Entrevista a Carlos Pereira
Tornava-se inevitável esta remodelação dos Barreiros...
Não podemos esquecer que o Estádio dos Barreiros tem mais de 50 anos e está ultrapassado, em termos de condições, no tempo. Temos menos espectadores por via dessas deficientes condições, logo temos menos dinheiro. Tudo isto é uma bola de neve que vai crescendo e a qualidade vai diminuindo. O Marítimo vai ficar com uma infra-estrutura moderna e adequada aos tempos que correm, mas também a Região Autónoma da Madeira ficará com uma equipamento digno de ser visto aos olhos do mundo. Sabemos que a nossa e a qualidade das nossas infra-estruturas face ao mediatismo que tem o futebol, são condições importantes também ao nível da promoção da Região. Essa imagem que vai passar para o exterior, será de qualidade, tornando-se muito mais atractivo o destino e até a possibilidade de podermos fazer ligações com possíveis estágios de outras equipas, inter-câmbios e jogos. Vai nos permitir ter uma versão comercial bem diferente da existente até esta altura.
Será inaugurado com algum atraso em relação ao que seria a intenção do Marítimo...
Poderei até dizer que será com grande atraso, mas para nós o atraso, sendo significativo, não será um drama assim tão grande. É evidente que nos irá prejudicar nesta fase do campeonato, mas os benefícios que depois chegarão, irão compensar este atraso.
É expectável que o número de sócios, pagantes, possa aumentar consideravelmente?
Tenho a certeza que sim. Com esta qualidade e com as promoções que vamos fazer em relação às pessoas e ao estádio, as condições que vamos dar, de certeza que vamos voltar a ter aquilo que nós tínhamos. Para que se possa dar mais espectáculo, temos que oferecer melhores condições aos nossos clientes. É isso que iremos concretizar.
Quantos postos de trabalho serão criados?
Nesta altura foram criados 320 postos de trabalho na sua construção. Depois, e com aquilo que ali queremos implementar, creio que no mínimo mais 50 postos de trabalho serão criados. Se nesta altura temos já 119 funcionários no Marítimo...
Quase 170 pessoas... Assusta-o essa responsabilidade do clube perante uma já tão elevado número de lares, atletas, amadores e profissionais à parte?
Não. Porque se sentisse que estava a ter um peso e que iria criar uma grande dificuldade à instituição, não teria aceito e partido para esta remodelação. Se aceitei e tudo fiz para que esta remodelação fosse concretizada é porque tenho forma de poder ultrapassar os problemas. Somos um grupo de dirigentes que andam juntos há imensos anos. Conhecemos a vida empresarial e a vida desportiva e sabemos como rentabilizar os espaços que nos são atribuídos. Porque essa mesma pergunta poderia ter sido posta quando foi construído o Complexo de Santo António. Não é mentira o que vou dizer: esta infra-estrutura é pequena para aquilo que eu queria no início desta obra. Tive muitas dificuldades em fazer compreender às pessoas e às entidades que esta infra-estrutura deveria ter outras valências e deveria conter mais espaços. Se analisarmos em projecto, ou em estudo prévio aquilo que aqui estava, muita gente ficou preocupada e assustada, porque pensava que iríamos aqui criar um “elefante branco”. Não os temos, temos sim um espaço que é frequentado diariamente mais de 1.000 pessoas. Mesmo que em termos financeiros não houvesse retorno, mas ele existe, daríamos a nossa imaginação por bem empregue, porque aquilo que é é útil para a sociedade no Funchal. Vou em conjunto com os meus colegas, com a experiência que nós temos, fazer do Estádio dos Barreiros a mesma situação que hoje nós temos no Complexo de Santo António. A infra-estrutura está preparada para se tiver alguma dificuldade num mês, poder ter o retorno no mês seguinte. O balanço não se faz em um mês, mas sim no balanço acumulado ao longo de um ano. E chegamos sempre ao fim de cada ano com um resultado, que se não for positivo, também não é negativo. Não, definitivamente, não me assusta absolutamente nada.
Nome e cor das cadeiras não serão um problema
Falar do (ainda) actual Estádio dos Barreiros obriga à interrogação sobre a denominação que terá no futuro. Carlos Pereira avisa, desde logo que «não é um assunto incómodo para mim», e passa a explicar: «houve uma má interpretação aquilo que eu denominei de “arena”. “Arena” significa um espaço comercial diário e com muitas valências. É isso que será. O nome, ninguém levará a mal se um dia houver uma empresa que queira lhe chamar, por exemplo, Estádio dos Barreiros, como está agora, barra qualquer coisa, como Banif, BES, Madeira... são possibilidades que temos que admitir. Não o chamaremos nunca é Estádio dos Barreiros/Carlos Pereira, porque eu não tenho suporte financeiro para pagar o nome do estádio». O presidente do Marítimo revela que essa matéria está sendo trabalhada com cuidado, frisando que «há muita intenção da nossa parte para que isso possa vir a acontecer.. Todavia, deixa a ressalva que «é evidente que quem investe também terá a sua palavra sobre o assunto, tem o direito de ser consultado em cada um dos itens que vamos discutindo e alterando».
Mais pacífica será ainda a questão das cores das cadeiras. «Isso nunca será um problema. Vou repetir uma frase que tenho utilizado nos últimos temos: “alguma vez eu traí a Madeira?”. Não me preocupa, absolutamente nada, que o estádio tenha nas suas cadeiras azul e amarelo. Não me violenta em nada. Tenho também a certeza que o bom senso e o equilíbrio das coisas serão privilegiados. Há que entrar em consenso onde toda a gente fique satisfeita com a vertente paisagística do estádio. Tenho a certeza que os arquitectos encontrarão situações convergentes para que se possa ter ali um equilíbrio na situação».
Jornal da Madeira
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