parque, de maiores dimensões, nos terrenos da Zona Franca da Madeira.



O presidente do Governo Regional apelou ontem à autoridade democrática do Estado. Na inauguração do primeiro Parque Fotovoltaico da Região, instalado no Porto Santo, o chefe do Executivo lembrou que «os órgãos que governam este País estão legitimados democraticamente», pelo que «há que encontrar as soluções e fazer exercer a autoridade democrática do Estado, porque senão a situação irá piorar de dia para dia».
Na presença de vários empresários que assistiam à abertura do novo Parque Fotovoltaico, um investimento totalmente privado da empresa Eneratlântica Energias, S.A., o chefe do Governo Regional garantiu-lhes «que podem continuar a acreditar na Madeira».
«Se depois do que sucedeu (intempérie de 20 de Fevereiro) fomos capazes de em dois meses resolver as coisas como resolvemos, V. Exas têm a percepção do que é trabalhar connosco. E podem crer que nós estamos aqui para aguardar os vossos investimentos e para continuarmos a levar o País para a frente», referiu Jardim.
Para Alberto João, Portugal precisa de soluções, inclusivamente através de uma revisão constitucional, de modo a que «cada parte do território nacional, de acordo com as suas características, tome as decisões que interessam ao País e que reforçam a coesão nacional».
Defendeu ser «preciso flexibilizar tudo o que sejam condições para se fazer investimento em Portugal», disse ser «escusado andarmos com burocracia que atrapalha os investimentos» e considerou ser «absolutamente doentio andar a ver estratégias políticas ou discursos que exigem do Estado mais subsídios, mais dinheiro para consumo e menos por horas de trabalho, menor produtividade».
Assim, «não se vai a parte nenhuma», avisou, acrescentando que Portugal está hoje «pior do que o Estado de Providência».
Por isso, apelou à autoridade democrática do Estado para inverter o caminho que o país tem percorrido.
Já sobre o projecto da responsabilidade da Eneratlântica Energias, S.A., Jardim afirmou que o mesmo vai ao encontro de uma aposta da Região nas energias limpas.
«Nós, neste momento, atingimos os 20%. Ora, este é o objectivo que a União Europeia fixava a partir de 2020. A Região Autónoma, mesmo sem ter rios e barragens, pôde já neste ano de 2010 atingir o objectivo», destacou Jardim, dando os parabéns ao vice-presidente do Governo Regional e à sua equipa, «porque têm feito um trabalho de grande entusiasmo no sentido de, a tempo, ganharmos esta corrida das energias limpas».
Alberto João Jardim também avançou que o projecto de produção de biocombustível a partir de microalgas vai iniciar-se ainda este ano no Porto Santo.
«O nosso objectivo é em 2016 a ilha do Porto Santo ser um “case study”, não apenas em Portugal mas em toda a União Europeia», definiu o presidente, destacando também as consequências positivas que tal objectivo terá para o turismo, especialmente do norte da Europa, mais sensível às questões ambientais.
Nos próximos seis anos, o Governo Regional quer que o Porto Santo tenha uma dependência de 97% das energias limpas.
O presidente do Governo falou ainda das dificuldades que o país atravessa, mas fê-lo com uma atitude positiva.
«Nós queremos demonstrar ao país que nós não queremos, não devemos, não podemos parar, seja quais forem as circunstâncias em que estejamos mergulhados».


A OBRA

O primeiro parque fotovoltaico na Região foi construido numa área de cerca de 60 mil metros quadrados, em terrenos adquiridos ou arrendados sendo o seu promotor a empresa Eneratlântica Energias, S.A, enquanto a empresa construtora foi a Efacec. Foram edificados 11.136 painéis, com uma potência instalada de 2 MW e uma produção anual de energia eléctrica estima em 3.506 MW/hora, o que garantirá o abastecimento de 50% da ilha, fora do período de Verão. O custo do investimento é de 9 milhões.


«País não vira a cara à luta»



O secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, destacou ontem a importância do investimento em energias limpas para o turismo do Porto Santo.
«Não há dúvida nenhuma que vivemos num mundo global e aqueles que nos visitam são cada vez mais exigentes e informados», pelo que as energias renováveis assumem um «aspecto essencial» na sustentabilidade do destino, referiu o secretário de Estado, durante a inauguração do Parque Fotovoltaico do Porto Santo.
«Se a energia e turismo são duas apostas do Governo (da República) para, no fundo, afirmar e singrar num futuro próximo, seguramente que intervenções com esta valorizam muito a aposta nas energias renováveis e no turismo de qualidade, mas valorizam sobretudo um país que não vira a cara à luta», destacou Bernardo Trindade.
Por outro lado, o secretário de Estado sublinhou que o país está hoje confrontado com uma situação económica muito difícil, com um nível de exposição em termos internacionais inegualável, e «a melhor resposta a esta ameaça internacional é ter uma atitude liderante, que visa reposicionar o país naquilo que todos nós esperamos: ser um país activo, de gente empreendedora e com capacidade de intervenção», referiu.
Presente na cerimónia, o presidente da Câmara Municipal do Porto Santo disse que a ilha está a meio da estratégia delineada há alguns anos e que visa torná-la auto-sustentável em termos energéticos.
«Começámos com as energias eólicas, temos agora as fotovoltaicas e espero que proximamente tínhamos também o biocombustível», disse.


Novo parque inaugurado em Outubro





O administrador executivo da empresa Eneratlântica Energias, S.A, o antigo líder do PSD Luis Marques Mendes, anunciou ontem que o novo parque fotovoltaico da Região, que está a ser construído nos terrenos da Zona Franca Industrial da Madeira, no Caniçal, e que terá três vez mais capacidade do que o parque de 2 Mega Watts ontem inaugurado no Porto Santo, será inaugurado em Outubro deste ano. «Não paramos, não estagnamos. É certo que as dificuldades são grandes, mas a Região e o país precisam não de quem passe a vida a dizer mal, mas de quem faça e tenha coragem», destacou Luis Marques Mendes. O administrador executivo referiu ainda que, apesar de a lei não o exigir, a empresa fez um estudo de impacto ambiental onde foi criado o parque. Sublinhou ainda que houve atenção da empresa para com as indicações da Câmara Municipal e para com as pretensões das populações.



Jornal da Madeira

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